quinta-feira, 30 de abril de 2009

Furg deve aderir ao novo vestibular


A Fundação Universidade do Rio Grande (Furg) deverá aderir à mudança do processo seletivo para ingresso na universidade por meio do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).

A nova medida deve ser aplicada a partir do próximo vestibular e foi discutida ontem, em um seminário que reuniu a comunidade universitária. O conselho da instituição deve formalizar na próxima semana a adesão ao novo modelo.

Na reunião de ontem, com cerca de 500 pessoas, foram discutidas as políticas de ingresso à universidade que serão adotadas, além das vantagens e desvantagens do novo processo. Segundo a pró-reitora de Graduação da Furg, Cleusa Sobral Dias, a maioria da comunidade universitária apoia a mudança.

– O posicionamento de grande parte dos participantes do seminário foi de que a Furg participe da proposta do MEC. Só não definimos ainda a forma de adesão.

Caso seja escolhido o modelo parcial, a universidade pode optar pelo Enem como primeira fase da seleção ou como um percentual na avaliação. No último vestibular, 11 mil estudantes disputaram 2 mil vagas na Furg. O curso mais procurado foi o de Medicina.

Texto extraído do jornal Zero Hora (Ed.30 de abril de 2009)

Língua estrangeira está fora do vestibular unificado

A primeira edição do vestibular unificado não terá prova de língua estrangeira. A matriz para a elaboração da prova da disciplina não está pronta, e o prazo é insuficiente para a sua realização, segundo o presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), Reynaldo Fernandes. A decisão vale apenas para este ano e afeta a seleção das universidades que aderirem ao novo Enem.

“Na segunda edição, em 2010, vamos incluir as matérias”, afirmou Fernandes na manhã de quarta-feira, 29 de abril, durante seminário sobre o vestibular unificado realizado na Universidade de Brasília. Sociologia e Filosofia também ficarão fora do exame. O Inep será o responsável pela elaboração e realização do novo Enem. A decisão, porém, ainda não chegou às instituições que aderiram à proposta do Ministério da Educação.

"É uma limitação, saber uma língua estrangeira é importante no mundo moderno e a disciplina é aferida nas seleções das universidades", afirmou o secretario executivo da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior, Gustavo Balduíno. "No vestibular da UFSC, por exemplo, há seis opções." Balduíno foi informado da decisão pela UnB Agência. "O processo está em discussão, espero que isso seja revisto", disse.

Uma seleção para universidade sem língua inglesa representa um retrocesso, segundo a decana de Ensino e Graduação da UnB, Márcia Abrahão. Ela acredita que a decisão pode atrapalhar na adesão das instituições ao processo. O Conselho de Ensino Pesquisa e Extensão vai deliberar sobre a participação da UnB no vestibular unificado no dia 7 de maio.

A qualidade da seleção sofrerá perdas, na opinião da presidente do Sindicato dos Estabelecimentos Particulares de Ensino do Distrito Federal, Amábile Pacios. "Não vamos mais fazer uma seleção do mesmo nível. Estamos sucateando o processo", criticou. Para Amábile, é difícil imaginar uma prova de vestibular sem língua estrangeira, uma vez que a disciplina é obrigatória na grade das escolas.

Inglês, Filosofia e Sociologia não estarão na prova do novo Enem por falta de tempo para preparar a matriz das avaliações. O Inep utilizará na elaboração da primeira edição do vestibular unificado a matriz do Encceja, Exame Nacional para Certificação de Competências de Jovens e Adultos. E as três disciplinas não são cobradas nesse exame.

De acordo com técnicos do Centro de Seleção e Promoção de Eventos da UnB, a elaboração de uma matriz exige tempo para discutir com um grupo de profissionais o conteúdo para medir os conhecimentos dos alunos sobre a disciplina.

As provas do Enem deverão, ainda, passar por pré-testes, antes da aplicação. O novo Enem deve ser realizado nos dias 3 e 4 de outubro e, mesmo diante de insistentes pedidos de reitores para adiar a data, Fernandes diz que o prazo será mantido. “Muitas instituições utilizarão o Enem como primeira fase, precisaremos divulgar o resultado em tempo hábil para a segunda etapa”, explicou.

A expectativa é que 4 milhões de pessoas façam o exame. Todas as redações serão corrigidas, uma vez que a prova tem o intuito de avaliar o ensino médio e não só selecionar para as universidades.
UnB Agência

quarta-feira, 29 de abril de 2009

Vestibular: Andifes apoia novo Enem, mas não fecha questão sobre sistema unificado

O Globo

BRASÍLIA - A Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes) divulgou nota nesta quarta-feira declarando apoio a proposta apresentada pelo Ministério de Educação, que consiste em quatro opções para utilização do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem): optar pela seleção unificada; usar o exame como a primeira fase do processo seletivo; combinar o resultado da prova com outro processo seletivo e estabelecer uma média definitiva; e usar o Enem apenas como o critério de preenchimento das vagas ociosas, que sobram dos vestibulares. (Veja também: Andifes apoia novo Enem, mas não fecha questão sobre sistema unificado)

A Andifes anuncia intenção de participar do novo processo seletivo, "respeitando a autonomia, diversidade e especificidades regionais". Ou seja, não fecha questão sobre o sistema unificado para o vestibular.

Leia a nota na íntegra:

"Posição da Andifes frente ao novo Enem

O Conselho Pleno da Andifes (Associação Nacional dos Dirigentes de Instituições Federais de Ensino Superior), reunido nesta data em sua sede em Brasília, considerando que:

. A Universidade constitui horizonte de todo o sistema de ensino, possuindo enorme potencial de transformação estrutural para os demais níveis de educação.

. O atual modelo de seleção para acesso às universidades federais, apesar do contínuo esforço de aperfeiçoamento pelas instituições, ainda apresenta limites e insuficiências que constituem obstáculos para maior inclusão de amplos segmentos da sociedade.

. O Sistema Federal, nos últimos anos, tem experimentado grande expansão e alcançou maturidade, recuperando protagonismo, revalorizando sua presença no cenário educacional e renovando suas estruturas e práticas acadêmicas.

. A proposta apresentada pelo MEC para renovação das formas de acesso, com o Novo ENEM, foi enriquecida com as numerosas contribuições das instituições federais de ensino superior.

Manifesta-se no sentido de:
I- Apoiar a iniciativa do MEC no esforço de superação do atual modelo seletivo de acesso à educação superior.

II- Anunciar sua intenção de participar do novo modelo de processo seletivo, respeitando a autonomia, diversidade e especificidades regionais, adotando alguma das opções apresentadas pelo MEC a partir das respectivas realidades institucionais.

III-Reafirmar sua posição de que a contribuição crítica, com a participação das comunidades universitárias e da sociedade de cada região, é fator importante para avanço e aperfeiçoamento do processo.

A presente manifestação confirma as conquistas já alcançadas em termos de expansão, reestruturação e interiorização da educação superior no Brasil.

Brasília, 28 de abril de 2009."

Texto do site do jornal O Globo

FURG discute formas de ingresso

A comunidade universitária discute nesta quarta-feira as políticas de ingresso na Universidade Federal do Rio Grande-FURG. Participam da discussão todas as unidades da Instituição, conselheiros do Conselho Universitário-Consun e do Conselho de Ensino, Pesquisa, Extensão e Administração-Coepea, além de entidades representativas.

O seminário inicia às 14h, no Cidec-Sul, Campus Carreiros, como primeiro passo na decisão conjunta de adesão à proposta do Ministério da Educação de unificação do processo seletivo das instituições federais de ensino superior, em substituição aos atuais vestibulares, com a aplicação do novo Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).

*Texto extraído do site da FURG

terça-feira, 28 de abril de 2009

Literatube: Palestra - Literatura: a reinvenção do tempo (Affonso Romano de Sant'Anna)

Literatura e Filosofia:
Palestra do professor, escritor e poeta Affonso Romano de Sant'Anna durante o seminário A Construção do Tempo, ocorrida em 25 de setembro de 2000, no Planetário, Rio de Janeiro




Parte 2
Parte 3
Parte 4
Parte 5
Parte 6
Parte 7

Ao menos 25 das 55 federais devem adotar o novo Enem

*PABLO SOLANO
AFONSO BENITES
da Agência Folha

Ao menos 25 das 55 universidades federais deverão usar o novo Enem (Exame Nacional do Ensino Médio), previsto para outubro, como forma de seleção de seus alunos. Dessas, 14 tendem a utilizar somente o Enem para selecionar os estudantes. É o que mostra levantamento da Folha.

Essa é uma das quatro alternativas para o novo Enem estabelecidas pelo MEC. As outras são: usar o exame como primeira fase da seleção (escolha feita por três universidades); usar a nota na prova para atribuir um percentual na avaliação final dos candidatos (opção de cinco delas); e usá-lo para preencher vagas remanescentes (escolha da UFSM, no RS).

Outras duas optaram por um misto das alternativas. A Unifesp usará o Enem para todos os cursos, mas alguns poderão fazer segunda fase. E a UFBA fará vestibular para alguns cursos e só Enem para outros. Nas 25 universidades, serão disputadas ao menos 80 mil vagas.

O prazo final para adesão ao novo Enem é 8 de maio. Um encontro do MEC com reitores das federais, em Brasília, discute o sistema unificado de seleção. O evento termina hoje.

O novo Enem terá 200 questões, sobre quatro áreas de conhecimento (linguagens e códigos, ciências humanas, ciências da natureza e matemática). A prova será em dois dias.

As decisões de aderir ou não ao novo Enem deverão ser tomadas pelas universidades após o encontro. O levantamento da Folha mostra que a proposta do MEC teve boa aceitação, afirma Reynaldo Fernandes, presidente do Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira).

Preocupações

As reitorias estão realizando reuniões conjuntas para discutir os impactos da proposta. Em Minas Gerais, onde há 11 federais, por exemplo, o Fórum das Comissões de Processos Seletivos se preocupa com uma "fuga de cérebros" para universidades com mais prestígio.

Há preocupação ainda com um fenômeno inverso --a migração de estudantes de grande centros para regiões mais pobres. Assim, haveria menos vagas para os alunos locais nos cursos mais concorridos.

"Provavelmente estes jovens retornarão, após graduarem-se, aos seus Estados de origem, comprometendo o desenvolvimento econômico e social das regiões mais carentes", afirma o reitor da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), Ronaldo Tadeu Pena.

O novo Enem permite que os estudantes concorram em até cinco universidades. Na inscrição, o aluno terá que ordenar suas preferências. Quem colocar um curso como primeira opção terá prioridade, mesmo com nota menor, sobre outro que escolha o mesmo curso como segunda opção e não seja aprovado na primeira escolha.

Para o presidente do Inep, a mobilidade é positiva.

Texto extraído da Folha Online

segunda-feira, 27 de abril de 2009

Universidade Tecnológica Federal do Paraná adotará Enem no vestibular 2010

A UTFPR (Universidade Tecnológica Federal do Paraná) vai adotar o novo Enem no vestibular em 2010. Na última sexta-feira (24), os 22 membros do Conselho Universitário aprovaram a proposta por unanimidade.

A instituição passará a utilizar apenas a nota do Enem para selecionar seus alunos, em todos os seus cursos de graduação e em todos os campi. A medida entrará em vigor para o vestibular de verão 2010. O de inverno de 2009, cujas inscrições se iniciam nesta segunda-feira (27), permanece sem alterações.

Pelo sistema de seleção unificado, as instituições enviam a relação de seus cursos e o número de vagas oferecidas ao Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais). As vagas seriam automaticamente preenchidas pelos estudantes com a nota de classificação do novo Enem.

"O sistema de seleção unificado tende a trazer melhorias em diversos setores da sociedade. Os estudantes serão beneficiados, pois têm a possibilidade de escolher cinco cursos, na própria universidade ou em universidades diferentes, se for o caso", afirmou o reitor da UTFPR, Carlos Eduardo Cantarelli.

Texto extraído do portal UOL

domingo, 26 de abril de 2009

Escolas Literárias: Romantismo


Contexto: (séc. XIX)
Europa: Rev. Industrial; Rev. Francesa; Era Napoleônica.
Brasil: Chegada da Família Real; Independência; D. Pedro I.

Marco Inicial no Brasil: Suspiros Poéticos e Saudades, de Gonçalves de Magalhães (1836).

O Romantismo nasceu na Alemanha e na Inglaterra e, depois de chegar à França, espalhou-se por toda a Europa. Suas origens estão diretamente relacionadas às profundas transformações políticas, econômicas e sociais operadas com a derrubada do Antigo Regime e a solidificação da burguesia como classe hegemônica. Como expressão de um momento turbulento da história, não se pode esperar que o movimento romântico seja uniforme e equilibrado. Ao contrário, ele acompanha a revolução política, como uma verdadeira revolução cultural.

Características e Temas Gerais

O conceito de Romantismo é algo presente, ainda que de forma intuitiva, em todos nós. Em nossa cultura pós-moderna, associamos o Romantismo a atitudes sentimentalistas, à supervalorização do amor. Essa, no entanto, é apenas uma das facetas do Romantismo, cujos valores percebemos até hoje, nas sociedades pós-modernas, afinal, vivemos em uma cultura individualista burguesa, que se consolidou a partir do final do século XVIII.
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Atenção:
Romantismo ≠ romantismo


Romantismo é o nome próprio de um estilo de época, (para nós, da escola literária), um sistema de valores historicamente situado entre o final do século XVIII e a primeira metade do século XIX.
Como já constatamos, o Romantismo burguês ainda influencia a cultura de nossos tempos. Daí, podemos dizer que romantismo (com ‘r’ minúsculo), designa uma forma de comportamento marcada pela emotividade, pelo sentimentalismo, pela fantasia.
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O capitalismo burguês pressupõe a liberdade individual (cidadania e livre iniciativa) como base para a fundação de uma nova ordem (Estado Moderno-nacionalismo). Isso se reflete na arte romântica: na poesia, o eu-lírico volta-se para si mesmo (individualismo e subjetividade), para as suas emoções e sentimentos (sentimentalismo). Assim, não há espaço para a rigidez formal, para a reprodução de padrões clássicos, mas apenas para a liberdade de criação do indivíduo em sua originalidade.

Observe a afirmação dessas concepções no prefácio de Suspiros Poéticos e Saudades, de Gonçalves de Magalhães:

“Quanto à forma [...] nenhuma ordem seguimos; exprimindo as idéias como elas se apresentam, para não destruir o acento da inspiração...”

A instituição de uma nova ordem social se reflete na idealização da realidade. O indivíduo idealizado é alçado à condição de herói.

Mas há também a outra face do Romantismo: as classes decadentes do antigo regime e, mais tarde a pequena burguesia, usada para a tomada do poder, extravasam seu descontentamento. O eu oprimido pela brutalidade das transformações sociais, frustrado com sua condição vivencia o que se convencionou chamar Mal do Século. O tédio conduz alguns poetas à morbidez e à náusea. Daí resulta um forte tendência à evasão (escapismo), que busca no sonho, na loucura, em paisagens fantásticas (a natureza não é mero cenário, acompanha os sentimentos do artista), no passado remoto, na infância ou até na morte, a fuga dessa realidade opressora. A própria supervalorização do amor, e a conseqüente idealização da mulher, podem constituir uma negação aos valores mercantis da sociedade burguesa.

sábado, 25 de abril de 2009

Noções Básicas de Literatura: Texto Literário e Texto não-Literário

1. Fundamentos da Literatura

A Literatura é uma manifestação artística. Trata-se, portanto, de uma representação da realidade, inventada por seu autor. Essa invenção, por sua vez, acaba se constituindo como um novo universo, do qual tomam parte os leitores.


Autopsicografia

O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.

E os que lêem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.

E assim nas calhas de roda
Gira a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama o coração.


(Fernando Pessoa)

Se fosse da natureza do homem o não ser ele mais do que um indivíduo, o desejo da arte (ler livros, ir ao teatro ou ao cinema, etc.) seria absurdo e incompreensível. Esse desejo do homem de se desenvolver e completar indica que ele é mais que um indivíduo. Sente que só pode atingir a plenitude se apoderar-se das experiências alheias que potencialmente poderiam ser dele. E o que todo homem sente como potencialmente seu inclui tudo aquilo de que a humanidade, como um todo, é capaz. (Ernst Fischer)

A essência da arte literária está na palavra. Observe:

1- Os homens normalmente sentem saudades de sua infância

2- Eu tenho saudades da minha infância.

3-
Oh! Que saudades que tenho
Da aurora de minha vida,
Da minha infância querida
Que os anos não trazem mais!

Os três textos abordam o mesmo tema, mas o fazem de formas diferentes. O primeiro texto, ao contrário dos demais, generaliza um sentimento comum. O segundo, ainda que confira um caráter pessoal a esse sentimento, apenas se limita a fazer uma constatação. Já o autor do terceiro texto (Casimiro de Abreu) utiliza todas as possibilidades expressivas da linguagem (ênfase, metáfora, repetições, ritmo) para provocar o mesmo sentimento no leitor. Percebemos então o seguinte: nos textos literários há uma conexão interdependente entre "o que se diz" (o assunto/tema do texto) e o "como se diz" (a forma como o texto é dito).

* TEXTO LITERÁRIO – Texto com função estética, que explora diferentes recursos lingüísticos e estilísticos para produzir um efeito artístico. Predomina, portanto, o sentido conotativo (figurado), aquele que permite interpretações diferentes do sentido literal da palavra. Exemplos: a letra de uma canção, um poema, uma narrativa ficcional, entre outros.
* TEXTO NÃO-LITERÁRIO – texto com mera função utilitária (informativa, argumentativa, científica, entre outras). Aqui temos o predomínio do sentido denotativo (literal), em que a palavra é tomada em seu significado básico. Exemplos: O manual de instruções de um eletrodoméstico, uma notícia de jornal, entre outros.

A partir da riqueza de significados do texto literário, podemos constatar o fenômeno da POLISSEMIA (multiplicidade de significados). Observe a última estrofe do poema Profundamente, de Manuel Bandeira.

[...]
Quando eu tinha seis anos
Não pude ver o fim da festa de São João
Porque adormeci.

Hoje não ouço mais as vozes daquele tempo
Minha avó
Meu avô
Totônio Rodrigues
Tomásia
Rosa
Onde estão todos eles?

- Estão todos dormindo
Estão todos deitados
Dormindo
Profundamente.


A expressão 'dormindo profundamente' adquire um significado diferente do convencional (referente ao sono), aludindo, de maneira sutil, à morte (eis o uso conotativo da palavra). Temos aqui uma figura de linguagem chamada "Eufemismo", que estudaremos mais adiante.

Quanto à forma, o texto literário pode se apresentar em prosa ou verso. O texto em prosa se organiza de forma linear, em parágrafos, compostos de orações e períodos, como o parágrafo que você está lendo agora. Os poemas, por sua vez, se estruturam em versos (cada uma das linhas do poema) e estrofes (conjunto de versos), como vimos em "Profundamente", de Bandeira.

TESTES

*Selecionamos duas questões do ENEM para você, com gabarito no final do post.

1. Questão (ENEM): Érico Veríssimo relata, em suas memórias, um episódio da adolescência que teve influência significativa em sua carreira de escritor.

Lembro-me de que certa noite . eu teria uns quatorze anos, quando muito . encarregaram-me de segurar uma lâmpada elétrica à cabeceira da mesa de operações, enquanto um médico fazia os primeiros curativos num pobre-diabo que soldados da Polícia Municipal haviam carneado.. (...) Apesar do horror e da náusea, continuei firme onde estava, talvez pensando assim: se esse caboclo pode agüentar tudo isso sem gemer, por que não hei de poder ficar segurando esta lâmpada para ajudar o doutor a costurar esses talhos e salvar essa vida? (...)
Desde que, adulto, comecei a escrever romances, tem-me animado até hoje a idéia de que o menos que o escritor pode fazer, numa época de atrocidades e injustiças como a nossa, é acender a sua lâmpada, fazer luz sobre a realidade de seu mundo, evitando que sobre ele caia a escuridão, propícia aos ladrões, aos assassinos e aos tiranos. Sim, segurar a lâmpada, a despeito da náusea e do horror. Se não tivermos uma lâmpada elétrica, acendamos o nosso toco de vela ou, em último caso, risquemos fósforos repetidamente, como um sinal de que não desertamos nosso posto..
VERÍSSIMO, Érico. Solo de Clarineta. Tomo I.
Porto Alegre: Editora Globo, 1978.

Neste texto, por meio da metáfora da lâmpada que ilumina a escuridão, Érico Veríssimo define como uma das funções do escritor e, por extensão, da literatura,
a) criar a fantasia.
b) permitir o sonho.
c) denunciar o real.
d) criar o belo.
e) fugir da náusea.


2. Questão (ENEM)

Texto I
O tempo passa, e com ele os fatos que constituem as experiências humanas. Isto não significa que sejam esquecidas: tudo pode se conservar enquanto memória afetiva ou aprendizado.

Texto II
O vento varria os meses
E varria os teus sorrisos...
O vento varria tudo!
E a minha vida ficava
Cada vez mais cheia
De tudo.

(Manuel Bandeira)


É correto afirmar que
a) o texto I é mais objetivo que o II, além de ter um ritmo mais marcado.
b) esses textos consideram a passagem do tempo de perspectivas opostas.
c) o texto II vale-se de sonoridades que dotam sua linguagem de intenção expressiva.
d) o texto II perde, por sua subjetividade, o poder de expressar uma convicção sobre o tempo que passou.
e) esses textos adotam formas diferentes de linguagem com o mesmo objetivo de informação.

Respostas: 1-C 2-C

sexta-feira, 24 de abril de 2009

UFCSPA adere ao novo Enem


Instituição é a terceira gaúcha a aprovar a proposta do MEC

Lucia Pires | lucia.pires@zerohora.com.br

Com 38 votos a favor e uma abstenção, o conselho superior da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA) adotou a nova prova do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) como única forma de acesso. A instituição é a terceira universidade gaúcha a aprovar a proposta do Ministério da Educação (MEC) que pretende unificar o vestibular em todo o país. O sistema passa a valer para o processo seletivo de 2010.

As federais de Pelotas (UFPel) e do Pampa (Unipampa) também confirmaram a participação. A prova do Enem será aplicada nos dias 3 e 4 de outubro, com 200 questões e uma redação. A UFCSPA oferece 368 vagas para oito cursos da área da saúde, entre eles o de Medicina, avaliado pelo MEC como o 1º no Estado e 2º no país.

Texto extraído do portal ClicRbs

Situação Atual da UFPel: Exigimos Respeito!

EXIGIMOS RESPEITO! A Universidade goza de um orçamento superior ao do município de Pelotas e não pode ser tratada como propriedade particular de nenhum administrador. Tudo o que se faz a respeito da UFPel deve ser discutido com a comunidade. É temerária a forma como a universidade vem sendo conduzida e o descrédito que vem recaindo sobre essa instituição vital para o desenvolvimento da nossa região.

Hoje, a UFPel está beirando o caos: as aulas do ano letivo 2009 iniciaram em 13 de ABRIL!!! Motivo? A UFPel não realizava concurso público para a contratação de pessoal, terceirizando a mão de obra contratada junto a uma suspeita "Fundação". O Ministério Público entendeu que a universidade estava burlando a lei para contratar quem quisesse sem a necessidade de concurso e exigiu a demissão do pessoal. Resultado: Universidade sem porteiros, faxineiros, bibliotecários, sem quaisquer condições de funcionamento.

Além disso, no mesmo jogo de interesses em que o MEC cooptou a Reitoria para o 'novo vestibular', oferecendo benefício$$ em troca da adesão irrestita da universidade ao ENEM, há a política de "enturmação" proposta pelo ministério: triplicar o número de vagas, reduzir o número de professores e mudar currículos para juntar turmas e aglomerá-las em galpões. É assim que o governo melhora as suas estatísticas e promete universidade para todos.

Mas que universidade é essa? De que adianta univesalizar o acesso ao ensino superior se ele é uma farsa??? Turmas sem professores, cursos sem prédios (reformas e compras mirabolantes, mas estamos sem salas de aula).

Que Universidade é essa?

*Cursos, escolas e grupos de estudantes estão organizando atos de protesto contra essa situação. Informe-se, mobilize-se e lute por uma universidade democrática e de qualidade!

UFCSPA acena com a adesão ao Enem


Instituição deve aprovar hoje a prova nacional como forma única de seleção de novos alunos

Lúcia Pires | lucia.pires@zerohora.com.br

O novo Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) deverá se transformar na única forma de ingresso na Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA). A votação da proposta ocorre hoje, às 10h, no conselho superior da instituição. Se for aprovada, a universidade será a terceira federal do Estado a aderir ao sistema unificado de ingresso no Ensino Superior no Estado.

Ao defender a proposta de adesão ao Enem, a reitora da UFCSPA, Míriam da Costa Oliveira, apresentará um conjunto de argumentos aos conselheiros. O primeiro deles é a expectativa de submeter os futuros alunos a uma prova bem elaborada, executada e aplicada por órgão competente. Ela considera ainda que a prova preservará o mérito do estudante e será valorizada pelo caráter nacional da concorrência.

Entre os pontos positivos do sistema unificado proposto pelo MEC, Míriam inclui ainda a economia de tempo e dinheiro que a universidade terá na execução do processo. Desde 2006, quando a UFCSPA passou a realizar vestibular próprio – depois de 32 anos selecionando alunos por meio do vestibular da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) – precisou contratar quatro empresas especializadas (uma licitação por ano) e anulou 21 questões, 12 deles só no segundo vestibular.

– Essa questão não é a mais importante, mas, para nós, as licitações são obrigatórias e nos consomem emocionalmente, pois precisamos ter um concurso de qualidade – diz.

Diante de cerca de 60 membros dos conselhos Universitário (Consun) e de Pesquisa e Extensão (Consepe), a reitora, eleita em maio de 2008 com 90% dos votos, está preparada para discutir também preocupações que considera “inerentes à qualquer mudança”. Para Míriam, um das inquietações é o possível aumento de alunos pobres de outros Estados, o que poderá ampliar os desafios da instituição. Segundo ela, no ano passado a universidade não recebeu recursos para a assistência estudantil, embora tenha até ampliado os programas.

Comissão de vestibulandos se queixa de possível mudança

Antes de entrar para a reunião que decidirá o futuro de um dos vestibulares mais disputados do país, a reitora prometeu receber uma comissão de vestibulandos, que entregará um abaixo-assinado, com cerca de 600 assinaturas, pedindo que seja mantido o vestibular tradicional.

– Estamos no meio do ano letivo e isso vai nos prejudicar. Eu estudo espanhol e as universidades estão aceitando a prova sem saber qual será o programa de conteúdos. As nossas faculdades são muito disputadas e é preciso ter mais cautela – diz Karin Flenner Vera, 18 anos, vestibulanda de Medicina.

A UFCSPA oferece 368 vagas por ano: 88 para Medicina e 40 para cada um dos outros sete cursos na área da saúde. A graduação em Medicina da instituição obteve o melhor desempenho no país na avaliação do MEC em 2008.

*Texto extraído do portal ClicRbs

quinta-feira, 23 de abril de 2009

O Livro e a América (Castro Alves)

Talhado para as grandezas,
P'ra crescer, criar, subir,
O Novo Mundo nos músculos
Sente a seiva do porvir.

— Estatuário de colossos —
Cansado doutros esboços
Disse um dia Jeová:
"Vai, Colombo, abre a cortina
"Da minha eterna oficina...
"Tira a América de lá".

Molhado inda do dilúvio,
Qual Tritão descomunal,
O continente desperta
No concerto universal.
Dos oceanos em tropa
Um-traz-lhe as artes da Europa,

Outro — as bagas de Ceilão...
E os Andes putrificados,
Como braços levantados,
Lhe apontam para a amplidão.
Olhando em torno então brada:
"Tudo marcha!... O grande Deus!

As cataratas — p'ra terra,
As estrelas-para os céus
Lá, do pólo sobre as plagas,
O seu rebanho de vagas
Vai o mar apascentar...
Eu quero marchar com os ventos,

Com os mundos... co'os firmamentos!!!
E Deus responde — "Marchar!"
"Marchar!... Mas como?... Da Grécia
Nos dóricos Partenons
A mil deuses levantando
Mil marmóreos Panteons?...

Marchar cota espada de Roma
— Leoa de raiva coma
De presa enorme no chão,
Saciando o ódio profundo...
— Com as garras nas mãos do mundo,
— Com os dentes no coração?...

"Marchar!... Mas como a Alemanha
Na tirania feudal,
Levantando uma montanha
Em cada uma catedral?...

Não!... Nem templos feitos de ossos,

Nem gládios a cavar fossos
São degraus do progredir...
Lá brada César morrendo:
"No pugilato tremendo
"Quem sempre vence é o porvir!'
Filhos do sec'lo das luzes!

Filhos da Grande nação!
Quando ante Deus vos mostrardes,
Tereis um livro na mão:
O livro — esse audaz guerreiro
Que conquista o mundo inteiro
Sem nunca ter Waterloo...

Eólo de pensamentos,
Que abrira a gruta dos ventos
Donde a Igualdade voou!...
Por uma fatalidade
Dessas que descem de além,
O sec'lo, que viu Colombo,

Viu Guttenberg também.
Quando no tosco estaleiro
Da Alemanha o velho obreiro
A ave da imprensa gerou...
O Genovês salta os mares...
Busca um ninho entre os palmares

E a pátria da imprensa achou...
Por isso na impaciência
Desta sede de saber,
Como as aves do deserto —
As almas buscam beber...
Oh! Bendito o que semeia

Livros... livros à mão cheia...
E manda o povo pensar!
O livro caindo n'alma
É germe-que faz a palma,
É chuva-que faz o mar.
Vós, que o templo das idéias

Largo — abris às multidões,
P'ra o batismo luminoso
Das grandes revoluções,
Agora que o trem de ferro
Acorda o tigre no cerro
E espanta os caboclos nus,

Fazei desse "rei dos ventos"
— Ginete dos pensamentos,
— Arauto da grande luz!...
Bravo! a quem salva o futuro
Fecundando a multidão!...
Num poema amortalhada

Nunca morre uma nação.
Como Goethe moribundo

Brada "Luz!" o Novo Mundo
Num brado de Briaréu...
Luz! pois, no vale e na serra...

Que, se a luz rola na terra,
Deus colhe gênios no céu! ...

quarta-feira, 22 de abril de 2009

Perguntas de um Trabalhador que Lê (Bertolt Brecht)







Quem construiu a Tebas de sete portas?
Nos livros estão nomes de reis.
Arrastaram eles os blocos de pedra?
E a Babilônia várias vezes destruída —
Quem a reconstruiu tantas vezes? Em que casas
Da Lima dourada moravam os construtores?
Para onde foram os pedreiros, na noite em que a Muralha da China
ficou pronta?

A grande Roma está cheia de arcos do triunfo.
Quem os ergueu? Sobre quem
Triunfaram os Césares? A decantada Bizâncio
Tinha somente palácios para seus habitantes? Mesmo na lendária
Atlântida

Os que se afogavam gritaram por seus escravos
Na noite em que o mar a tragou.


O jovem Alexandre conquistou a Índia.
Sozinho?
César bateu os gauleses.
Não levava sequer um cozinheiro?
Filipe da Espanha chorou, quando sua Armada
Naufragou. Ninguém mais chorou?
Frederico II venceu a Guerra dos Sete Anos.
Quem venceu além dele?



Cada página uma vitória.
Quem cozinhava o banquete?
A cada dez anos um grande homem.
Quem pagava a conta?


Tantas histórias.
Tantas questões.

terça-feira, 21 de abril de 2009

Contos do Mundo: Continuidade dos Parques (Julio Cortázar)

Quais os limites entre a ficção e a realidade? Surpreenda-se com essa narrativa genial de Cortázar.

Autor: Julio Cortázar
País de Origem: Argentina
Publicação Original:1956



Havia começado a ler o romance uns dias antes. Abandonou-o por negócios urgentes, voltou a abri-lo quando regressava de trem à chácara; deixava interessar-se lentamente pela trama, pelo desenho dos personagens. Essa tarde, depois de escrever uma carta ao caseiro e discutir com o mordomo uma questão de uns aluguéis, voltou ao livro com a tranqüilidade do gabinete que dava para o parque dos carvalhos. Esticado na poltrona favorita, de costas para a porta que o teria incomodado como uma irritante possibilidade de intrusões, deixou que sua mão esquerda acariciasse uma e outra vez o veludo verde e começou a ler os últimos capítulos. Sua memória retinha sem esforço os nomes e as imagens dos protagonistas; a ilusão romanesca ganhou-o quase imediatamente. Gozava do prazer quase perverso de ir descolando-se linha a linha daquilo que o rodeava e de sentir ao mesmo tempo que sua cabeça descansava comodamente no veludo do alto encosto, que os cigarros continuavam ao alcance da mão, que mais além das janelas dançava o ar do entardecer sob os carvalhos. Palavra a palavra, absorvido pela sórdida disjuntiva dos heróis, deixando-se ir até as imagens que se combinavam e adquiriam cor e movimento, foi testemunha do último encontro na cabana do monte.

Antes entrava a mulher, receosa; agora chegava o amante, com a cara machucada pela chicotada de um galho. Admiravelmente ela fazia estalar o sangue com seus beijos, mas ele recusava as carícias, não tinha vindo para repetir as cerimônias de uma paixão secreta, protegida por um mundo de folhas secas e caminhos furtivos. O punhal se amornava contra seu peito e por baixo gritava a liberdade refugiada. Um diálogo desejante corria pelas páginas como riacho de serpentes e sentia-se que tudo estava decidido desde sempre. Até essas carícias que enredavam o corpo do amante como que querendo retê-lo e dissuadi-lo desenhavam aboninavelmente a figura de outro corpo que era necessário destruir. Nada havia sido esquecido: álibis, acasos, possíveis erros. A partir dessa hora cada instante tinha seu emprego minuciosamente atribuído. O duplo repasso sem dó nem piedade interrompia-se apenas para que uma mão acariciasse uma bochecha. Começava a anoitecer.

Já sem se olharem, atados rigidamente à tarefa que os esperava, separaram-se na porta da cabana. Ela devia continuar pelo caminho que ia ao norte. Da direção oposta ele virou um instante para vê-la correr com o cabelo solto. Correu, por sua vez, apoiando-se nas árvores e nas cercas, até distinguir na bruma do crepúsculo a alameda que levava à casa. Os cachorros não deviam latir e não latiram. O mordomo não estaria a essa hora, e não estava. Subiu os três degraus da varanda e entrou. Do sangue galopando nos seus ouvidos chegavam-lhe as palavras da mulher: primeiro uma sala azul, depois uma galeria, uma escada carpetada. No alto, duas portas. Ninguém no primeiro quarto, ninguém no segundo. A porta do salão, e depois o punhal na mão, a luz das janelas, o alto encosto de uma poltrona de veludo verde, a cabeça do homem na poltrona lendo um romance.

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O AUTOR:
JULIO CORTÁZAR
É considerado um dos autores mais inovadores e originais de seu tempo, mestre do conto curto e da prosa poética, comparável a Jorge Luis Borges e Edgar Allan Poe. Foi o criador de novelas que inauguraram uma nova forma de fazer literatura na América Latina, rompendo os moldes clássicos mediante narrações que escapam da linearidade temporal e onde os personagens adquirem autonomia e profundidade psicológica inéditas.

Seu livro mais conhecido é Rayuela (O Jogo da Amarelinha), de 1963, que permite várias leituras orientadas pelo próprio autor.

Cortázar inspirou um grande número de cineastas, entre eles o italiano Michelangelo Antonioni, cujo longa-metragem Blow-up foi baseado no conto As Babas do Diabo (do livro As Armas Secretas).
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LITERATUBE


LEIA O TEXTO ORIGINAL EM ESPANHOL LÁ EMBAIXO, NO FINAL DO BLOG

segunda-feira, 20 de abril de 2009

Por que o jovem não deve ler!




*Texto de Ulisses Tavares

Calma, prezado leitor, nem você leu errado, nem eu pirei de vez. Este artigo pretende isso mesmo: dar novos motivos para que os moços e moças de nosso Brasil continuem lendo apenas o suficiente para não bombar na escola.

E continuem vendo a leitura como algo completamente estapafúrdio, irrelevante, anacrônico, e permaneçam habitando o universo ágrafo dos hedonistas incensados nos realitys shows.

(Êpa, acho que exagerei. Afinal, quem não lê, muito dificilmente vai conseguir compreender esta última frase. Desculpem aí, manos: eu quis dizer que os carinhas, hoje, precisam de dicionário pra entender gibi da Monica, na onda dos sarados e popozudas que vêem na telinha, e que vou dar uma força pra essa parada aí, porra.)

Eu explico mais ainda: é que, aproveitando o gancho do Salão do Livro Infanto-Juvenil, em novembro agora no Parque do Ibirapuera, Sampa, pensei em escrever sobre a importância da leitura. Algo leve mas suficiente para despertar em meia dúzia de jovens o gosto pela leitura (de que? De tudo! De jornais a livros de filosofia; de bulas de remédio a conselhos religiosos; de revistas a tratados de física quântica; de autores clássicos a paulos coelhos.)

Daí aconteceram três coisas que me fizeram mudar de rumo e de idéia.

Primeiro eu li que fizeram, alguns meses atrás, um teste de leitura com estudantes do ensino fundamental de uma dezena de vários países. Era para avaliar se eles entendiam de verdade o que estavam lendo. Adivinhem quem tirou o último lugar, até mesmo atrás de paizinhos miseráveis e perdidos no mapa mundi? Acertou, bródi: o nosso Brasil.

Logo depois, li uma notícia boa que, na verdade, é ruim: o (des)governo de São Paulo anuncia maior número de crianças na escola. Mas adotou a política da não reprovação. Traduzindo: neguinho passa de ano, sim, mas continua técnicamente analfabeto. Porque ler sem raciocinar é como preencher um cheque sem saber quanto se tem no banco.

E, por último, li em pesquisa publicada recentemente nos jornais, que para 56% dos brasileiros entre 18 e 25 anos comprar mais significa mais felicidade, pouco se importando com problemas ambientais e sociais do consumo desenfreado. Ou seja, o jovem brasileirinho gosta de comprar muitas latinhas de cerveja, mas toma todas e joga todas nas ruas ou nas estradas, sem remorso.

Viram como ler atrapalha?

A gente fica sabendo de fatos que, se não soubesse, teria mais tempo para curtir o próprio umbigo numa boa, sem ficar indignado e preocupado com a situação atual de boa parte de nossa juventude.

E também faz o tico e o teco (nossos dois neurônios que ainda funcionam no cérebro, já que se dividirmos o quociente de inteligência nacional pelo número de habitantes não deve sobrar mais que isso per capita) malharem e suarem, em vez de ficarmos admirando o crescimento do bumbum e do muque no espelho das academias de musculação.

Porisso que, num momento de desalento, decidi que, de agora em diante, como escritor e professor, nunca mais vou recomendar a ninguém que leia mais, que abra livros para abrir a cabeça.

A realidade é brutal e desmentiria em seguida qualquer motivo que eu desse para um jovem tupiniquim trocar a alienação pela leitura.

Eu reconheço: a maioria está certa em não ler.

E tem, no mínimo, 5 razões poderosas , maiores e melhores que meus frágeis argumentos ao contrário:


Se ler, vai querer participar como cidadão dos destinos do País. Não vale à pena o esforço. Como disse o Lula (que não teve muita escola, mas sempre leu pra caramba), a juventude não gosta de política, mas os políticos adoram. Porisso que eles mandam e desmandam há séculos;


Se ler, vai saber que estão mentindo e matando montes de jovens todos os dias em todos os lugares do Brasil impunemente; principalmente porque esses jovens não percebem nem têm como saber (a não ser lendo) a tremenda cilada que é acreditar que bacana é mentir e matar também;


Se ler, vai acordar um dia e se perguntar que diabo é isso que anda acontecendo neste lugar, onde só ladrões, corruptos, prostitutas e ignorantes, aparecem na mídia;


Se ler, vai ficar mais humano e, horror dos horrores, é até capaz de sentir vontade de se engajar num trabalho comunitário, voluntário e parar de ser egoísta;


Se ler, vai comparar opiniões, acontecimentos, impressões e emoções e acabar descobrindo que sua vida andava meio torta, meio gado feliz.


O espaço está acabando e me deu vontade de lembrar que ninguém -nem mesmo alguém que não vê utilidade na leitura - pode achar que há um belo futuro aguardando uma juventude que vai de revólver pra escola e, lá, absorve não conhecimentos mas um baseado ou uma carreirinha maneira. Sim, é outra pesquisa que li, esta dando conta que sete entre dez estudantes brasileiros andam armados, tres entre dez se drogam na escola, sete entre dez bebem regularmente.

Mas páro por aqui já que, apesar destes tristes tempos verdes e amarelos (as cores do vômito, papito), lembro também de tantos poetas, jornalistas e escritores que, ao longo de minha vida de leitor apaixonado, me deram toques de esperança, força e fé na mudança.

De um especialmente - o poeta Tiago de Melo - com seu verso comovido e repleto de coragem:

"Faz escuro, mas eu canto!"

Talvez meu pequeno cantar sirva de guia do homem (e mulher) de amanhã. E que, lendo mais, ele/ela evite de ter como única alternativa para mudar de vida dar a bunda (e a alma) ou engolir baratas (e a dignidade) diante das câmeras de televisão.

Enem exigirá do aluno capacidade de relacionar temas

*Da Agência Estado

O novo Enem (Exame Nacional do Ensino Médio), que deverá substituir o vestibular de parte das universidades federais a partir deste ano, exigirá dos estudantes conhecimento, raciocínio e, principalmente, capacidade de relacionar temas para chegar à resposta correta. Uma mesma pergunta poderá incluir, ao mesmo tempo, temas de história e geografia, de biologia e química ou de literatura e compreensão de linguagem.
Exemplos de questões preparadas para a reportagem pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep) mostram que o novo Enem será não apenas mais longo, mas bem mais complexo. "No Enem atual, o aluno não precisa, por exemplo, saber ciências. Uma pessoa que lê bastante pode ter um bom resultado", explica o presidente do Inep, Reynaldo Fernandes. "O novo exige mais conhecimento de conteúdo."

O exame concentrava suas questões em interpretação de textos e linguagens e lógica, sem contar com perguntas de ciências, história e geografia. Já os vestibulares cobrem todas as áreas, mas tendem a se concentrar em perguntas com respostas muito específicas. Um exemplo, retirado da Fuvest de 2008, é uma questão que, após um pequeno texto, pergunta a qual movimento ele se referia: liberalismo, feudalismo, mercantilismo, escravismo ou corporativismo. "Esse tipo de questão não cairá no novo Enem. Serão todas de contextualização e situações-problema", diz Reynaldo. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

sexta-feira, 17 de abril de 2009

E agora? Como fica o novo Vestibular?

A adoção do ENEM no lugar do vestibular tradicional vem gerando inquietações e incertezas. E agora, o que acontece? Sem desespero!!! Temos que nos preparar de acordo com a universidade em que queremos ingresso.

Bom, vamos por partes:

Até agora, a UFPel foi a única universidade do RS a adotar o ENEM como processo seletivo. Quer dizer que, após o vestibular de inverno 2009 (que será mantido, com as mesmas características dos vestibulares anteriores), não haverá mais vestibular, apenas o ENEM (que ocorre em outubro).

A pontuação do ENEM definirá o acesso à UFPel em 2010, em um sistema que incluírá várias outras universidades. O candidato fará prova na sua cidade e poderá escolher cinco universidades em qualquer lugar do país para tentar ingresso (1ª opção com peso maior, diminuindo progressivamente a pontuação do candidato para as outras quatro opções).

Na prática, isso quer dizer que cursos muito visados, como Medicina e Direito, por exemplo, serão ainda mais concorridos nas universidades do interior.

Outra conseqüência negativa é que essa mudança, feita às pressas, sem o devido debate com a comunidade interessada, desestrutura todo o planejamento de estudantes, professores, cursos e escolas. Todos os programas de estudo devem ser revistos a poucos meses das provas, sobre as quais pouco se sabe até agora (serão nos moldes dos ENEMs anteriores, mas cobrando um pouco mais de conhecimentos específicos).

Por isso, universidades com administração mais séria (como é o caso da UFRGS) não aceitarão essa mudança de regras de última hora. Somente no próximo ano irão elaborar uma nova forma de seleção adotando a prova do MEC ou incluindo-a como parte de seus vestibulares como uma primeira fase.

Como está a situação nas universidades do RS:

UFRGS: Não aderiu ao ENEM. Estuda processo misto para o ano que vem.
UFSM: Pretende manter o vestibular deste ano e talvez incluir o ENEM como 1ªfase.
FURG: Reitor já indicou $impatia pela idéia. O Conselho deve decidir até o final do mês.

UFPel: Já não tinha um vestibular muito organizado. Bastou o MEC $inalizar com uma propo$ta e o reitor já empurrou a mudança pelo COCEPE (Conselho Universitário). Detalhe: disse que se não der certo, poderá voltar ao modelo anterior de vestibular. Quer dizer, é uma aventura. Se colar, colou. Ah! detalhe: é a quinta mudança que a UFPel faz em seus processos seletivos em 10 anos!

Exija respeito da universidade em que você pretende ingressar!

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Meus alunos tem me perguntado muito sobre a Literatura. Como fica a matéria para essa nova modalidade de prova?

FIQUE LIGADO! NOS PRÓXIMOS DIAS VOCÊ VERÁ AQUI COMO FICA A LITERATURA NO NOVO ENEM!

UFPel é a primeira a aderir ao Enem no RS


Mudança ainda é vista com desconfiança por quem estuda para ingressar na universidade de Pelotas em 2010

A Universidade Federal de Pelotas (UFPel) é a primeira instituição de Ensino Superior gaúcha a anunciar que aceitou a proposta do Ministério da Educação (MEC) de substituir o vestibular pelo novo Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). A adesão foi confirmada ontem pelo reitor Antônio Cesar Gonçalves Borges.

– É uma maneira de facilitar o acesso das camadas socialmente discriminadas. E isso vai fazer com que as escolas de Ensino Médio padronizem seus currículos – avalia Borges.

O ofício com a adesão da UFPel foi encaminhado ao MEC. No Conselho Coordenador do Ensino, Pesquisa e Extensão (Cocepe) da universidade, o projeto foi aprovado sem restrições ou notificações. O novo processo seletivo será aplicado nos dias 3 e 4 de outubro, valendo para o ingresso em 2010. O vestibular de inverno será mantido.

No curso pré-vestibular Michigam, em Pelotas, a notícia é vista com desconfiança. Para o professor de matemática Hélio José Furtado, é uma reforma radical e nem as instituições nem os alunos estariam preparados para a nova fase:

–Vamos ter que readaptar os programas desenvolvidos. O planejamento era terminar as aulas em dezembro, mas teremos que concluir o curso em setembro para ter, ao menos, duas semanas para revisão.

Amanda Moraes, 17 anos, está se preparando para o primeiro vestibular. Além de cursar, pela manhã, no 3º ano do Ensino Médio, faz pré-vestibular à noite. Com a mudança na forma de ingresso na universidade, ela acha que as dificuldades para entrar no curso de Enfermagem aumentaram.

– Ainda falta muita matéria a ser dada. Ou seja, não vamos conseguir estudar tudo. Vai ser complicado. As aulas vão acelerar bastante, e os alunos não estão preparados para esta mudança – reclama Amanda.

Texto extraído do portal ClicRbs

quinta-feira, 16 de abril de 2009

Cocepe aprova adesão da UFPel ao novo Vestibular


O Conselho Coordenador do Ensino, da Pesquisa e da Extensão(Cocepe) da UFPel aprovou nesta quinta-feira(16) a adesão da Universidade ao processo seletivo com o novo Enem, sem restrições e sem modificações, proposto pelo MEC, com realização prevista para outubro de 2009.

Em ofício enviado ao ministro da Educação, Fernando Haddad, o reitor da UFPel, Cesar Borges, além de informar sobre a adesão da instituição à proposta do MEC, salienta que o Cocepe destacou a necessidade de apoio do Ministério para recursos adicionais para a assistência estudantil, de modo a contribuir para a permanência dos novos estudantes nos cursos superiores para os quais forem aprovados.

*Texto Extraído do Site da UFPel

quarta-feira, 15 de abril de 2009

Novo ENEM: Como fica a nova prova?

Nas últimas semanas a discussão sobre as mudanças no vestibular e a possível substituição do vestibular tradicional pelo novo ENEM monopolizaram as atenções de toda a comunidade estudantil. Além disso, criou-se uma atmosfera de incerteza no que diz respeito aos programas de estudos e quanto ao planejamento de professores e alunos para os processos seletivos.

As universidades estão definindo suas posições no sentido da adoção imediata do novo modelo ou da adoção gradual do vestibular unificado, havendo ainda a hipótese de processos mistos, com o ENEM colocado como uma primeira etapa, sendo a segunda fase uma prova elaborada pelas própria universidade.

Mas de qualquer forma, o Exame Nacional passará a ter importância decisiva no ingresso para o ensino superior e essa não é uma realidade distante. Nesse sentido, vamos procurar esclarecer aqui no blog tudo sobre o ENEM.

Aqui temos alguns modelos de questões elaboradas pelo INEP (órgão do MEC responsável pela prova) para o processo de 2009 (a se realizar nos dias 3 e 4 de outubro).

CLIQUE NA IMAGEM PARA AMPLIAR

Guia de Leitura: Natal na Barca

Temos aqui um guia de leitura sobre o conto "Natal na Barca", de Lygia Fagundes Telles, que figura no livro "Antes do Baile Verde".

Trata de uma narrativa profundamente metafórica, repleta de significados possíveis, no melhor estilo da autora.

terça-feira, 14 de abril de 2009

Vestibular da UFRGS só muda em 2011



Reitor diz que não há tempo para uma mudança mais profunda no próximo concurso

O vestibular da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) deve incluir o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) como critério parcial de seleção apenas em 2011. A intenção do Ministério da Educação era de que o uso da nota do Enem já substituísse o concurso vestibular no próximo ano.

Oreitor da UFRGS, Carlos Alexandre Netto, diz que não há tempo para uma mudança mais profunda no processo seletivo de 2010.

– A universidade nunca mudou suas regras de ingresso com menos de um ano de antecedência – afirmou o reitor.

Outro motivo citado para adiar a inclusão do Enem nos moldes do ministério é a necessidade de atestar a eficiência do novo exame. O modelo de seleção de estudantes utilizado hoje pela universidade é considerado qualificado, e a primeira aplicação do novo Enem, com 200 questões, só ocorrerá em outubro. Além disso, será realizado apenas uma vez neste ano, embora o governo pretenda ampliar este número futuramente.

Em 2011, o exame deve substituir a primeira fase do processo, no lugar das questões objetivas da universidade. É possível, conforme Netto, que a prova seja utilizada como um critério classificatório para selecionar os estudantes que farão a segunda fase – elaborada pela UFRGS e com questões dissertativas específicas para cada área de conhecimento.

Nestas provas, reforça Alexandre Netto, os estudantes que desejam cursar Medicina ou Direito terão cobranças diferentes, uma oportunidade para mostrar suas aptidões. Além disso, a fase elaborada pela UFRGS irá valorizar as diferenças regionais. Assim, mesmo que a prova do Enem não trate de questões específicas do Rio Grande do Sul, na parte dissertativa o aluno pode ser cobrado de tais conhecimentos.

Texto extraído do Portal ClicRbs

segunda-feira, 13 de abril de 2009

Data do novo Enem é 3 e 4 de outubro

Da Agência Brasil

O novo Enem (Exame Nacional do Ensino Médio), que deverá fazer o papel de vestibular unificado para as universidades federais, já tem data marcada: 3 e 4 de outubro. O cronograma apresentado nesta quarta-feira (8) aos reitores das instituições prevê a divulgação dos resultados da prova objetiva em 2 de dezembro e da redação em 8 de janeiro de 2010. Pelos cálculos do Ministério da Educação (MEC), o novo exame deverá ter a participação de 4 a 5 milhões de estudantes, em vez dos atuais 3 milhões.

A partir da divulgação dos resultados, o aluno irá se inscrever em um sistema online a partir do número do CPF. O sistema que será semelhante ao usado na seleção de bolsas do Prouni (Programa Universidade para Todos). O estudante deverá escolher cinco opções de cursos, que podem ser em uma mesma universidade ou em instituições federais diferentes. A partir dessa inscrição, o candidato poderá monitorar diariamente como está a concorrência para os cursos escolhidos. Ele poderá alterar, a qualquer momento, a opção que pretende disputar.

"Na prática, o estudante concorre a todas as vagas das universidades federais. A partir do momento que ele percebe que suas chances são menores em um curso específico, ele pode migrar", explicou o ministro da Educação, Fernando Haddad. Caso o estudante não seja selecionado para o curso que marcou como prioridade, ele pode ser aprovado para a sua segunda opção, de acordo com a sobra de vagas.

Segundo o ministro, esse sistema só poderá ser utilizado pelas universidades que adotarem o Enem como prova única de seleção. Ou seja, aquelas que quiserem aplicar uma segunda fase além do exame nacional não incluirão as suas vagas nesse sistema. "Se a primeira opção do aluno é um curso em que é exigida mais uma fase, ele poderá ser prejudicado, porque, se ele não passar na segunda fase, aquela vaga que ele marcou na segunda opção já terá sido preenchida", disse.

Haddad ressaltou que os modelos de avaliação seriada adotados por algumas instituições, como a UnB (Universidade de Brasília), não ficam impedidos de existir com o sistema unificado. A universidade poderá reservar parte das vagas para essas formas de seleção, bem como para as políticas afirmativas de cotas.

O sistema permitirá ainda que a instituição atribua pesos distintos às notas do aluno nas diferentes provas do Enem. O mecanismo já é usado por algumas seleções que dão maior peso ao resultado das provas da área de exatas, por exemplo, ao selecionar um aluno para o curso de engenharia.

O novo Enem será formado por quatro provas e uma redação que devem ser aplicadas em dois dias. A idéia é que sejam realizados testes de linguagens e códigos, matemática, ciências naturais e ciências humanas, cada um com 50 itens.

Um termo de referência com todos detalhes técnicos foi entregue ontem aos reitores que irão discutir nas universidades se vão aderir ao novo Enem como forma de seleção em substituição ao vestibular. De acordo com Haddad, o ministério ainda não contabilizou quantas instituições manifestaram esse interesse. Mas ele voltou a afirmar que a proposta tem sido bem aceita.

"As instituições têm toda a liberdade para não aderir, aderir como unificado ou aderir parcialmente. Acho que o debate amadureceu nos últimos anos ", avaliou. Também já foi criado um comitê de governança que será responsável pela criação desse novo modelo de vestibular. Fazem parte do grupo as universidades federais, os secretários estaduais de Educação e o Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira), responsável pelo Enem.

Nesta quarta (8), o ministro se reuniu com a presidente do Consed (Conselho Nacional de Secretários de Educação), Maria Auxiliadora Seabra, para apresentar o novo modelo. Segundo ele, a proposta foi recebida com "satisfação" porque as mudanças pensadas para o ensino médio não podiam sair do papel, uma vez que a etapa era muito voltada ao atual modelo de vestibular. "Finalmente será possível fazer a reestruturação do ensino médio, que hoje é completamente subordinado a um processo [os vestibulares] de que eles [secretários de Educação] não participam", afirmou.

Na próxima semana, Haddad se reunirá mais uma vez com os reitores das universidades federais para acompanhar a aceitação da proposta.

Por Amanda Cieglinski

*Texto extraído de UOL Educação

Mudanças no Vestibular: UFRGS não adotará sistema proposto pelo MEC para vestibular de 2010


Instituição pode adotar o Enem para processo seletivo de 2011


O reitor da UFRGS, Carlos Alexandre Netto, anunciou na tarde desta segunda-feira que a instituição não vai utilizar o sistema proposto pelo MEC, em que Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) passaria a valer como o único processo seletivo para o ingresso nas universidades federais, para o ingresso em 2010. Ainda assim, não está descartada a utilização da nota do Enem para o cálculo no processo seletivo deste ano. A universidade estuda um modelo para utilizar o exame no Concurso Vestibular de 2011.

— Nós não conhecemos ainda o novo Enem, então nós não podemos adotar esse novo Enem como única forma de seleção para a universidade. E de outra forma, nós estamos também agora começando um trabalho de organização do vestibular em duas fases, provavelmente para o ano de 2011. Então nós não podemos então usar o Enem como primeira fase pois nós só teremos duas fases em 2011.

Segundo o reitor, a decisão sobre utilização do exame como uma das notas será proferida no final de julho. Netto elogiou a iniciativa do MEC:

— A universidade vê com muito bons olhos essa proposta do Ministério da Educação, porque ela permite uma visão mais sistêmica do ensino, ou seja, as universidades trabalharão em contato muito mais próximo com as escolas e com o próprio Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira) na avaliação da proficiência dos alunos egressos do Ensino Médio.

A substituição do vestibular pelo Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) tem a pretensão, a longo prazo, de reformar o Ensino Médio, e a decisão de acatá-la está nas mãos das universidades. O exame deste ano foi marcado para os dias 3 e 4 de outubro, e participarão entre 4 milhões e 5 milhões de estudantes, conforme a adesão estimada.

No Rio Grande do Sul, apenas a Universidade Federal do Pampa (Unipampa) optou pelo Enem como critério único. Há, também, uma inclinação favorável nas federais de Rio Grande (Furg), de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA) e Pelotas (UFPel). A Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) prepara o vestibular tradicional para 2010, mesmo que a instituição opte pelo Enem.

Texto extraído do portal ClicRbs

Federais gaúchas inclinadas para o novo Enem

Exame deste ano foi marcado para os dias 3 e 4 de outubro

Uma transformação no ensino brasileiro se aproxima, com a unificação do ingresso nas universidades federais, proposta pelo Ministério da Educação. A substituição do vestibular pelo Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) tem a pretensão, a longo prazo, de reformar o Ensino Médio, e a decisão de acatá-la está nas mãos das universidades.

Embora nem todas as instituições federais do país tenham se decidido, o exame deste ano foi marcado para os dias 3 e 4 de outubro, e participarão entre 4 milhões e 5 milhões de estudantes, conforme a adesão estimada.

No Rio Grande do Sul, apenas a Universidade Federal do Pampa (Unipampa) optou pelo Enem como critério único, conforme a reitora Maria Beatriz Luce. Ela explica que, alheia à proposta do MEC, a Unipampa já pensava em substituir o vestibular pelo exame. Há, também, uma inclinação favorável nas federais de Rio Grande (Furg), de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA) e Pelotas (UFPel), conforme seus reitores, embora as decisões não tenham sido formalizadas.

O suspense é maior na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), que anunciará sua decisão na segunda-feira. A Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) prepara o vestibular tradicional para 2010, mesmo que a instituição opte pelo Enem.

O principal objetivo do MEC com a unificação da prova é reformular o aprendizado no país. O ministério entende que, no sistema atual, os alunos são estimulados mais a decorar os conteúdos do que a raciocinar sobre os problemas. Assim, a proposta visa ao fim de aulas voltadas exclusivamente ao vestibular. A segunda meta é facilitar a mobilidade estudantil, a exemplo dos EUA, onde é comum os jovens estudarem longe de casa. Além disso, uma prova única seria menos custosa financeiramente para os alunos.

O que diz o comando de cada universidade

CARLOS ALEXANDRE NETTO, REITOR UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL (UFRGS)
“Não há motivo para pânico entre os vestibulandos. A ideia da UFRGS é tranquilizar os estudantes, porque a universidade pretende valorizar sua tradição, e o conhecimento dos alunos será reconhecido.”
O reitor limitou a sua manifestação sobre o assunto, deixando para detalhar a sua posição nesta segunda-feira às 15h. Na oportunidade, será conhecido o processo seletivo de 2010.
A assessoria de imprensa da UFRGS reforça que nesta semana o reitor esteve em Brasília, analisando a proposta do MEC, e o assunto foi “amplamente discutido na quinta-feira, com membros da equipe”.


JOÃO CARLOS BRAHM COUSIN, REITOR UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE (FURG)
“A posição da universidade está em discussão. A posição pessoal do reitor é positiva, porque o ingresso nas universidades tem balizado o sistema de educação. É uma proposta de mudança, já que a prova deve garantir mais o raciocínio e o conhecimento integrado do estudante. E vai aumentar as chances para aqueles que têm menos condições financeiras. O fator mais importante é que há muito tempo estamos questionando a forma de ingresso. É uma oportunidade de mudança, e o Enem será reformulado. O cenário é positivo. Recebemos, na quinta-feira, o modelo operacional, e a expectativa é de que até o final do mês tenhamos uma decisão. Minha inclinação pessoal é favorável.”


MIRIAM DA COSTA OLIVEIRA, REITORA UNIVERSIDADE FEDERAL DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DE PORTO ALEGRE (UFCSPA)
“O tema será levado aos conselhos de Ensino e Pesquisa e Universitário no final do mês. A partir daí será tomada a decisão. Para a reunião com reitores em Brasília, a UFCSPA já terá sua decisão tomada. Nós estamos, de início, favoráveis a esta medida, e existe uma tendência a adotar este novo procedimento já neste ano, como um processo de fase única, sem qualquer outra prova especial da universidade. Há inúmeros pontos favoráveis, mas não tive acesso aos dados operacionais, pois ainda não chegaram às minhas mãos, e faltam detalhes para decidir com segurança.”


JORGE LUIZ DA CUNHA, PRÓ-REITOR DE GRADUAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA
“O reitor participou da reunião em Brasília, em que foi discutida a proposta do MEC, e a posição da UFSM é de cautela. Primeiro, porque nós temos um vestibular diferenciado, por ser interdisciplinar e ter inclusive a disciplina de filosofia. Outro aspecto é que a universidade foi pioneira com o Programa de Ingresso no Ensino Superior (Peies). Achamos que o ministério deve respeitar essas experiências acumuladas e bem sucedidas. É quase certo, pela dinâmica, que a proposta não possa ser implementada nos prazos que o ministério deu. Temos um vestibular em maio, e o Peies em dezembro. Já estamos nos preparando para o próximo vestibular tradicional. Além disso, a avaliação dos nossos processos atuais de ingresso é bastante positiva. Mas, evidente, estamos dispostos a discutir as ideias.”


ANTONIO CESAR GONÇALVES BORGES, REITOR UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS (UFPEL)
“Em princípio, a universidade deverá adotar a proposta do governo para o vestibular de verão, agora em outubro. O nosso vestibular de inverno, que será realizado em seguida, se mantém. A decisão vai ser tomada na próxima quinta-feira, quando há uma reunião do Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão. A tendência é de que a proposta do MEC seja aprovada. Na minha opinião, é uma mudança importante e vai exigir que a universidade se adapte. Sou favorável, porque vai facilitar o acesso àquelas camadas da população que ficam excluídas. Por outro lado, vai exigir que o governo auxilie em organização, com moradia adequada aos estudantes, bolsas para mobilidade estudantil, toda a assistência. Vamos precisar do apoio imediato do governo. Acredito que o MEC ajudará nesta questão.”


MARIA BEATRIZ LUCE, REITORA UNIVERSIDADE FEDERAL DO PAMPA (UNIPAMPA)
“A Unipampa já tinha a proposta de adotar o Enem como o principal elemento do processo seletivo para o ingresso de 2010. No ano de 2009, não foi possível adotar unicamente o resultado do exame para o ingresso em diferentes cursos porque muitas das pessoas interessadas não tinham se submetido à prova. Nós fizemos até 20% de aproveitamento dos resultados de quem tivesse o Enem e aplicamos uma prova de vestibular muito parecida com o Enem, feita inclusive pela mesma empresa, a Cespe/UNB. Esta proposta do Ministério da Educação vem atender à orientação geral que a Unipampa tem. Nós já fizemos esta prova em 10 cidades do Pampa, e os alunos em qualquer das cidades podiam escolher faculdades de outros municípios. A Unipampa já experimentou estas características e obteve sucesso.”

sábado, 11 de abril de 2009

Literatube: Carlos Drummond de Andrade (Arquivo N)

Documentários especial sobre a vida e a obra do maior poeta brasileiro do século XX: Carlos Drummond de Andrade.

terça-feira, 7 de abril de 2009

Vestibular Unificado: Comitê vai elaborar novo vestibular


MEC quer que todas as universidades federais ajudem a formular o novo modelo de vestibular

07/04/2009

As universidades federais e o Instituto Nacional de Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) vão formar um comitê para elaborar o modelo do novo vestibular unificado proposto pelo Ministério da Educação.

A prova, que será uma reformulação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), poderá servir como processo seletivo para todas as universidades federais. Hoje (6), o ministro da Educação, Fernando Haddad, se reuniu com os 55 reitores dessas instituições para discutir a proposta.

“É muito importante para o ministério sentir essa sensibilidade dos reitores. Nós abrimos a possibilidade para que as instituições pudessem opinar para que o modelo seja ajustado às necessidades das universidades e dos estados”, afirmou.

A idéia é que as secretarias estaduais de Educação, responsáveis pela oferta do ensino médio na rede pública, também participem desse comitê.

De acordo com o ministro, ainda não é possível contabilizar quantas universidades querem aderir à prova. Mas, segundo ele, a proposta é vista com “simpatia” pelos reitores.

O MEC prometeu enviar às universidades, no prazo de 48 horas, um termo referencial com detalhes técnicos sobre o exame. Com isso, segundo o presidente da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), Amaro Lins, a proposta será levada aos conselhos superiores de cada universidade.

De acordo com o modelo apresentado hoje, o aluno do ensino médio poderá prestar o vestibular unificado e, após obter sua nota, se inscrever nas instituições em que quer disputar uma vaga. A idéia é que ele possa eleger cinco opções (entre cursos e instituições), em ordem de preferência. Se a nota não for suficiente para que ele ingresse no curso escolhido como primeira opção por exemplo, ele pode conseguir uma vaga na segundo opção selecionada. O estudante poderá se inscrever tanto em cursos de uma mesma instituição, quanto em instituições distintas.

“Ele terá que hierarquizar suas preferência e a partir disso o estudante será selecionado. Todo mundo tem a sua nota e vai verificar em que instituição tem mais chance. Será um sistema online em que o estudante poderá acompanhar diariamente o número de candidatos com quem ele está disputando as vagas. Se ele achar que não tem condições de sucesso, ele poderá rever essa inscrição até a data limite”, explicou Haddad.

O modelo proposto pelo ministério é semelhante ao utilizado para selecionar os bolsistas do Programa Universidade para Todos (ProUni).

A previsão do MEC é aplicar o novo vestibular em outubro. Mas hoje, durante a reunião, alguns reitores manifestaram a necessidade de que a prova fosse adiantada. Isso para atender o desejo de algumas instituições de aplicar, além do vestibular unificado, uma segunda fase durante o processo seletivo. O ministro afirmou que não sabe se o Inep teria condições de apertar o calendário de 2009. Ele também não quis definir um número mínimo de adesões para que o novo vestibular seja aplicado ainda esse ano.

Amaro Lins avalia que a proposta foi recebida com entusiasmo pelos reitores, mas que os conselhos das universidades são as instâncias apropriadas para dar a palavra final sobre a adesão.

O reitor da Universidade Federal do Vale do São Francisco, José Weber, disse após o encontro que avalia a proposta com cautela. Ele teme que com a possibilidade de que estudantes de outros estados pleiteiem vagas nas universidades federais chamadas por ele de “periféricas”, os alunos moradores dessas regiões sejam prejudicados.

“A idéia pode ser boa, mas para as universidades distantes dos grandes centros pode provocar uma maior disparidade regional. Porque para cursos de medicina, por exemplo, quando você nacionaliza uma prova isso pode fazer com que pessoas com melhores notas se desloquem para estudar em universidades federais mais distantes. E isso pode ser perigoso”, criticou. Weber espera que o ministério possa criar mecanismos para garantir vagas para alunos de regiões mais carentes.

Já o reitor da Universidade Federal de Viçosa (UFV), Luiz Cláudio Costa, diz que pessoalmente aprova o novo modelo e quer aplicá-lo em 2009. “Vamos levar a proposta ao conselho, mas ela é interessante. Precisa agora sair do plano filosófico para o operacional. A questão mais importante é que o vestibular está aí, nós precisamos até junho sair com os editais dos nossos vestibulares. Os estudantes estão inquietos, a comunidade está ansiosa e precisa ter uma resposta, por isso precisamos definir”, afirmou.

O novo Enem será formado por quatro provas e uma redação que devem ser aplicadas em dois dias. A idéia é que sejam realizados testes de linguagens e códigos, matemática, ciências naturais e ciências humanas, cada um com 50 itens.

Agência Brasil

Texto extraído de http://www.infonet.com.br/noticias/ler.asp?id=84368&titulo=educacao

Contos do Mundo: Um Incidente na Ponte de Owl Creek (Ambrose Bierce)

Você acredita nos seus sentidos? Uma narrativa extremamente desafiadora, capaz de jogar com as noções de tempo, espaço e... realidade!

PAÍS DE ORIGEM: EUA
AUTOR: Ambrose Bierce
PUBLICAÇÃO ORIGINAL: 1890

De pé sobre uma ponte ferroviária no norte do Alabama estava um homem olhando para as águas que corriam a uns cinco metros abaixo. Suas mãos estavam atadas atrás das costas. Presa numa viga de madeira, logo acima da sua cabeça, uma corda lhe dava o nó no pescoço e pendia até a altura dos seus joelhos. Ele e seus executores - dois
soldados e um sargento do Exército Federal - estavam sobre um estrado formado por tábuas dispostas sobre os dormentes dos trilhos. Um pouco afastado, na mesma plataforma, estava um oficial armado e cada extremidade da ponte era guardada por um sentinela.

Por um lado, depois de um dos sentinelas, os trilhos entravam pela floresta e perdia-se entre as árvores uns 100 metros além. Do outro lado havia uma área de campo aberto, com uma paliçada de troncos fincados na terra, com vãos esparsos para o uso de armas de fogo. Por uma delas saía a boca de um canhão de bronze, voltado para a ponte. Entre a paliçada e a ponte alinhavam-se os homens da companhia de infantaria, imóveis, mas na posição de descanso. Como estátuas esculpidas na arquitetura da ponte, sentinelas enfileiravam-se diante das margens do rio. Impassível, de braços cruzados, o capitão acompanhava em silêncio o trabalhos dos seus comandados. A morte quando anunciada é sempre recebida com formalidades respeitosas, mesmo para quem esteja com ela familiarizado.

O condenado era uma civil de 35 anos. Traços finos e perfeitos - nariz retilíneo, boca bem formada, testa ampla, cabelos longos, escuros, penteados para trás, cobrindo até a gola do seu casaco de belo corte; usava bigode e cavanhaque e os olhos, cinza escuro, eram grandes. Podiase ver que não se tratava de um criminoso vulgar, mas o código militar liberal previa penas de enforcamento para crimes de guerra, mesmo em se tratando de cavalheiros.

Encerrados os preparativos, os dois soldados se retiraram, cada um levando a tábua que lhe servira de piso. O sargento fez uma continência para o capitão e colocou-se
em seguida atrás dele, que deu um passo para o lado. Essa movimentação deixou o condenado numa das extremidades da prancha e o sargento na outra. A prancha era suportada por três vigas da ponte e a extremidade onde estava o civil ficava em balanço, sem alcançar a quarta viga, e o peso do sargento é que a mantinha equilibrada. Ao sinal da capitão, o sargento daria um passo atrás, a prancha e o civil despencariam.

Nem haviam colocado um capuz, nem vedado os olhos do condenado, e ele pôde observar as águas do rio, lá em baixo, e sua correnteza. Acompanhou com os olhos um tronco que flutuava e parecia se mover lentamente. Que rio mais preguiçoso esse!

Fechou seus olhos, concentrando-se em lembrar da mulher e dos filhos. A água, que refletia o dourado do sol matutino, a névoa sobre ela, o forte, os soldados, o pedaço de madeira - desviavam seu pensamento da tragédia. De repente sentiu que algo o perturbava. Era um som que não conseguia definir - um som agudo, parecido com o malho de ferreiro na bigorna - e o afastava das lembranças de seus entes queridos.
Ele procurava a origem daquele som, paradoxalmente, lhe parecia ao mesmo tempo próximo e longínquo. Repetia-se regularmente, fúnebre. Esperava cada badalada com impaciência e preocupação. Os intervalos foram se tornando cada vez mais longos e exasperantes, e quanto mais se distanciavam, mais intenso ficavam os sons. Chegou a ferir-lhe os ouvidos e o condenado estava a ponto de gritar. Mas, afinal, o que estava escutando era o tique-taque do seu relógio.

Abriu os olhos para ver as águas do rio, sob seus pés. Se conseguisse libertar as mãos, pensou, e livrar-se das cordas, poderia pular. Mergulhando, talvez conseguisse fugir do tiroteio, alcançar a margem e escapar fugindo para a floresta. "A minha casa, graças a Deus, está fora das linhas inimigas. Minha mulher e meus filhos ainda estão para lá da linha alcançada pelos invasores".

Enquanto os pensamentos fervilhavam na cabeça do civil, o capitão fez um sinal para o sargento, que se afastou, saindo de cima da prancha. Peyton Farquhar era dono de uma grande plantação e membro de tradicional família do Alabama. Como proprietário de escravos, político, e escravagista como a maioria deles, era ainda um separatista devotado à causa sulista. Impedido de alistar-se no exército por motivos alheios à sua vontade, reclamava da discriminação que o impedia de ter as regalias militares e a oportunidade de receber honrarias. Mas sabia que teria uma chance, pois, em tempos de guerra, ela chega para todos. Enquanto isso, ia fazendo o que era possível para freqüentar o ambiente militar. Nenhum serviço lhe parecia muito humilde ou nenhuma aventura, demasiadamente perigosa.

Uma tarde, Peyton e sua esposa estavam sentados num banco rústico junto à sua propriedade, quando se aproximou um soldado a cavalo, farda empoeirada, que pediu água. Ele esperou a mulher se retirar para perguntar, curioso, das notícias das linhas de frente.
- Os ianques estão consertando as estradas de ferro - disse o soldado - e se preparam para avançar. Chegaram à ponte de Owl Creek, a refizeram e ainda construíram um forte, na margem norte. O comandante fixou um aviso advertindo que qualquer pessoa surpreendida sabotando a via férrea, pontes, túneis ou trens, será sumariamente enforcada.
- A que distância fica Owl Creek? - perguntou Peyton.
- Uns cinqüenta quilômetros.
- E há soldados do lado de cá do rio?
- Só uma escolta daqui quase um quilômetro, nos trilhos, e um sentinela isolado na cabeceira da ponte.
- Imagine que um homem, estudante de engenharia de pontes, consiga ludibriar a escolta e dominar a sentinela, - perguntou Peyton. - O que ele poderia fazer?
- Estive lá no mês passado - respondeu o soldado, depois de pensar alguns segundos, - e notei que, com as enchentes do último inverno, foram carregados muitos
troncos que se amontoaram do lado de cá das escoras da ponte. Eles agora estão secos e devem queimar facilmente.

A dona da casa chegou com a água e o soldado matou sua sede. Agradeceu em seguida, com delicadeza, despediu-se e partiu. Cerca de uma hora mais tarde, quando já escurecia, ele voltou a passar pela fazenda, dirigindo-se para o norte, de onde viera. Era uma soldado da guarda da guarda avançada federal.

Ao cair entre as vigas da ponte, Peyton Farqhar perdeu a consciência e ficou imóvel. Despertou dessa letargia - que lhe pareceu uma eternidade - com a dor provocada pela
pressão na garganta, que o asfixiava. Acompanhava uma dor aguda e persistente que parecia se espalhar por todas as fibras do seu corpo, por onde, de forma bem definida, essa dor latejava com periodicidade terrivelmente rápida.

Eram torrentes de fogo aquecendo-o à temperatura insuportável. Mentalmente predominava uma sensação de congestão e fartação. Mas o raciocínio não existia, como o sentido intelectual. Apenas sentir era o martírio. Conscientizava o movimento oscilatório, no qual era um núcleo ardente de uma nuvem, como um grande pêndulo.
De repente, aquela luminosidade que o envolvia, parecia solta no espaço e em seguida um som violento de encontro com a água. Então um clamor louco vibrou nos seus ouvidos e tudo era frio e escuro. Restabeleceu-se a capacidade de raciocinar e o homem concluiu que a corda se partira e ele mergulhara no rio. Se abrandara o estrangulamento. A corda em volta do seu pescoço o sufocava mas impedia a entrada de água em seus pulmões. Não concebia morrer enforcado no fundo do rio. Abriu os olhos e viu um feixe de luz, distante, inatingível! Ele continuava a afundar e a luz a perder a intensidade, até quase desaparecer. Mas então seu brilho retornou e Peyton
percebeu que voltava à tona.

Inconsciente de qualquer esforço, com dores agudas no pulso, percebeu que procurava soltar suas mãos. Mas não se concentrou nisso, como quem assistisse um mágico ludibriar as pessoas, sem qualquer interesse no resultado. Então a corda se soltou e os braços do homem flutuaram acima dele, formando vultos difusos, atenuando a claridade que vinha aumentando. Observou-as com interesse ao vê-las se aproximarem do seu pescoço. Libertaram-no da corda afastando-o dela e a corda se foi serpenteando, como se fosse uma cobra.

Seu pescoço doía intensamente; o cérebro parecia arder e o coração saltava, tentando sair pela boca. O corpo torturado se contorcia angustiado. As mãos açoitavam a água com força, empurrando-a para baixo, com braçadas rápidas, impelindo seu corpo para cima. Então sentiu a cabeça emergir e a luz do sol arder nos seus olhos. O peito expandiu-se em estertor e os pulmões sugaram quanto de ar conseguiram, expelindo-o em seguida com um grito de alívio.

Entrou então no controle dos seus sentidos, cuja acuidade estava acima do normal. Na perturbação do seu sistema biológico, alguma coisa o levava a uma percepção de pormenores nunca sentida. A ondulação da água batia-lhe no rosto e ele ouvia as batidas. Na margem via a floresta e os detalhes da vegetação, cada árvore, cada folha, cada nervura, cada inseto. Via os gafanhotos, as moscas de corpo cintilante, as aranhas tecendo suas teias. Ouvia o zumbido dos mosquitos, que bailavam tocando as águas, e das libélulas; ouvia o barulho das pernas das aranhas aquáticas, como remos. Todos esses sons formavam uma sinfonia e ele percebia cada um dos seus acordes. Ouviu até o deslizar de um peixe, cortando a água.

Peyton viera à tona voltado à jusante. Então a visão que tinha, sendo ele o ponto central, passou a girar lentamente. Viu a ponte, o forte, os militares enfileirados,
o capitão, o sargento, os dois soldados e os seus executores, desenhados sobre o céu azul. Eles gritavam e gesticulavam, apontando para ele. Apenas o capitão empunhava uma pistola, mas não atirou. A movimentação deles era grotesca e seus perfis, disformes, horríveis e descomunais.

De repente, ouviu o som de um tiro e algo entrou na água, junto à sua cabeça, e chegou a sentir os respingos no seu rosto. Ouviu outro tiro e viu um dos sentinelas, ainda com a fumaça de pólvora à sua volta, com a arma apontada para ele. Peyton viu, do outro lado da mira, o olho do atirador que o mirava. Notou que o olho era cinzento, lembrando-se de ter lido que os olhos cinzentos eram os mais aguçados... e comuns aos bons atiradores. Mas aquele havia falhado.

Um redemoinho fez Peyton dar uma volta, deixando-o de frente para a floresta, novamente, na margem oposta ao forte. Atrás de si ouvia uma voz alta e clara, num
compasso monótono, que chegava a ele sobrepondo-se a todos os outros sons. Mesmo não sendo militar, Peyton convivera com os soldados o bastante para saber o que significado daquela ladainha.
Aquelas palavras cruéis, ditas cadenciadamente, sem emoção, mas prenunciando a morte de uns para tranqüilizar outros, soavam insensíveis: "Atenção, pelotão!... Ombro!... Arma!... Preparar!... Apontar!... Fogo!"

Peyton mergulhou - tão fundo quanto pôde. A água ciciou nos seus ouvidos como o ribombar do Niágara. Voltando à tona, após o estrondo da descarga, viu pedaços brilhantes de metal, que afundavam lentas e oscilantes para o fundo do rio. Alguns fragmentos tocaram seu rosto e com as mãos retirou outro, que lhe queimava, entre o pescoço e o colarinho.

Quando retornou à superfície, reparou que havia sido levado pela correnteza e estava bem distante dos soldados. Eles tinham acabado de carregar suas armas, com as varetas metálicas a refletir o sol, quase simultaneamente. Os dois sentinelas voltaram a disparar, um de cada vez... e falharam.

O homem acossado, que viu a cena por sobre o ombro, fugia nadando no sentido da correnteza. Seu cérebro, seus braços e pernas, trabalhavam vigorosamente e o raciocínio se desenvolvia com rapidez.

"O oficial" - pensou ele, "não vai cometer o mesmo erro, ordenando uma segunda artilharia. Escapar de uma rajada compacta é tão fácil como de um tiro. Provavelmente vai ordenar que disparem vontade. Deus me ajude! Não vou poder escapar de todos os tiros."

Cerca de dois metros dele, ouviu um intenso chapinhar seguido de um estrondo forte, que ecoou por todos os lados, terminando numa explosão que agitou as águas do
rio. Um verdadeiro lençol de água avançou sobre ele, sufocando-o. Era o canhão participando da caçada! Ao voltar à superfície para respirar, um tiro passou zunindo
sobre sua cabeça, ricocheteando na água, arrebentando galhos na floresta.

"Não farão isso de novo," pensou. "Na próxima vez vem descarga de metralha. Não posso perder o canhão de vista e devo me guiar pela fumaça, porque, quando eu ouvir o
som, já será tarde demais. O projétil é mais rápido. Esse canhão é dos bons."
De súbito começou a rodar como um pião. A água, as margens, a floresta, e, mais distante o forte e os homens, tudo parecia rodar à sua volta numa mancha indefinida,
formando fachas horizontais coloridas. Entrara num forte redemoinho que lhe estonteava e provocava náuseas, sendo depois jogado para o cascalho da margem sul, por trás de uma elevação que o protegia dos seus algozes. A repentina pausa dos movimentos o reconfortou a ponto de fazê-lo chorar de prazer. Apesar das escoriações, encheu suas mãos de areia, jogando-a sobre si mesmo, agradecendo a Deus, quase aos gritos. Confundia areia com diamantes, rubis e esmeraldas, alçando-a entre as suas mais belas visões. As árvores surgiam como plantas de um enorme jardim. Aspirou a fragrância do lugar, que lhe parecia estranhamente ordenado. Um raio de sol, rosado, brilhou entre os troncos e o vento tirava dos ramos um som de harpa. Relaxou-se naquele lindo jardim, pouco disposto a planejar o prosseguimento da fuga.
Foi acordado daquele sonho com o sibilar dos projéteis que voavam sobre a sua cabeça. O atirador lançara uma rajada de tiros onde apenas supunha onde ele estivesse. Peyton deu um salto e subiu correndo a ribanceira, embrenhando-se na floresta. Então, orientando-se pela luz solar, caminhou o dia todo. A floresta não tinha fim, sem clareiras ou trilhas. Ele mesmo não sabia que vivia numa região tão agreste, reconhecendo, na descoberta, que algo havia de misterioso ali.

Ele ainda caminhava, com os pés doloridos e faminto, quando anoiteceu. Animava-o, apenas pensar na mulher e nos filhos. Mas enfim encontrou uma estrada que, intuiu, o
levaria à sua plantação. Era larga, reta, parecendo nunca ter sido usada. Não havia cercas, nem habitações. Nem mesmo o ladrar de um cão, nada indicava a presença de
um ser humano. Margeavam-na vultos negros de árvores formando uma parede que no horizonte terminava num ponto, como num desenho de perspectiva. Acima cintilavam estrelas douradas formando constelações desconhecidas, que ele considerou montadas para enviar uma mensagem maligna. Dos lados, vindos da floresta, sons estranhos e assustadores que, às vezes, lhe pareciam murmúrios numa língua estranha.

O pescoço continuava a doer e, tocando-o com a mão, sentiu que estava bastante inchado. Imaginou que em torno dele se desenhava uma marca escura, marcada pela
corda. Abrandou a febre e a sede pondo a língua para fora, entre os dentes, em contato com o ar frio. Como era macio o tapete formado pela relva, ainda nunca pisada. Ele já não sentia nada sob os pés. Apesar de todo o sofrimento, teria adormecido enquanto caminhava, porque outra visão surgia à sua frente... ou talvez ele estivesse despertando de um delírio. Via-se junto ao portão da sua própria casa. Tudo estava como antes de ter partido - um deslumbrante panorama, sob o sol matutino. Imagina ter viajado a noite toda. Entra e segue pelo caminho amplo e claro à sua frente. Sorrindo com uma expressão calma e jovial, a sua mulher desce da varanda e fica à espera dele no final da escada, mantendo aquele sorriso inefável, numa atitude incomparável de graça e dignidade. Ah, como é bela! Estendendo os braços
ele corre na sua direção, mas, prestes a abraçá-la, sente uma forte pancada na nuca. Ofusca-lhe uma forte luminosidade branca e o som retumbante de um tiro de canhão. Depois, tudo é silêncio e escuridão!

Peyton Farquhar está morto. Seu corpo, com as vértebras cervicais quebradas, balança lentamente de um lado para outro, sob o vigamento da ponte de Owl Creek.

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O AUTOR:
AMBROSE BIERCE
(1842-1914?)
O escritor e jornalista americano, conhecido como "Amargo Bierce" definia que "sozinho" era estar em "má companhia". Bierce fez do cinismo, misturado ao
humor negro, sua marca registrada. Família, nação, raça humana: nada escapava de suas estocadas, até hoje repetidas nos Estados Unidos.
Contista excelente, suas obras são constantes em qualquer antologia de contos americanos.
Aos 71 anos, Bierce seguiu em viagem para o México e sumiu sem deixar rastros. A teoria mais popular diz que ele foi fuzilado pelos revolucionários do exército de Pancho Villa.

Principais Obras:
"O Dicionário do Diabo", "Cruzando o Umbral", "Visões da Noite", "Luar sobre a Estrada", "Um Incidente na Ponte de Owl Creek ", "No Limiar do Irreal", "A Morte de Halpin Frayser ", "O Ambiente Adequado".



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