quinta-feira, 23 de junho de 2016

RESUMOS VESTIBULAR UFSC 2017 - QUARENTA DIAS, DE MARIA VALÉRIA REZENDE

RESUMO DE QUARENTA DIAS, DE MARIA VALÉRIA REZENDE




AUTORA: MARIA VALÉRIA REZENDE
PUBLICAÇÃO: 2014
LITERATURA CONTEMPORÂNEA
LIVRO VENCEDOR DO PRÊMIO JABUTI (MAIOR PREMIAÇÃO LITERÁRIA DO BRASIL) EM 2015

ESTRUTURA
O livro é narrado em 1ª pessoa pela professora aposentada Alice, que, obrigada pela filha, sai de João Pessoa-PB para Porto Alegre-RS, com a missão de cuidar do neto que iria nascer. De forma inesperada, Alice se vê sozinha em uma cidade desconhecida e passa a perambular pelas ruas da capital gaúcha, numa jornada que dura quarenta dias.
Depois da vivência, a narradora-protagonista faz da escrita um “desabafo” em um caderno escolar com a personagem Barbie na capa. O livro que estamos lendo seria esse caderno “passado a limpo”, acrescido de citações de livros colhidas em sebos, panfletos e papéis colhidos na rua.  
Assim, o livro de 245 páginas se divide em 32 capítulos, apresentando 4 elementos recorrentes:

a)      Epígrafes: Citações feitas na abertura de cada capítulo. São frases retiradas de livros que a protagonista folheava em sebos durante suas andanças por Porto Alegre. São referidos trechos de escritores como o obscuro Augusto dos Anjos, os modernistas Carlos Drummond, Mário de Andrade e Lêdo Ivo; a contemporânea Elvira Vigna (autora de Vitória Valentina); a portuguesa Lídia Jorge; a alemã Herta Müller; e o britânico Lewis Carroll, autor de Alice no País das Maravilhas. Naturalmente, as citações se encaixam em cada momento do relato.   

b)      Interlocuções com Barbie: Na abertura e/ou no encerramento da maior parte dos capítulos (não em todos), a narradora se dirige à Barbie. A solidão da narradora, que, sem ter com quem partilhar suas agruras, passa a imaginar a boneca Barbie da capa de seu caderno como confidente. A “conversa” de Alice com Barbie é pontuada pela ironia, evidenciando um ponto de vista crítico sobre a superficialidade da sociedade de consumo (observe as expressões em língua inglesa, como “my dear”) e sobre os papéis conferidos à mulher nessa sociedade: a passividade (característica que Alice descobre em si mesma e supera ao longo de sua jornada), a obsessão pela aparência estereotipada (Alice se desapega do visual quando mergulha no submundo das ruas; por outro lado, a filha fazia dietas e decorava ambientes de acordo com a “moda”.)  

c)       Ilustrações: Ao longo do livro, entremeando alguns capítulos, temos 16 ilustrações que reproduzem pedaços de papel onde a narradora fez suas anotações durante os quarenta dias. São panfletos, folders, notas, comandas, que ficam como resíduo e comprovação da jornada de Alice.
d)      A narração: Alice despeja em seu caderno suas impressões sobre a vida; alguns flashbacks sobre a Paraíba e sobre a relação com a filha; e, principalmente, o relato da jornada de quarenta dias nas ruas de Porto Alegre. É importante atentar para a diferença entre o momento da narração (o ato de contar a história) e o momento do narrado (quando os fatos contados já são passado).

INTERTEXTUALIDADE
Além das epígrafes já mencionadas, o texto de Maria Valéria Rezende produz duas fortíssimas relações de intertextualidade:
a)      “Alice no País das Maravilhas”: Na famosa obra de Lewis Carroll, uma garota chamada Alice que cai em uma toca de coelho e é transportada para um mundo fantástico, repleto de criaturas extraordinárias, em uma atmosfera onírica (de sonho). A relação da obra de Maria Valéria Rezende com o clássico de Carroll chega a ser explicitada pela própria narradora, que se refere várias vezes à sua “xará” e nos conta sobre sua sensação de “encolhimento” (assim como ocorre com a menina das Maravilhas)

“Quando Umberto embicou o carro num portão, diante de um prédio qualquer daquela cidade nenhuma, acionou um controle remoto e entrou, parando ao lado de uma guarita, encolhi-me ainda mais, Alice diminuindo, diminuindo…»
[...]
“… acordei logo cedo, disposta a deixar pra lá o ressentimento, ser realista, encarar as coisas como eram agora, como gente grande, voltar ao meu tamanho normal…”

O nome da heroína se soma à ideia de um “mergulho” em outra realidade: o choque cultural entre a nordestina e o sul; e a imersão por quarenta dias no submundo da miséria, da exclusão social, da mendicância e da loucura. Assim, “Quarenta Dias” é como “Alice no País das Maravilhas” às avessas, e esse caráter de paródia se pode observar na expressão usada pela relatora: “País das maravilhas cruéis”.

b)      “Poliana” e “Poliana Moça” (Eleanor H. Porter): Poliana era uma pobre órfã criada por uma tia rica e severa. Sua trajetória de superação se baseia no “jogo do contente”, aprendido com o falecido pai: a busca de um sentido positivo para tudo, mesmo nas situações mais adversas. “Poliana Moça” é a continuação da história, quando, já crescida, a heroína vai para uma cidade grande (Boston) e fica hospedada na casa de uma senhora depressiva. Poliana descobre que a tristeza da mulher se devia ao fato de ela ter um sobrinho desaparecido. Bondosa, a mocinha tenta encontrar o garoto.

Repare que Alice, ao longo do livro faz referências a si mesma como a “professora Póli”* (polivalente, “boazinha”, “certinha”). Sua tentativa de agir com otimismo diante da filha é chamada pela narradora de “jogo do contente”. Além disso, ao longo da trama, Alice acaba se envolvendo na busca por Cícero, filho desaparecido de uma conhecida da Paraíba.

*A denominação “Póli” também pode ser uma brincadeira, construindo uma oposição Polly (mais simples e ingênua) x Barbie (mais sedutora, consumista, brinquedo de menina rica). Poderíamos pensar na oposição entre Alice x Norinha, respectivamente. 

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LIVRO DE RESUMOS UFSC/ACAFE/UDESC 2017



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