sexta-feira, 1 de maio de 2009

Estudantes contra novo vestibular

Mudanças na estrutura do vestibular, propostas pelo ministro da Educação, Fernando Haddad, mobilizou cerca de 1,5 mil alunos em protesto que começou na avenida Agamenon Magalhães

*Da Folha de Pernambuco - 30.04.2009
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As recentes mudanças na estrutura do vestibular, propostas pelo ministro da Educação, Fernando Haddad, mobilizou cerca de 1,5 mil alunos de escolas públicas e privadas e de cursos pré-vestibulares do Recife, ontem no final da manhã, em protesto que começou na avenida Agamenon Magalhães, culminando na Conde da Boa Vista, no Centro da Capital. A reivindicação estudantil bate de frente com o conjunto de medidas decretadas pelo Ministério da Educação (MEC), como a unificação de vagas das universidades federais do País, migração da prova tradicional para o novo Enem, que passa a ser a mesma prova para todo o Brasil com 200 questões de caráter interpretativo e redação, além da antecipação as avaliações para os dias 3 e 4 de outubro. Até o momento, nem a Universidade Federal nem a Universidade Federal Rural de Pernambuco adotaram o novo modelo.

Segundo o professor de História e diretor do curso de pré-vestibular Nicarágua, Arthur Gonçalves, essas medidas beneficiam alunos das regiões Sul e Sudeste que, segundo ele, têm qualidade de ensino superior aos estudantes do Norte e Nordeste. “Somos a favor de mudar o atual vestibular, desde que seja discutido com a sociedade. O que o ministro quer é voltar a época do coronelismo, empurrando uma medida de cima para baixo, atrasando a educação local. Ele (Haddad) e os reitores precisam conhecer a realidade das escolas antes de propor mudanças”, disparou. Resultados do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de 2008 apontam que, das 50 piores escolas do Brasil, 29 estão localizadas no Nordeste. Em seguida aparece o Centro-Oeste, com nove; Norte, com sete; Sudeste, com quatro; e Sul, com uma. Todas elas tiveram notas entre 25 a 33 pontos. Entre as 50 melhores, apenas seis instituições nordestinas se destacaram.
O professor Adelmo Vasconcelos disse que essa modificação no vestibular afeta diretamente a rotina das escolas e cursos preparatórios. “Isso porque nenhum estudante frequentaria as aulas depois das avaliações, em outubro. Assim, teríamos perda de receita o que pode acarretar em demissões de docentes e até mesmo fechamento de pequenas instituições. Tudo está sendo muito precipitado”, previu.

A presidente da União dos Estudantes Secundaristas de Pernambuco (Uesp), Thays Santos, contou que essa mudança “passa uma falsa ideia de crescimento no número de estudantes ingressando no ensino superior”. “O que precisamos é ter mais vagas nas universidades”, disse. “Essa mudança favorece a elite, que tomará os nossos lugares, pois terão mais chances de ocupar as vagas de graduações locais que são referências em todo o País”, destacou a estudante do 3° do ano Ensino Médio Camila de Paula. De acordo com o presidente da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes), Gilberto Araújo, no dia 13 de maio estão programadas diversas manifestações nas principais capitais do Brasil, em protesto contra o novo vestibular.

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