segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Biografia sobre Clarice Lispector chega às livrarias nesta semana


Biografia sobre Clarice Lispector chega às livrarias nesta semana

Começa a chegar às livrarias nesta semana "Clarice,", a biografia sobre Clarice Lispector (1920-1977), que recebeu críticas positivas nos Estados Unidos.



Livro aborda origem judaica de Lispector, que nasceu na Ucrânia
O livro, escrito pelo jornalista norte-americano Benjamin Moser, revela o terror sofrido pela família judia da escritora durante a Primeira Guerra Mundial e logo após a Revolução Russa na Ucrânia, onde a mãe de Clarice foi estuprada em 1919 por soldados e contraiu sífilis. Ela nasceu em 1920 e cresceu sentindo-se culpada devido a uma antiga crença local de que a gravidez tinha o poder de cura sobre a doença.

Em entrevista exclusiva à Folha, Moser contou que esse sentimento de culpa foi uma espécie de força-motriz da produção literária de Clarice, cujos textos eram marcados por um constante questionamento metafísico.

Clarice nasceu na Ucrânia, foi criada no Recife, adotou o Rio e, logo depois de casar com um diplomata, viveu longos anos mundo afora. Ela morreu um dia antes de completar 57 anos, em 9 de dezembro de 1977.

Uma de suas frases mais famosas: "Eu acho que, quando não escrevo, estou morta."



Clarice foi chamada de alienada, cerebral, "intimista" e tediosa por críticos comunistas linha-dura. Só reagia quando ofendida pela estúpida acusação de que era estrangeira. "Sempre se indignou diante do fato de que havia quem relativizasse sua condição de brasileira", escreveu sua amiga mais próxima. Nascera na Rússia, é certo, mas aqui chegara aos dois meses de idade. Queria-se brasileira sob todos os aspectos."Eu, enfim, sou brasileira", ela declarou, "pronto e pronto."



"Clarice Lispector" já chegou a ser considerado um pseudônimo, e seu nome original só foi conhecido depois da sua morte. Onde exatamente ela nasceu e quantos anos tinha também eram pontos pouco claros. Sua nacionalidade era questionada, e a identidade de sua língua nativa era obscura. Uma autoridade atestará que era de direita, e outra, que era comunista. Uma insistirá que era uma católica devota, embora na verdade fosse judia. Correram às vezes rumores infundados de que seria lésbica, ainda que a certa altura os rumores fossem de que, na verdade, ela seria um homem.

Clarice Lispector não pôde ser enterrada no dia seguinte, o dia de seu aniversário de 57 anos, porque caiu no shabat. Em 11 de dezembro de 1977, no Cemitério Israelita do Caju, não muito longe do porto onde Macabéa passava suas raras horas vagas, Clarice Lispector foi sepultada de acordo com o ritual ortodoxo. Quatro mulheres da sociedade funerária, a Chevra Kadisha, limparam seu corpo por dentro e por fora, envolveram-no num lençol de linho branco, pousaram sua cabeça num travesseiro cheio de terra e a cravaram dentro de um caixão simples de madeira. Foram lidos o Salmo 91, a oração fúnebre "El malei rahamim" e o Kadish dos enterros. Não houve discursos por parte dos presentes. Três pazadas de terra foram lançadas sobre o caixão enquanto soavam as palavras do Gênesis: "Da terra viestes e à terra voltarás". Na lápide, gravado em hebraico, o nome oculto: Chaya bat Pinkhas. Chaya, filha de Pinkhas.

*fonte: Folha de São Paulo

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"Clarice,"
Autor: Benjamin Moser
Editora: Cosac Naify
Páginas: 648
Quanto: R$ 79

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