domingo, 2 de março de 2008

Aos colegas professores de Língua e Literatura

Nosso componente curricular de Literatura deve buscar, fundamentalmente, a formação de cidadãos-leitores, capazes de uma interação crítica com a realidade que os cerca. Trata-se, portanto, de um grande desafio, uma vez que temos nos deparado cada vez mais com o desinteresse dos jovens, de modo geral, pela leitura. Esse desinteresse reflete sua inserção em uma cultura de consumo instantâneo; individualista, mas ao mesmo tempo, e paradoxalmente, de massas. Assim, os bens culturais de que nossos alunos dispõem, via de regra, são aqueles que se recebem prontos, acabados, acessíveis a todos sem a exigência de qualquer mediação intelectual. A leitura constitui, pois, um espaço de reafirmação do indivíduo contra o processo de massificação bem como de realização do sujeito como ser social, depositário das experiências da coletividade. Para que possamos conduzir o aluno à conquista desse espaço, planejamos um primeiro encontro em que o objetivo consiste justamente no resgate da linguagem como fator elementar para a realização humana. Para isso, iremos propor um diálogo a partir de algumas provocações:

a) O que é a linguagem?

b) Existe uma linguagem animal?

c) A linguagem é uma propriedade inata do ser humano?

d) Como se deu o surgimento dessa propriedade?

A partir do debate, faremos uma breve exposição sobre o processo de hominização, demonstrando a importância fundamental da linguagem na construção do ser humano enquanto tal. Será desenvolvida uma reflexão sobre o poder que atribuímos à palavra ao longo da história: evocar algo que não está ao alcance dos sentidos recriando a realidade pretérita ou criar uma nova realidade com o uso dessa faculdade.Assim, procuraremos demonstrar que somos ao mesmo tempo produtores e produto dessa linguagem, ou seja: a linguagem deve ser percebida também como um instrumento de poder. Nesse ponto poderemos discutir os diversos níveis de linguagem, entre eles as variantes utilizadas no cotidiano do jovem, como as gírias e a linguagem abreviada da comunicação virtual.* Aqui se faz necessário um questionamento: “As novas formas de comunicação e entretenimento podem substituir a Literatura?”.Por fim, encerraremos nosso debate buscando conceituar a Literatura, relacionando-a às diversas linguagens que permeiam nosso dia-a-dia, esclarecendo seu poder na formação cultural do indivíduo e, consequentemente, no enriquecimento de suas possibilidades de interação crítica frente à realidade que o rodeia.

Bom trabalho para todos nós!

*Um bom texto de apoio para a reflexão é "Salvem as Vogais", de Martha Medeiros.

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