segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Morreu a poetisa italiana Alda Merini

LUSA

A poetisa italiana Alda Merini, de 78 anos, considerada a última grande expoente deste género em Itália, faleceu no domingo no hospital São Paulo de Milão após doença prolongada, informaram os “media” italianos.


A poetisa italiana morreu aos 78 anos
Merini dedica a sua obra aos excluídos, aos que sofrem e, sobretudo, à loucura. Ela própria esteve internada algum tempo num centro para doentes mentais.

Segundo a própria, existem “dois tempos” na sua poesia. “Um, o primeiro, o tempo da minha adolescência, que surpreendeu alguns leitores pelos voos do verso, pelas assonâncias, pelo relevo dos mitos, e o segundo tempo, que se seguiu ao internamento”.

Merini era considerada a maior poetisa italiana viva e uma das grandes escritoras do século XX em Itália. Nascida em Milão em 1931, começou a publicar poesia aos 15 anos e o seu primeiro livro, “La presenza di Orfeo”, publicado em 1953, obteve o aplauso da crítica, que a acolheu como “uma menina prodígio”.

Ao livro de estreia seguiram-se “Paura di Dio”, de 1955, “Nozze romane”, também de 1955 e “Tu sei Pietro. Anno 1961”, de 1962. Depois, e durante cerca de 20 anos, a poetisa não publicou, só voltando ao contacto com os leitores em 1980 com “Destinati a morire. Poesie vecchie e nuove”.

A sua vida e a sua obra estão marcadas pela alternância entre a loucura e a lucidez, como ficou patente na que é considerada a sua obra mais importante, “A Terra Santa”, de 1984, já traduzida em Portugal, com a qual ganhou vários prémios.

Entretanto, nos finais dos anos 80, Merini inicia-se na escrita de livros em prosa centrados na sua experiência pessoal, com destaque para “L’altra verità. Diario di una diversa”, de 1986, “Il tormento delle figure”, de 1990, “Le parole di Alda Merini”, de 1991, “La vita facile. Sillabario”, de 1996 e “Lettere a un racconto. Prose lunghe e brevi”, de 1998.

Em 1996, Alda Merini tinha sido indigitada para o Prémio Nobel da Literatura, uma candidatura apoiada, sobretudo, pelo escritor italiano Dario Fo (Nobel em 1997). “Era uma extraordinária figura poética, entre as maiores de Itália. Por isso participei activamente na sua candidatura ao Nobel”, declarou Fo.

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