
Duas boas pedidas então:

Saí. Ao passar a praça encontrei uma patrulha.
- Que levas aí?
A noite era muito alta: talvez me cressem um ladrão.
- É minha mulher, que vai desmaiada...
- Uma mulher? Mas, essa roupa branca e longa? Serás, acaso, roubador de cadáveres?
Um guarda aproximou-se. Tocou-lhe a fronte: era fria.
- É uma defunta
Cheguei meus lábios aos dela. Senti um bafejo morno. - Era a vida, ainda."
A noite era muito alta: talvez me cressem um ladrão.
- É minha mulher, que vai desmaiada...
- Uma mulher? Mas, essa roupa branca e longa? Serás, acaso, roubador de cadáveres?
Um guarda aproximou-se. Tocou-lhe a fronte: era fria.
- É uma defunta
Cheguei meus lábios aos dela. Senti um bafejo morno. - Era a vida, ainda."
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“Nos mesmos lábios onde suspirava a monodia (canto uníssono) amorosa, vem a sátira que morde” . Assim o próprio Álvares de Azevedo define sua obra, dividindo-a em duas facetas uma de confessionalismo amoroso juvenil e outra de ironia e sarcasmo.
A obra se divide em três partes. A primeira e a terceira parte da obra são marcadas pelo sentimentalismo e pelo egocentrismo típicos de sua geração. Em textosa como Sonhando e O Poeta, o eu-lírico idolatra virgens pálidas em uma atmosfera de delírio e suavemente sensual. Ainda nessa primeira parte, poemas como Lembrança de morrer e Saudades, o poeta aborda com seriedade a temática da morte.
“Cuidado, leitor, ao virar esta página!”: a segunda parte revela um poeta mórbido e sarcástico, capaz de tratar de assuntos mais mundanos e explícitos. Aqui o poeta é capaz de ironizar inclusive a si próprio. Destaque para É ela! É ela! É ela! É ela!, em que o eu-lírico revela sua paixão pela lavadeira; Namoro a Cavalo, em que o poeta trata das dificuldades por que passa o namorado para encontrar sua namorada que mora longe; e a auto-piedade em Idéias Íntimas.
A obra se divide em três partes. A primeira e a terceira parte da obra são marcadas pelo sentimentalismo e pelo egocentrismo típicos de sua geração. Em textosa como Sonhando e O Poeta, o eu-lírico idolatra virgens pálidas em uma atmosfera de delírio e suavemente sensual. Ainda nessa primeira parte, poemas como Lembrança de morrer e Saudades, o poeta aborda com seriedade a temática da morte.
“Cuidado, leitor, ao virar esta página!”: a segunda parte revela um poeta mórbido e sarcástico, capaz de tratar de assuntos mais mundanos e explícitos. Aqui o poeta é capaz de ironizar inclusive a si próprio. Destaque para É ela! É ela! É ela! É ela!, em que o eu-lírico revela sua paixão pela lavadeira; Namoro a Cavalo, em que o poeta trata das dificuldades por que passa o namorado para encontrar sua namorada que mora longe; e a auto-piedade em Idéias Íntimas.
Soneto
Pálida à luz da lâmpada sombria,
Sobre o leito de flores reclinada,
Como a lua por noite embalsamada,
Entre as nuvens do amor ela dormia!
Era a virgem do mar, na escuma fria
Pela maré das águas embalada!
Era um anjo entre nuvens d'alvorada
Que em sonhos se banhava e se esquecia!
Era mais bela! o seio palpitando
Negros olhos as pálpebras abrindo
Formas nuas no leito resvalando
Não te rias de mim, meu anjo lindo!
Por ti - as noites eu velei chorando,
Por ti - nos sonhos morrerei sorrindo!
Sobre o leito de flores reclinada,
Como a lua por noite embalsamada,
Entre as nuvens do amor ela dormia!
Era a virgem do mar, na escuma fria
Pela maré das águas embalada!
Era um anjo entre nuvens d'alvorada
Que em sonhos se banhava e se esquecia!
Era mais bela! o seio palpitando
Negros olhos as pálpebras abrindo
Formas nuas no leito resvalando
Não te rias de mim, meu anjo lindo!
Por ti - as noites eu velei chorando,
Por ti - nos sonhos morrerei sorrindo!
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