quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Enem 2009: Questões fáceis vão estar no começo da prova


As questões mais fáceis do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) 2009 vão estar no início da prova. A informação é do presidente do Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira), Reynaldo Fernandes. O nível de dificuldade dos testes vai aumentando à medida que as questões avançam.

O Enem 2009 terá uma redação e quatro provas com 45 questões objetivas, dentro das seguintes áreas: ciências da natureza e suas tecnologias; ciências humanas e suas tecnologias; linguagens, códigos e suas tecnologias; e matemática e suas tecnologias.


Dentre os 45 testes de cada exame, 15 serão fáceis, 15 terão nível de dificuldade médio, e 15 serão difíceis. De acordo com Fernandes, quem não souber uma questão pode arriscar um palpite, pois perguntas que não tiverem resposta preenchida serão consideradas erradas. Ou seja, vale a pena chutar, caso o candidato não saiba a resposta correta.

O gabarito do exame está previsto para ser divulgado apenas às 19h do domingo, 4 de outubro. A escala da nota final, de acordo com o presidente do Inep, ainda não está definida. Os organizadores do Enem estudam a possibilidade de a escala ir de 0 a 1.000 pontos. Para Fernandes, o ideal é que a nota não pareça porcentagem.

O Enem 2009 será aplicado em mais 10 mil escolas no próximo sábado, 3 de outubro, e no domingo, 4 outubro. Fernandes concedeu entrevista em evento realizado pelo Movimento Todos pela Educação, nesta quarta-feira (30).


Candidatos poderão mudar de local de prova
Estudantes que tiverem sido alocados para escolas muito distantes de suas residências ou para outras cidades poderão pedir mudança de local de prova ao Inep. O pedido pode ser feito pelo faleconosco@inep.gov.br até esta quinta-feira (1º), às 12h (horário de Brasília).

No e-mail, o candidato deve informar seu nome, número de inscrição, número de CPF e nome da mãe. É necessário também relatar o problema com o local de prova definido pela instituição.


Dia do Exame
O Enem 2009 será aplicado em 1.826 municípios brasileiros, nos dias 3 e 4 de outubro, da seguinte maneira:


3/10 (sábado): das 13h às 17h30 - prova 1: ciências da natureza e suas tecnologias; e ciências humanas e suas tecnologias.

4/10 (domingo): das 13h às 18h30 - prova 2: linguagens, códigos e suas tecnologias e redação; e matemática e suas tecnologias.

Os portões de acesso aos locais de prova serão abertos às 12h e fechados às 12h55, horário de Brasília (DF). As provas serão aplicadas às 13h, em todo o território nacional. Os locais de prova serão os mesmos nos dois dias. É recomendável que o inscrito compareça ao local de realização da prova com antecedência de uma hora.

A redação deverá ser feita em língua portuguesa e estruturada na forma de texto em prosa, do tipo dissertativo-argumentativo, a partir de um tema de ordem social, científica, cultural ou política.

Por motivos de segurança, o participante só poderá ausentar-se do local de prova após duas horas do início do exame.

Inscrições para o vestibular 2010 da UFPR encerram nesta quarta


A UFPR (Universidade Federal do Paraná) recebe inscrições para o vestibular 2010 até 16h desta quarta-feira (30). A taxa de inscrição, que deve ser paga até 16h desta quarta, custa R$ 72. Treineiros desembolsam R$ 70.

No vestibular 2010, a UFPR oferecerá duas novas opções de cursos de graduação: biomedicina (manhã e tarde), com 30 vagas, em Curitiba; e ciências biológicas com ênfase em gestão ambiental (manhã e tarde), com 80 vagas, em Palotina. Com isso, serão ofertadas 5.334 vagas em 91 cursos. Mais de um terço dessas vagas (33,9%) são para cursos noturnos e 81,8% são para cursos que iniciam no primeiro semestre do ano que vem.

Provas
Os exames do vestibular tiveram as datas alteradas para que os estudantes das escolas do Paraná possam estudar todo o conteúdo curricular até o final do ano. No Estado, o início das aulas foi adiado para 17 de agosto, para evitar a propagação do vírus da gripe A (H1N1).

Com a mudança, a primeira fase do vestibular, que ocorreria em 15 de novembro, passa para o dia 29 de novembro. A segunda fase, que seria aplicada em 6 e 7 de dezembro, foi transferida para os dias 12 e 13 do mesmo mês. Segundo o reitor da UFPR, Zaki Akel Sobrinho, a mudança foi feita para atender às diversas solicitações de estudantes.

Além da mudança de datas, a prova do dia 12 de dezembro sofrerá também redução na duração de 5 horas para 4h30.


Religião
Os candidatos que, por convicção religiosa, sentirem-se impedidos a fazer a prova do primeiro dia da segunda fase (12/12), receberão um atendimento diferenciado.

Eles devem entrar no mesmo horário que os demais candidatos, e aguardar, incomunicáveis, até o pôr-do-sol, quando começarão a resolver a prova. Esses candidatos deverão apresentar um requerimento com esse pedido, acompanhado por uma declaração.


Nota do Enem 2009
O Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) 2009 será contado como parte (10%) do desempenho final. Ou seja, quem não fizer o Enem desse ano terá somente 90% da nota. Os dados referentes à inscrição no exame devem ser informados no ato da inscrição do vestibular.

Edições do Enem anteriores a 2009 não serão consideradas.

Outras informações podem ser obtidas no site da UFPR.

terça-feira, 29 de setembro de 2009

Enem 2009: candidatos sem cartão de confirmação podem fazer prova apenas com RG


Os candidatos do Enem 2009 (Exame Nacional do Ensino Médio) que não tiverem recebido o cartão de confirmação de inscrição pelos Correios poderão fazer a prova apenas apresentando o RG, desde que compareçam ao local de prova definido pelos organizadores do exame. A informação foi dada pelo presidente do Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira), Reynaldo Fernandes, nesta terça-feira (29), em entrevista à rádio CBN.

O presidente pede aos estudantes que consultem o local de prova pelo endereço http://sistemasenem2.inep.gov.br/enemLocalProva/. No site é possível imprimir o cartão de confirmação de inscrição e o questionário sócioeconômico. Para aqueles que não puderem imprimi-los, há a opção de apresentar apenas o RG.


Candidatos poderão pedir mudança de local
Estudantes que tiverem sido alocados para escolas muito distantes de suas residências ou para outras cidades poderão pedir mudança de local de prova ao Inep. O pedido pode ser feito pelo faleconosco@inep.gov.br.

No e-mail, o candidato deve informar seu nome, número de inscrição, número de CPF e nome da mãe. É necessário também relatar o problema com o local de prova definido pela instituição.

De acordo com o MEC, até as 16h desta segunda (28), 400 casos de estudantes com local de prova em municípios diferentes foram encaminhados ao serviço de atendimento do Enem, entre os mais de 4 milhões de participantes. O número de casos de estudantes que fariam o exame em locações muito distantes, segundo a instituição, ocorreu somente em São Paulo, e havia atingido 200 pessoas até ontem.


Dia do Exame
O Enem 2009 será aplicado em 1.826 municípios brasileiros, nos dias 3 e 4 de outubro, da seguinte maneira:


3/10 (sábado): das 13h às 17h30 - prova 1: ciências da natureza e suas tecnologias; e ciências humanas e suas tecnologias.

4/10 (domingo): das 13h às 18h30 - prova 2: linguagens, códigos e suas tecnologias e redação; e matemática e suas tecnologias.

Os portões de acesso aos locais de prova serão abertos às 12h e fechados às 12h55, horário de Brasília (DF). As provas serão aplicadas às 13h, em todo o território nacional. Os locais de prova serão os mesmos nos dois dias. É recomendável que o inscrito compareça ao local de realização da prova com antecedência de uma hora.

Cada área concentra 45 itens de múltipla escolha, distribuídos em blocos de diferentes níveis de dificuldade. Em cada dia serão distribuídos aos participantes quatro diferentes modelos de prova, todos da mesma cor, onde as questões estarão ordenadas diferentemente.

A redação deverá ser feita em língua portuguesa e estruturada na forma de texto em prosa, do tipo dissertativo-argumentativo, a partir de um tema de ordem social, científica, cultural ou política.

Por motivos de segurança, o participante só poderá ausentar-se do local de prova após duas horas do início do exame.


O que levar
Será necessário apresentar original ou cópia devidamente autenticada de documento de identificação, cartão de confirmação de inscrição, folha de respostas do questionário socioeconômico, caneta esferográfica de tinta preta, lápis preto nº 2 e borracha macia.

Durante a realização da prova não será admitida consulta ou comunicação entre os inscritos, nem a utilização de livros, máquinas calculadoras e agendas eletrônicas ou similares, telefones celulares, pagers, bip, walkman, gravador, mp3 ou superior, relógio com calculadora, canetas eletrônicas ou qualquer outro receptor ou transmissor de mensagens.

Os participantes devem evitar também o uso de boné, óculos escuros ou qualquer outro objeto que cubra os cabelos e orelhas, por critérios de segurança.


Depois da prova
Apenas depois de decorridas quatro horas do início do exame o participante poderá deixar sua sala portando o caderno de prova, tanto no sábado quanto no domingo. Caso contrário, ele deverá entregar seu caderno de prova ao aplicador da sala, juntamente com a folha de respostas e a folha de redação (no segundo dia).

Os gabaritos, as provas dos dois dias do Enem 2009 e as regras para que o participante identifique o respectivo modelo de prova estarão disponíveis na internet no domingo, dia 4 de outubro, às 19h, depois do término do exame em todo o território nacional.


Enem no vestibular
O inscrito no Enem terá ainda o direito de participar do vestibular unificado do MEC. Ele poderá optar por cinco cursos em instituições federais e, de acordo com o desempenho, simular a posição na graduação pretendida, em comparação com as notas dos demais concorrentes.

Além de substituir o processo seletivo pela prova do MEC, as universidades federais puderam optar ainda por outras três formas de adesão ao Enem 2009. São elas: substituir apenas a primeira fase do vestibular; combinar a nota do Enem com a nota do vestibular tradicional (nesta modalidade, a universidade fica livre para decidir um percentual do Enem que será utilizado na média definitiva); usar o Enem como fase única apenas para as vagas ociosas da universidade.


Mais informações
O Enem 2009 será aplicado em 10.385 escolas diferentes com, ao todo, 113.857 salas de prova. Outras informações podem ser obtidas no site do Inep; pelo Programa Fala Brasil (telefone 0800-616161), das 8h às 20h; ou pelo e-mail faleconosco@inep.gov.br, das 8h às 20h, inclusive nos dois dias de prova.

Veja quem são os vencedores do Prêmio Jabuti 2009


A Câmara Brasileira do Livro divulgou hoje a lista com os três primeiros colocados de cada uma das 21 categorias do 51º Prêmio Jabuti. Os vencedores das categorias Livro do Ano Ficção e Livro do Ano Não-Ficção serão revelados durante a cerimônia de premiação, no dia 4 de novembro, na Sala São Paulo.

Tradução

1º lugar -"A Morte de Empédocles / Friedrich Hölderlin", Marise Moassaba Curioni (Iluminuras).
2º lugar -"Satíricon", Cláudio Aquati (Cosac Naify).
3º lugar -"Os Irmãos Karamázov - 2 Volumes", Paulo Bezerra (Editora 34).

Arquitetura e Urbanismo, Fotografia, Comunicação e Artes

1º lugar - "Coleção Princesa Isabel - Fotografia do Século XIX", Bia e Pedro Corrêa Lago (Capivara Editora)
2º lugar - "Árvores Notáveis - 200 Anos do Jardim Botânico do Rio de Janeiro" (livro e guia de bolsa), Andréa Jakobsson Estúdio Editorial (Andréa Jakobsson Estúdio Editorial)
3º lugar - "Tarsila do Amaral", Lygia Eluf (Imprensa Oficial do Estado)

Teoria/Crítica Literária

1º lugar -"Monteiro Lobato: Livro a Livro", Marisa Lajolo e João Luís Ceccantini (Editora Unesp / Imprensa Oficial)
2º lugar -"Pensamento e 'Lirismo Puro' na Poesia de Cecília Meireles", Leila V. B. Gouvêa (Editora Universidade de São Paulo)
3º lugar -"Literatura da Urgência Lima Barreto no Domínio da Loucura", Luciana Hidalgo (Annablume Editora)

Projeto Gráfico

1º lugar -"Fazendas Mineiras", Marcelo Drummond & Marconi Drummond (Cemig)
2º lugar -"A História do Brazil de Frei Vicente de Salvador", Maria Lêda Oliveira (Versal Editores)
3º lugar -"Isay Weinfeld", Roberto Cipolla (Bei Editora)

Ilustração de Livro Infantil ou Juvenil

1º lugar -"O Matador", Odilon Moraes (Editora Leitura) - BH
2º lugar -"De Passagem", Marcelo Cipis (Schwarcz)
3º lugar - "Alfabeto de Histórias", Gilles Eduar (Editora Ática)

Ciências Exatas, Tecnologia e Informática

1º lugar - "Introdução à Quimica da Atmosfera - Ciência, Vida e Sobrevivência", Ervim Lenzi e Luzia Otilia Bortotti Favero (LTC - Livros Técnicos e Científicos Editora)
2º lugar - "Fundamentos de Metrologia Científica e Industrial", Armando Albertazzi G. Jr. e André R. de Souza (Editora Manole)
3º lugar - "Mapa do Jogo", Lucia Santaella e Mirna Feitoza (Cengage Learning Edições)

Educação, Psicologia e Psicanálise

1º lugar -"A Voz e o Tempo", Roberto Gambini (Ateliê Editorial)
2º lugar -"Religiosidade e Psicoterapia", Claudia Bruscagin, Adriana Sávio, Fátima Fontes e Denise Mendes Gomes (Editora Roca)
3º lugar - "Educação à distância: o Estado da Arte", Fredric Michael Litto (Pearson Education do Brasil)

Reportagem

1º lugar -"O Livro Amarelo do Terminal", Vanessa Bárbara (Cosac Naify)
2º lugar -"O Sequestro dos Uruguaios - uma Reportagem dos Tempos da Ditadura", Luiz Cláudio Cunha (L&P Editores)
3º lugar -"1968 - o que Fizemos de Nós", Zuenir Ventura (Editora Planeta do Brasil)

Didático e Paradidático

1º lugar - "História e Cultura Africana e Afro-Brasileira", Nei Lopes (Barsa Planeta Internacional)
2º lugar - "Meu primeiro álbum de piano solo", Dulce Auriemo (D.A. Produções Artísticas)
2º lugar - "Coleção cidade educadora - Diário de bordo do aluno 1 - Volume Amarelo", Áureo Gomes Monteiro Júnior, Célia Cris Silva e Júlia Scandiuci Figueiredo (Aymará Edições e Tecnologia)
3º lugar - "Literatura Infantil Brasileira: um Guia para Professores e Promotores de Leitura", Vera Maria Tietzmann Silva (Cânone Editorial)

Economia, Administração e Negócios

1º lugar - "Valores Humanos & Gestão. Novas Perspectivas", Maria Luisa Mendes Teixeira (organizadora) (Editora Senac São Paulo)
2º lugar -"Estratégia e Competitividade Empresarial - Inovação e Criação de Valor", Luiz Carlos Di Serio e Marcos Augusto de Vasconcelos (Saraiva)
3º lugar - "Meio Ambiente e Crescimento Econômico: Tensões Estruturais", Gilberto Dupas (Editora Unesp)

Direito

1º lugar - "Introdução ao Pensamento Jurídico e à Teoria Geral do Direito Privado", Rosa Maria de Andrade Nery (Editora Revista dos Tribunais)
2º lugar -"Execução", José Miguel Garcia Medina (Editora Revista dos Tribunais)
3º lugar -"Código de Processo Civil - Comentado Artigo por Artigo", Daniel Mitidiero e Luiz Guilherme Marinoni (Editora Revista dos Tribunais)
3ºlugar - "Atual Panorama da Constituição Federal", Carlos Marcelo Gouveia (Saraiva)

Biografia

1º lugar - "O Sol do Brasil", Lilia Moritz Schwarcz (Schwarcz)
2º lugar -"José Olympio, o Editor e sua Casa", José Mario Pereira (GMT Editores)
3º lugar -"O Santo Sujo: a Vida de Jayme Ovalle", Humberto Werneck (Cosac Naify)

Capa

1º lugar - "Moby Dick", Luciana Facchini (Cosac Naify)
2º lugar -"Jovem Stálin", João Baptista da Costa Aguiar (Schwarcz)
3º lugar -"Introdução à filosofia", Rex Design (Editora WMF Martins Fontes)

Poesia

1º lugar -"Dois em um", Alice Ruiz S. (Editora Iluminuras)
2º lugar -"Antigos e soltos: poemas e prosas da pasta rosa", Instituto Moreira Salles (Instituto Moreira Salles)
3º lugar -"Cinemateca", Eucanaã Ferraz (Schwarcz)
3ºlugar - "Outros barulhos", Reynaldo Bessa (edição do autor)

Ciências Humanas

1º lugar - "História do Brasil - Uma Interpretação", Adriana Lopez e Carlos Guilherme Mota (Editora Senac São Paulo)
2º lugar - "Veneno Remédio", José Miguel Wisnik (Schwarcz)
3º lugar - "A Aparição do Demônio na Fábrica", José de Souza Martins (Editora 34)

Ciências Naturais e Ciências da Saúde

1º lugar - "Fundamentos de Dermatologia", Marcia Ramos-e-Silva e Maria Cristina Ribeiro de Castro (Editora Atheneu)
2º lugar -"Oftalmogeriatria", Marcela Cypel e Rubens Belfort Jr. (Editora Roca)
3º lugar - "Guia de Propágulos & Plântulas da Amazônia", José Luís Campana Camargo et al (Inpa)

Contos e Crônicas

1º lugar -"Canalha! - crônicas", Fabricio Carpinejar (Editora Bertrand Brasil)
2º lugar -"Ostra feliz não faz pérola", Rubem Alves (Editora Planeta do Brasil)
3º lugar -"Os comes e bebes nos velórios das gerais e outras histórias", Déa Rodrigues da Cunha Rocha (Auana Editora)

Infantil

1º lugar - "A Invenção do Mundo Pelo Deus-Curumim", Braulio Tavares (Editora 34)
2º lugar -"No Risco do Caracol", Maria Valéria Rezende e Marlette Menezes (Autêntica Editora)
3º lugar - "Era Outra Vez um Gato Xadrez", Leticia Wierzchowski (Editora Record)

Juvenil

1º lugar -"O fazedor de velhos", Rodrigo Lacerda (Cosac Naify)
2º lugar -"Cidade dos deitados", Heloisa Prieto (Cosac Naify)
3º lugar -"A distância das coisas", Flávio Carneiro (Edições SM)

Romance

1º lugar -"Manual da Paixão Solitária", Moacyr Scliar (Schwarcz)
2º lugar -"Órfãos do Eldorado", Milton Hatoum (Schwarcz)
3º lugar -"Cordilheira", Daniel Galera (Schwarcz)

Tradução de obra literária Francês-Português

1º lugar -"O Conde de Monte Cristo", André Telles e Rodrigo Lacerda (Jorge Zahar Editor)
2º lugar - "Topografia Ideal para uma Agressão Caracterizada", Flávia Nascimento (Editora Estação Liberdade)
3º lugar - "A Elegância do Ouriço", Rosa Freire D'aguiar (Schwarcz)

Romance de Moacyr Scliar vence Prêmio Jabuti 2009

Foram anunciados hoje, em São Paulo, os vencedores da 51ª edição do Prêmio Jabuti. A organização do prêmio literário divulgou os três ganhadores (primeiro, segundo e terceiro lugares) em cada uma das 21 categorias do concurso.

O escritor Moacyr Scliar, venceu na categoria romance com o livro "Manual da Paixão Solitária".

Os prêmios serão entregues no dia 4 de novembro, em cerimônia que acontece na Sala São Paulo. Na ocasião, serão anunciados os vencedores nas categorias livro do ano ficção e livro do ano não ficção.

O primeiro lugar em cada categoria recebe R$ 3 mil, e os autores dos melhores livros do ano de ficção e não-ficção ganham a quantia de R$ 30 mil cada um.

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Autores finalistas do Prêmio Jabuti na categoria Romance comentam as indicações


*da Folha Online

Entre surpresa, felicidade e postagens no Twitter, os dez autores de romances que integram a lista dos finalistas do Prêmio Jabuti 2009 demonstraram diversos tipos de reações ao saber da indicação. De maneira análoga, as dez obras que disputam a láurea mais tradicional das letras brasileiras apresentam uma grande multiplicidade de estilos, formatos e temáticas. Quem ganha com isso, mais do que estes notórios escritores, é a literatura brasileira e os seus leitores.

Segundo a CBL (Câmara Brasileira do Livro), os três vencedores em cada categoria serão anunciados no dia 29 de setembro. Já a cerimônia de premiação, quando serão divulgados os Livros do Ano de ficção e não-ficção, está prevista para acontecer em 4 de novembro, na Sala São Paulo (região central da capital paulista).

A pedido da Livraria da Folha, os dez autores finalistas na categoria Romance responderam a quatro perguntas cada, versando sobre suas reações e as características de suas obras. Confira:

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Lista dos finalistas na categoria Romance

"A Parede no Escuro", de Altair Martins

"Flores Azuis", de Carola Saavedra

"Cordilheira", de Daniel Galera

"Um Livro em Fuga", de Edgard Telles Ribeiro

"O Livro dos Nomes", de Maria Esther Maciel

"Órfãos do Eldorado", de Milton Hatoum

"Manual da Paixão Solitária", de Moacyr Scliar

"Galiléia", de Ronaldo Correia de Brito

"Heranças", de Silviano Santiago

"Satolep", de Vitor Ramil

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Altair Martins


O escritor o gaúcho Altair Martins discute a falência das instituições
Qual foi a sua reação ao saber que "A Parede no Escuro" estava entre os finalistas do Jabuti?
Altair - Bem, o Jabuti é a mais tradicional premiação do Brasil, e isso me deixa honrado. Já fui finalista com meus dois livros anteriores, de contos, e me senti, por isso, premiado. Estar na lista novamente é, para mim, o recomeço a que eu aspirava: estar sendo lido e referendado como um dos livros que fizeram 2008.

Quais você acredita serem os méritos que levaram o seu livro a figurar como finalista do prêmio?
Altair - Creio que tematizo a falência da "firma social" a partir da decadência dos referentes --o pai, o estado, a família, a palavra verdadeira, o professor, o homem. Enfim, o romance aborda o esfarelamento dessas paredes que sustentam nossa sociedade. Diagnosticando uma vida cuja tônica é a superficialidade, busco discutir nosso tempo: como num cataclismo de dominós, vivemos numa época na qual nada mais se sustenta. Há ainda a consideração dos leitores de que a imagem que reproduzo do sistema educacional brasileiro, fruto das minhas experiências como professor de vários níveis, é atualizada e legítima.

A obra foi uma das vencedoras do Prêmio São Paulo de Literatura
Quais as características que você mais gosta nesta obra especificamente?

Altair - "A Parede no Escuro" tem seu forte na linguagem. Proponho narradores múltiplos sem divisão entre eles. Reconhecemos quem narra tão somente pela linguagem. Para isso, busquei fazer laboratório léxico para cada personagem, guardando particularidades linguísticas em envelopes. Onira, por exemplo, usa um verbo "pegar" como auxiliar para suas ações ("peguei e fui beber água"), além de plurais econômicos e vocabulário próprio, no qual se resgatam termos arcaicos que ainda sobrevivem na linguagem oral.

Fale um pouco do processo criativo deste livro. Como surgiu a ideia para este romance?
Altair - O romance nasceu da ideia de discutir a paternidade como instituição falida no Brasil. Como um país sem pai, órfão de referências, imitamos, falsificamos e desfazemos nossa realidade a todo instante. Como resolver um tema assim em narrativa? Pensei justamente no atropelamento de uma figura paterna, da qual emanassem todos os desmoronamentos morais. A estrutura busca, justamente, lançar escuridão nas paredes que, enquanto realidade, nos sustentam.

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Carola Saavedra


A obra de Carola Saavedra oferece diversas possibilidades de leitura, trazendo os personagens que vivem situações limite
Qual foi a sua reação ao saber que "Flores Azuis" estava entre as finalistas do Jabuti?
Carola - Fiquei muito contente. Quem publica, normalmente o faz porque espera algum tipo de reconhecimento, e estar entre os finalistas de um prêmio com o prestígio do Jabuti é um desses claros sinais de que o seu trabalho está sendo bem recebido.

Quais você acredita serem os méritos que levaram o seu livro a figurar como finalista do prêmio?
Carola - É muito difícil para o autor fazer esse tipo de análise, já que gostar ou não de um livro é algo muito subjetivo. Acredito que o "Flores Azuis" de alguma forma correspondeu ao que os críticos consideram literatura de qualidade, com algo novo a dizer.

Quais as características que você mais gosta nesta obra especificamente?
Carola - Gosto que ela tem várias possibilidades de leitura, desde a mais superficial, uma história de amor, até a mais complexa, um pequeno ensaio sobre as relações entre escrita e leitura.

Fale um pouco do processo criativo deste livro. Como surgiu a ideia para este romance?
Carola - A ideia surgiu do que para mim é interessante na literatura, ou seja, a possibilidade de criar um enredo que agrade ao leitor mas que ao mesmo tempo não subestime a sua inteligência. E surgiu também da minha necessidade de criar uma história na qual a protagonista vivesse uma situação limite. No meu livro anterior, o "Toda Terça", os personagens eram bastante covardes na sua forma de se relacionar com o mundo, e eu queria trabalhar com o outro extremo, com personagens corajosos, de uma coragem quase suicida.


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Daniel Galera



O autor Daniel Galera, que postou sobre a indicação no Twitter, espera que sua obra motive diversão e reflexão nos leitores
Qual foi a sua reação ao saber que "Cordilheira" estava entre os finalistas do Jabuti?
Daniel - Mencionar o fato no meu Twitter.

Quais você acredita serem os méritos que levaram o seu livro a figurar como finalista do prêmio?
Daniel - Realmente não sei dizer, e como autor não acho que estou em posição de apontar méritos do meu próprio livro. Isso é para a comissão julgadora, críticos e leitores.

Quais as características que você mais gosta nesta obra especificamente?
Daniel - Gosto do jogo entre imaginação e realidade e dos detalhes metaficcionais e metaliterários que procurei embutir no romance. Esses trechos foram divertidos de escrever e são resultado de uma reflexão séria sobre o assunto. Espero que possam motivar diversão e reflexão no leitor também.

Fale um pouco do processo criativo deste livro. Como surgiu a ideia para este romance?
Daniel - As primeiras ideias que usaria no "Cordilheira" surgiram ainda em 2006, logo depois da publicação do "Mãos de Cavalo". Comecei a bolar uma história protagonizada por uma jovem autora que se envolvia com uma seita de escritores que se interessavam por um personagem de um livro dela. Mais tarde incluí a obsessão da narradora em ter um filho sozinha. Por fim, a viagem a Buenos Aires que fiz pelo projeto "Amores Expressos" (www.amoresexpressos.com.br/) consolidou o conceito do romance.

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Edgard Telles Ribeiro


O diplomata Edgar Telles Ribeiro se disse surpreso com a indicação
Qual foi a sua reação ao saber que "Um Livro em Fuga" estava entre os finalistas do Jabuti?
Edgard - De surpresa, pois não esperava mesmo. É a terceira vez que entro nessa lista dos dez, sendo que nas duas anteriores tirei um segundo lugar, na categoria Contos, com um livro intitulado "Histórias Mirabolantes de Amores Clandestinos", pela editora Record; e um terceiro lugar, na categoria Romance, para um livro chamado "Olho de Rei", também pela Record (e que logo depois ganhou o Prêmio de Melhor Obra de Ficção 2006 da Academia Brasileira de Letras --vá você entender dessas coisas!). Mas nada esperava para "Um Livro em Fuga" porque, de todos meus nove livros (entre romances e contos), esse foi o que menos críticas recebeu. O silêncio foi quase geral e as vendas têm sido modestas (o que ocorre comigo com certa frequência...). Daí minha surpresa (agradável, diga-se passagem...).

Quais você acredita serem os méritos que levaram o seu livro a figurar como finalista do prêmio?
Edgard - O romance trata de perdas e seguramente os eleitores, ou membros do júri, se terão aberto para um tema com o qual, mal ou bem, cedo ou tarde, todos nós convivemos de um forma ou outra. No caso de meu livro, o personagem, funcionário internacional da ONU há muitos anos, vive em um país asiático imaginário (sou, eu próprio, diplomata de carreira há quarenta anos e vivo, no momento, na Tailândia, de onde te escrevo). Meu personagem, então, para voltar a ele, vive e trabalha nesse país imaginário (uma colagem que fiz a partir da Tailândia, Laos, Camboja, Mianmar, Vietnã, países que fui conhecendo por viver nestas bandas), e é contra esse pano de fundo, tão distinto do nosso, brasileiro (e, nas coisas essenciais, tão parecido ao nosso) que ele, digamos, "lambe suas feridas existenciais". Estas têm a ver, entre outras, com mais um casamento desfeito; com uma mãe idosa indo devagarinho para outras dimensões; com o desencanto frente a um mundo no qual os valores se desfazem em quase todos os planos; com a perda da juventude face à idade que avança; etc. etc..

A obra trata de perdas, mas abre também espaço para a esperança

Quais as características que você mais gosta nesta obra especificamente?
Edgard - Ao fim das contas, o espaço que se abre para a esperança. (Essa é, pelo menos, uma de minhas "leituras" do livro.). Porque o tempo todo em que a linha narrativa se desenvolve, o personagem escreve um livro --"um livro em fuga"--, obra que escapa continuamente a seu controle, como se corresse sempre a sua frente... Mas que ele persegue assim mesmo. Em dois momentos da história, o personagem faz uma breve viagem ao Brasil. Nas duas ocasiões, confronta de mais perto cada uma dessas vertentes de suas perdas e desafios (a ex-mulher, que a essa altura já refez sua vida, o que provoca nele um mal-estar inesperado e certa dose de arrependimento; a velha mãe, meio perdida em suas neblinas mentais; um antigo amigo com quem vive um momento marcado pela nostalgia; uma antiga namorada com quem volta e meia recomeçava um caso, e que aqui, fiel a essa tradição, se entrega a ele uma vez mais --para, chegado o momento da despedida, informar que vai se casar em breve (o que representa mais uma porta que se fecha...), etc. etc. O clima predominante é de melancolia, mas a maneira com que a história é contada também abre espaço para o humor, o que confere ao livro sua leveza. Esse equilíbrio acaba gerando (pelo menos foi essa minha intenção) uma brecha para a esperança a que aludi acima.

Fale um pouco do processo criativo deste livro. Como surgiu a ideia para este romance?
Edgard - O livro é muito calcado em minha vida (funcionário internacional da ONU é o que mais se aproxima de um diplomata) e no fato de viver em um país distante há mais de três anos, "onde durmo quando meus compatriotas estão acordados e trabalho quando eles dormem" (estou me citando meio de orelhada); lidava, além do mais, na época, com a saúde de minha mãe que, muito fragilizada, vivia momentos de perda de lucidez (desde então ela felizmente se recuperou, mas acompanhei de perto esse processo e chego até a achar que ajudei a retirá-la dessa ''neblina" com... um jogo de dominós, a que se seguiu um baralho, que a fez jogar, muito timidamente, e cheia de hesitações, uma primeira paciência. Daí passamos ao desafio de escrevermos um conto juntos (cada qual contribuindo com uma frase ou duas), etc. etc. Tudo isso aconteceu em minha vida real --e tudo foi parar no livro. Em minha vida particular, embora esteja casado, tive dois divórcios, que terão deixado suas marcas. E, por força de minha profissão, sinto-me cada vez mais exposto a um mundo marcado pela injustiça, por força de todo tipo de pressões (sociais, demográficas, políticas) ou perigos (militares, terroristas), quase sempre frutos, esses últimos, de intransigências (por incompreensões, ou conflitos herdados do passado e mal resolvidos no presente). Contra esse pano de fundo, contudo, o artista, apesar de tudo, insiste: e escreve seu livro. Só que... Se trata de um livro em fuga... Que de tanto fugir acabou se refugiando entre outros nove em Jabutiland. Foi salvo por seus aliados! E agora torce por cada um deles...

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Maria Esther Maciel

Branca Maria de Paula/Divulgação

Maria Esther já se sente premiada por estar entre os dez finalistas
Qual foi a sua reação ao saber que "O Livro dos Nomes" estava entre os finalistas do Jabuti?
Maria Esther - O que senti foi uma mistura de surpresa e alegria. Ter um livro entre os dez finalistas de um prêmio de tanto prestígio como o Jabuti é motivo para qualquer escritor brasileiro já se sentir premiado, independentemente do resultado final. Além disso, estou muito bem acompanhada: é uma lista que inclui autores que muito admiro, o que reforça ainda mais a minha satisfação.

Quais você acredita serem os méritos que levaram o seu livro a figurar como finalista do prêmio?
Maria Esther - Eu mesma me faço essa pergunta. Um júri se compõe de diferentes subjetividades, preferências, exigências e expectativas. Cada jurado tem seus próprios critérios, ainda que estes possam coincidir com os de outros. Portanto, não arrisco a levantar com firmeza os possíveis méritos que teriam sido considerados para a escolha do meu livro. Talvez os jurados tenham considerado o caráter híbrido e desmontável do livro, visto que ele ultrapassa os limites convencionais dos gêneros literários para se afirmar, simultaneamente, como um romance, um conjunto de narrativas e uma espécie de enciclopédia ficcional. Podem ter valorizado o fato de que cada leitor, assumindo um papel ativo na construção da obra, pode compor --a partir da combinação dos vários nomes, personagens e histórias-- um romance diferente. Quem sabe teriam levado em conta o trabalho com a linguagem? Mas pode não ter sido nada disso também.


"O Livro dos Nomes" conta histórias entrelaçadas de 26 personagens

Quais as características que você mais gosta nesta obra especificamente?
Maria Esther - Gosto da ideia de jogo que a atravessa. Me diverti muito ao escrever "O Livro dos Nomes", mesmo não tendo sido fácil estruturá-lo. Foi um árduo exercício de pesquisa e montagem, mas que me deu muito prazer. Digo que um dos desafios foi aliar experimentalismo e experiência vital, usar algumas estratégias formais e, ao mesmo tempo, não permitir que estas ofuscassem os dramas cotidianos vividos pelos personagens. Estou convicta de que a verdadeira matéria-prima que sustenta este livro é a vida.

Fale um pouco do processo criativo deste livro. Como surgiu a ideia para este romance?

Maria Esther - Os dicionários e as enciclopédias sempre me interessaram, desde criança. Durante muito tempo cultivei o desejo de compor um livro nesse formato, mas com fins poético-ficcionais. Também sempre tive apreço pelo ato de contar histórias e encaixá-las uma dentro da outra. Foi assim que surgiu a ideia de "O Livro dos Nomes". Primeiro fiz uma longa lista de nomes próprios e depois me pus a pesquisar dicionários onomásticos e obras afins. A escolha dos 26 nomes que integram o livro não seguiu nenhum critério preestabelecido. Foi, sim, bem arbitrária. Eu já tinha também rascunhos mentais de vários personagens, além de uma coleção de histórias vividas, ouvidas e inventadas. Restava-me, então, combinar tudo isso e criar o romance. O que me deu mais trabalho foi costurar as partes, armar a trama genealógica, entrelaçar de forma coerente os detalhes de vida dos personagens. A maneira que encontrei para não me perder foi escrever o livro de forma não-sequencial. Ao invés de seguir a ordem alfabética de A a Z, optei por um viés, digamos, mais relacional. Comecei pelo Antônio, depois parti para Sílvia (mulher dele), os filhos Eugênia, Ulisses e Vanessa, a empregada da casa (Irene) e a avó desta, Quitéria. E assim por diante. Dessa maneira, tive um controle maior do conjunto e me preservei da dispersão.

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Milton Hatoum



O escritor amazonense Milton Hatoum dedicou a obra a sua mãe
Qual foi a sua reação ao saber que "Órfãos do Eldorado" estava entre os finalistas do Jabuti?
Milton - Fiquei contente. Acredito que o meu contentamento tenha contagiado os personagens do livro.

Quais você acredita serem os méritos que levaram o seu livro a figurar como finalista do prêmio?
Milton - Essa resposta cabe aos editores e críticos que elegeram o livro. Quando se trata da minha obra, prefiro não mencionar méritos ou qualidades.

Quais as características que você mais gosta nesta obra especificamente?
Milton - A novela é um gênero difícil porque, além de ser um texto conciso, exige uma tensão constante no desenvolvimento do enredo. Por isso, foi difícil juntar muitas questões numa narrativa de cem páginas. O que me deixou mais contente foi o fato de minha mãe, que estava muito doente, ter tido tempo para ler um livro dedicado a ela.


Em uma narrativa enxuta, o livro conta o mito da "cidade encantada"


Fale um pouco do processo criativo deste livro. Como surgiu a ideia para este romance?
Milton - "Órfãos do Eldorado" faz parte da coleção "Mitos", da editora escocesa Canongate. A ideia dessa coleção é escrever um texto ficcional a partir de um mito escolhido pelo autor. Escolhi a "cidade encantada", um mito amazônico e também universal, pois os mitos são narrativas que pertencem a muitas culturas. A fonte principal de "Órfãos do Eldorado" foi uma história contada pelo meu avô materno, que era um grande narrador oral. No começo, alimentei a expectativa de escrever um romance, mas depois de alguns meses de trabalho percebi que o assunto se ajustava a uma narrativa mais enxuta, mais seca e despojada. O que seria uma árvore frondosa, tornou-se uma palmeira nua. Foi um exercício narrativo de concisão e contenção, um desafio que enfrentei com muito trabalho, mas também com muito prazer.

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Moacyr Scliar


Inspirado na história do patriarca bíblico Judá, o autor Moacyr Scliar tentou equilibrar emoção e humor em "Manual da Paixão Solitária"
Qual foi a sua reação ao saber que "Manual da Paixão Solitária" estava entre os finalistas do Jabuti?
Moacyr - Foi de grande satisfação. O Jabuti é hoje um prêmio que venceu a barreira do tempo, que se impôs pela consistência, pela seriedade. Para qualquer escritor brasileiro ele representa um invejável reconhecimento.

Quais você acredita serem os méritos que levaram o seu livro a figurar como finalista do prêmio?
Moacyr - Fiz o melhor livro que pude. E o fiz buscando inspiração num texto que é fundamental para a nossa cultura, o Antigo Testamento; baseei-me numa narrativa que nos comove não pelo caráter religioso, mas porque mergulha fundo na condição humana. Escrevi com prazer, escrevi com emoção, escrevi valorizando a forma literária --e acho que todas essas coisas, de alguma maneira, aparecem.

Quais as características que você mais gosta nesta obra especificamente?
Moacyr - É a combinação de emoção com humor, uma combinação que busco em tudo que leio e nos textos que escrevo.

Fale um pouco do processo criativo deste livro. Como surgiu a ideia para este romance?
Moacyr - A narrativa bíblica que deu origem a meu livro, a história do patriarca Judá, de seus filhos e de Tamar, com quem todos, de uma forma ou outra, tem relação é tão intensa quanto sintética. E, por ser sintética, desafia-nos a criar uma história que preencha os enigmas. Desafio irresistível!


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Ronaldo Correia de Brito


A obra "Galiléia", do escritor cearense Ronaldo Correia de Brito, já venceu o Prêmio São Paulo de Literatura como melhor livro do ano
Qual foi sua reação ao saber que "Galiléia" estava entre os finalistas do Jabuti?
Ronaldo - Fiquei feliz porque o Jabuti é um prêmio literário de muito prestígio e tradição.

Quais você acredita serem os méritos que levaram o seu livro a figurar como finalista do prêmio?
Ronaldo - Acredito que "Galiléia" traz propostas novas para o romance brasileiro. O livro revisita paisagens e temas que pareciam esgotados por Euclydes, Guimarães Rosa, Graciliano e Suassuna, para citar apenas esses. Ao fazê-lo, atualiza o imaginário em torno desse lugar real e mítico chamado sertão.

Quais as características que você mais gosta nesta obra especificamente?

Ronaldo - Gosto dos experimentos com a linguagem, das várias formas de narrativas e do enredo. O livro trata de questões bem atuais, como a busca de um lugar pelos personagens, que percorreram o mundo e não o encontram; retornam às origens e constatam que ali eles também já não podem viver.

Fale um pouco do processo criativo deste livro. Como surgiu a ideia para este romance?
Ronaldo - O livro surgiu da observação dos movimentos migratórios e da inadaptação de algumas sociedades ao mundo globalizado. Demorei oito anos escrevendo "Galiléia". Sou lento ao escrever e mais ainda para publicar. Meu primeiro conto, "Lua Cambará", saiu publicado no livro "Faca", da Cosac Naify, trinta e três anos após ter sido escrito. Trabalho com a "memória inventada", como Fellini se referia aos seus filmes. É bem difícil de alcançar esse ponto em que a história se transforma em ficção, através de metáforas, da poesia e da metafísica.

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Silviano Santiago



Silviano Santiago ressalta os contrapontos que compõem o livro
Qual foi a sua reação ao saber que "Heranças" estava entre os finalistas do Jabuti?
Silviano - De alegria, porque é um prêmio que respeito. Tem tradição e grande prestígio nacional. Ao reconhecer um romance escrito na terceira idade é como se estivessem reconhecendo a extensa e multifacetada obra que venho executando a duras penas. O fardo da vida literária fica mais leve.

Quais você acredita serem os méritos que levaram o seu livro a figurar como finalista do prêmio?
Silviano - Numa época em que narrador e personagens padecem do raquitismo congênito aos gêneros ficcionais curtos (e me refiro também aos livros mais bem realizados), "Heranças" é um romance que batalha por apresentar ao leitor a dramatização dum espectro abrangente de homens e de mulheres da classe alta que, ao desenharem os próprios destinos, construíam a nação brasileira.


O autor buscou inspiração nos romances franceses do século 19

Quais as características que você mais gosta nesta obra especificamente?
Silviano - Gosto da composição geral do livro, expressa pelo número dois. Dois computadores, por exemplo. Num se escreve o romance, noutro as escrituras do comércio. Duas cidades, Belo Horizonte até a velhice, Rio de Janeiro às vésperas da morte. A irmã e o irmão, dum lado, e o Pico Dois Irmãos, no Leblon, do outro. Retrato do Brasil e viagens pelo estrangeiro. Homens fracos ou confusos em contraponto a mulheres fortes e decididas. E assim por diante. Gosto da composição binária por enredar o leitor e não ser (acredito) pesada.

Fale um pouco do processo criativo deste livro. Como surgiu a ideia para este romance?
Silviano - Vem de longe. E não estaria sendo pedante ao dizer que a ideia inicial tinha algo a ver com o romance francês do século 19, que conheço razoavelmente bem, com Machado de Assis e certo Graciliano Ramos e com leituras recentes do "Rei Lear", de Shakespeare. O processo criativo do romance tem tudo a ver com minhas raízes mineiras. No passado, pouco me debrucei sobre meu estado natal, e devia esta aos meus conterrâneos.

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Vitor Ramil


Vitor Ramil destaca a combinação entre textos e imagens da obra
Qual foi a sua reação ao saber que "Satolep" estava entre os finalistas do Jabuti?
Vitor - Eu não estava esperando. Acabava de chegar de Buenos Aires, onde havia gravado um disco, e minha cabeça estava no mundo da música. Então foi uma surpresa. E uma alegria, claro, porque é o Jabuti, um prêmio sério e de imenso prestígio, o mais importante. Para quem, como eu, está em seu segundo livro, é o maior dos estímulos.

Quais você acredita serem os méritos que levaram o seu livro a figurar como finalista do prêmio?
Vitor - É difícil para mim responder a essa pergunta, falar de meu próprio livro. Posso recorrer aos comentários do meu editor. Segundo ele, para quem sou um autor novo, mas de estilo muito marcante, é um livro pouco comum para os tempos atuais: além da forma original, talvez única, em sua combinação de texto e imagens, de texto de fôlego e pequenas histórias, é um livro de muitas "entradas", pois pode ser lido como ficção, história, suspense, memória, poesia, como romance de ideias, como literatura experimental. O que sim posso dizer com segurança é que a edição é primorosa, como costumam ser os livros da Cosac Naify. É aquele tipo de livro que a gente quer guardar e cuidar. Eu me refiro à sua qualidade gráfica e editorial.


A obra retrata a cidade de Pelotas, invertendo seu nome no título


Quais as características que você mais gosta nesta obra especificamente?
Vitor - Ao escrever me deliciei muito com o desafio formal, e também com o trabalho de encontrar uma voz racional, clássica para um personagem que luta para provar sua lucidez enquanto descreve algo que aponta para sua loucura. Gostei de dar forma a uma cidade com a qual sonho desde a infância, e de ter conseguido que o texto, em sua diversidade, correspondesse à diversidade dessa cidade e de seus habitantes. Muitos leitores me afirmam tê-lo lido como quem experiencia algo. Era exatamente o que eu buscava.

Fale um pouco do processo criativo deste livro. Como surgiu a ideia para este romance?
Vitor - Comecei escrevendo pequenas ficções para fotos da cidade de Pelotas tiradas em 1922. O projeto, originalmente, se resumiria a isto: instantâneos literários para instantâneos fotográficos. Já me parecia uma forma bem interessante. Depois, uma das pequenas histórias se estendeu e terminei desenvolvendo um texto longo que seria costurado pelas pequenas histórias, ou que as costuraria. Essa pequena história que se estendeu tinha um narrador que voltava de trem para Satolep. A trama do romance se desenvolveria a partir dele. Achei que essa forma era ainda mais interessante e desafiadora. E gosto do trabalho de desenvolver o texto longo, de diariamente deixar esse nosso mundo por outro. O processo de escritura deve ter levado, com muitas interrupções, uns oito anos. Acho que esse tempo foi fundamental para o resultado do texto. Uma cidade não se faz rapidamente.

Finalistas em Contos e Crônicas falam sobre chances de vencer Jabuti


*da Folha Online

A Câmara Brasileira do Livro anunciará, nesta terça-feira (29), os três vencedores de cada uma das categorias do 51º Prêmio Jabuti. Já a cerimônia de premiação está marcada para acontecer na Sala São Paulo (região central da capital paulista), em 4 de novembro.

Para saber mais sobre as obras finalistas na categoria Contos e Crônicas, a Livraria da Folha pediu para que os autores falassem sobre seus livros e revelassem se realmente esperam conquistar o prêmio. Veja abaixo a lista dos indicados e a opinião dos autores:

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Lista dos finalistas na categoria Contos e Crônicas

"Canalha!" (Fabrício Carpinejar)
"101 Crônicas - Ungáua!" (Ruy Castro)
"Ó" (Nuno Alvares Pessoa de Almeida Ramos)
"Rasif" (Marcelino Freire)
"Ostra Feliz Não Faz Pérola" (Rubem Alves)
"Os Comes e Bebes nos Velórios das Gerais e Outras Histórias" (Déa Rodrigues da Cunha Rocha)
"Ping Pong: Chinês por um Mês" (Felipe Machado)
"Crônicas e Outros Escritos de Tarsila do Amaral" (organizado por Laura Taddei Brandini)
"Antologia Pessoal" (Eric Nepomuceno)
"Cheiro de Terra - Contos Fazendeiros" (Lucília Junqueira de Almeida Prado)
"O Silêncio dos Amantes" (Lya Luft)
"Vatapaenses Vasos Comunicantes" (Sergio de Almeida Bruni)
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FABRÍCIO CARPINEJAR

Fabrício Carpinejar apresenta um retrato poético e divertido do homem contemporâneo

Como você sintetiza "Canalha!"?Fabrício - Crônicas de um homem que busca se recolocar no corpo mais do que no mercado. Que aprendeu a ser feminino sem abdicar da virilidade. Que combate preconceitos e seduz à luz do dia. "Canalha" é um jeito de amar; a franqueza é coragem. Posso dizer ao leitor que ponho as gafes fora porque são as melhores histórias. Só homem sério fica envergonhado. O homem que ri tem autocrítica suficiente para tirar proveito dos seus defeitos. O livro é um pouco disso: humor e poesia, confissão e invenção, é olhar um pouco mais demorado para nossa vida que ela logo deixa de ser insignificante.

Ficou surpreso com a indicação?
Fabrício - Sim, não sou de esnobar aniversário, muito menos presentes fora de hora.

Acha que suas chances de vencer são grandes?
Fabrício - Tenho bons colegas ao meu lado, não farei book maker ou jogo do bicho. Depois que deixei minha adolescência, tudo é vitória. Quando perco, escrevo. Quando ganho, escrevo. Escrever já é minha comemoração.

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RUY CASTRO

"Ungáua!", do colunista Ruy Castro, traz 101 crônicas publicadas na Folha de S.Paulo

Como você sintetiza "Ungáua!"?
Ruy - É a minha primeira experiência no texto curto -- aliás, curtíssimo! Cada texto do "Ungáua!" tem, no máximo, 1.770 caracteres de computador, o que não deixa de ser um desafio para quem está acostumado a produzir livros como "Carmen - Uma Biografia", vencedor do Prêmio Jabuti de 2005, e que tinha 2 milhões de caracteres! (risos) E, como se sabe, quanto mais curto, mais difícil de escrever. O desafio está em tentar passar todas as ideias pertinentes ao tema que se escolheu, usando um mínimo de palavras e, mesmo assim, apenas as palavras eficientes, as indispensáveis. Não há espaço para cascata. E tudo isso tentando não perder o humor e um certo charme da escrita. Realmente, é um desafio!

Ficou surpreso com a indicação?
Ruy - Juro que sim. "Ungáua!", por mais que eu me orgulhasse dele, vinha tendo, por vários motivos, uma carreira modesta. Um dos motivos é o de que, por ser composto de artigos publicados originalmente na Folha, foi ignorado pelos outros jornais. Parecia destinado a se tornar um livro "cult" na minha obra, querido apenas pelos poucos que o leram nesse formato. De repente, o livro tirou a sorte grande com a indicação ao Jabuti.

Acha que suas chances de vencer são grandes?
Ruy - Sem dúvida. O difícil é passar pela peneira dos dez. Chegando lá, tenho tantas chances quanto os outros nove indicados. E eu gosto muito de ganhar o Jabuti.

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Nuno Ramos classifica seu livro como "próximo da poesia", com textos entrelaçados
NUNO ALVARES PESSOA DE ALMEIDA RAMOS

Como você sintetiza "Ó"?
Nuno - Diria que o "Ó" é um livro próximo da poesia. O seu veículo são ensaios, falsos ensaios, que vão se entrelaçando, passando livremente de um assunto ao outro.

Ficou surpreso com a indicação?
Nuno - Totalmente surpreso.

Acha que suas chances de vencer são grandes?
Nuno - Sinceramente, não faço ideia.

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MARCELINO FREIRE


Marcelino Freire diz que os seus contos falam de saudade, de identidade e de guerras

Como você sintetiza "Rasif"?
Marcelino - Mais um livro de contos de um pernambucano que só tem fôlego para escrever contos e eta danado! Nesse volume, e desta vez, contos (cirandas) que falam de saudade, de identidade, de guerras particulares e nucleares. No "Rasif", volto enviesado ao Recife. "Rasif" é a origem do nome Recife, em árabe. "Mar que Arrebenta", subtítulo do livro, é a origem tupi-guarani do nome "Pernambuco". Em resumo: "Rasif" é o lugar que inventei, digamos, para habitar meus personagens, a saudade que sinto, as falas que ouço e ave!

Ficou surpreso com a indicação?
Marcelino - Juro a você que, quando escrevo um livro, não fico pensando em prêmios. Se eles vêm, amém e ótimo. Bom que venham "destacar" um trabalho assim, feito sem nenhuma concessão. Agradeço, mas sem maiores expectativas. Nem de surpresa nem de exagerada alegria.

Acha que suas chances de vencer são grandes?
Marcelino - Juro, repito, que prefiro não ficar medindo o tamanho das minhas chances. Estou com uma obra em andamento, em construção. Agradeço a indicação ao Jabuti, divido a honraria com a Editora Record, mas o que tenho de fazer é continuar escrevendo, escrevendo, escrevendo. O resto sai na purpurina, entende? E vamos que vamos.

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RUBEM ALVES


Para Rubem Alves, o que um artista deseja é ver a sua obra reconhecida e amada

Como você sintetiza "Ostra Feliz Não Faz Pérola"?
Rubem - Esse título é uma metáfora. Metáfora é uma palavra ou conjunto de palavras que significa uma outra coisa, parecida. A palavra "ostra" parece sugerir que estou falando sobre moluscos... Mas não estou... Ostra feliz não faz pérola: ela continua simplesmente a ser ostra, boa para ser comida. Mas a ostra infeliz, ostra que tem um grão de areia a lhe fazer sofrer, essa ostra trata de fazer uma pérola em torno do grão de areia, para deixar de sofrer. Da dor nasce da beleza! Isso é uma parábola para a criatividade: as pessoas que sofrem tratam de fazer coisas bonitas --música, quadros, jardins, poemas, livros, para deixar de sofrer... Beethoven, Cecília Meireles, Van Gogh eram ostras que sofriam e, por isso, produziram o belo.

Ficou surpreso com a indicação?
Rubem - Fiquei... Agradavelmente surpreso. Todos somos como Narciso que se apaixonou por sua imagem --ao ponto de morrer. O que um artesão ou artista deseja é ver a sua obra reconhecida e amada. Para mim ser incluído entre os escolhidos já é uma alegria.

Acha que suas chances de vencer são grandes?
Rubem - Eu acho que o livro "Ostra Feliz Não Faz Pérolas" tem algum valor. Já recebi muitas demonstrações de pessoas que leram o livro e gostaram dele. Seria uma alegria ganhar o Prêmio Jabuti. Mas não tenho critérios para dizer "tenho chances grandes" ou "minhas chances não são grandes".

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DÉA RODRIGUES DA CUNHA ROCHA


Em seu livro, Déa Rodrigues fala sobre a comida mineira e de histórias típicas do interior

Como você sintetiza "Os Comes e Bebes nos Velórios das Gerais e Outras Histórias"?
Déa - Eu acho que ele é um livro despretensioso. Foi uma captação da história de Minas Gerais, da comida mineira e de histórias bem típicas do interior do Estado. Aí esta o valor do livro, porque é uma coisa muito singela, onde todos os contos são autênticos, fruto de uma pesquisa em busca das receitas mineiras. Eu acabei colecionando histórias engraçadas de velórios, onde algumas dessas receitas eram servidas. Histórias malucas, engraçadas e algumas picantes. Muitas pessoas disseram que meu livro era muito desrespeitoso, imoral, mas não tem nada disso.

Ficou surpresa com a indicação?
Déa - Eu estava vindo de Minas para São Paulo quando me ligaram pra avisar. Eu fiquei um pouco assustada, porque é muita responsabilidade, mas fiquei muito honrada. Foi gratificante e totalmente inesperado, porque meu livro não é uma superliteratura, é um livro singelo, na linguagem do povo.

Acha que suas chances de vencer são grandes?
Déa - De jeito nenhum, já foi uma honra de grande tamanho ter sido indicada. Eu não tenho nenhuma pretensão, porque pra mim isso já foi uma homenagem e um alento, no sentido de que eu posso continuar nessa linha, que não é tão maluca quanto algumas pessoas me fizeram acreditar.

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FELIPE MACHADO


Felipe Machado conta as aventuras de um jornalista brasileiro pela China Olímpica

Como você sintetiza "Ping Pong - Chinês por um Mês"?
Felipe - Ele nasceu de um blog e é uma mistura de diário e guia sobre a China; a parte "diário" trata de agosto de 2008, mês da Olimpíada de Pequim, e traz reflexões sobre o que eu chamo no livro de "Revolução Olimpíca". A parte "guia" traz muitas dicas e serviços de Pequim e Xangai, em uma abordagem divertida que serve para quem quer viajar ou simplesmente conhecer melhor a China. E ainda há uma bela coleção de imagens, feitas pelo fotógrafo Nilton Fukuda.

Ficou surpreso com a indicação?
Felipe - Fiquei bastante surpreso, sim, até porque nem sabia que a editora Artepaubrasil inscreveria o livro na categoria Contos e Crônicas. Achei que seria apenas na categoria Projeto Gráfico, e aí acho que não teria sido tão surpreendente porque acho que o projeto do Daniel Kondo, que traz uma série de referências ao famoso livro vermelho do Mao Tse-Tung, ficou muito legal. Mas saber que "Ping Pong", um livro despretensioso que nasceu de um blog, foi considerado um dos dez melhores lançamentos do ano em uma categoria nobre como Contos e Crônicas foi, sim, uma surpresa maravilhosa.

Acha que suas chances de vencer são grandes?
Felipe - Ah, difícil dizer, não é? Gostaria de ganhar o prêmio, claro, mas já estou bastante feliz por ter sido indicado. Mesmo assim, vou torcer muito e acompanhar as próximas fases da premiação. E aproveito para agradecer à CBL e aos jurados que o escolheram. Xie Xie! (obrigado).

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LAURA TADDEI BRANDINI

Vinicius Brandini/Divulgação

Laura Brandini foi indicada por obra que reúne todas as crônicas publicadas por Tarsila
Como você sintetiza "Crônicas e Outros Escritos de Tarsila do Amaral"?
Laura - Este livro reúne pela primeira vez todas as crônicas publicadas por Tarsila em jornais de São Paulo e do Rio de Janeiro, bem como artigos publicados em outros periódicos, poemas, o único conto da pintora e um manuscrito, misto de narrativa e de estudo para uma tela. O livro apresenta uma grande quantidade de material inédito sobre Tarsila, figura emblemática da cultura brasileira, jogando luzes sobre facetas muito pouco conhecidas da pintora. Com a leitura do conjunto de textos compilado, anotado e estudado no volume, três Tarsilas vêm à tona: a Tarsila saudosa dos áureos anos 20, quando privou da companhia de alguns dos mais importantes artistas e intelectuais radicados em Paris, como Picasso, Fernand Léger, Blaise Cendrars, Jean Cocteau e outros; a Tarsila curiosa e pesquisadora, sempre buscando aprimorar seu conhecimento enciclopédico por meio de leituras; e a Tarsila ativa participante de seu tempo, durante os anos 30, 40 e 50, divulgando eventos culturais, estimulando os novos talentos da literatura e das artes e tomando posição em polêmicas da época.

Ficou surpresa com a indicação?
Laura - Fiquei surpresa por eu ser uma estreante, pelo fato de o livro ser o resultado de meu primeiro trabalho de pesquisa, iniciado durante minha graduação. Fiquei sobretudo bastante contente com a indicação, e não posso deixar de pensar em Tarsila, pois afinal são os textos dela que estão sendo tão bem avaliados, que têm despertado tanto interesse. Gostaria que ela tivesse podido saborear esse reconhecimento todo, presente também em um campo que não o da pintura.

Acha que suas chances de vencer são grandes?

Laura - Para ser sincera, eu nunca acompanhei a dinâmica de prêmios literários e não sei bem qual é o perfil de um ganhador do Prêmio Jabuti. Sei que são todos grandes livros, mas não sei se normalmente se premiam obras de caráter mais literário, ou se o júri pode preferir obras de vocação documental, por exemplo. Todos os demais finalistas da categoria Contos e Crônicas são fortíssimos candidatos, e não sei se "Crônicas e Outros Escritos" pode sagrar-se vencedor. Vou esperar o resultado com serenidade.

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ERIC NEPOMUCENO



Eric Nepomuceno foi indicado pelo livro que mostra sua trajetória de 35 anos de escrita
Como você sintetiza "Antologia Pessoal"?
Eric - É a reunião de contos escritos entre 1973 e 2008. Está lá o primeiro conto que escrevi, e estão dois até agora inéditos. É o que selecionei da minha trajetória de 35 anos de escrita, de contos que estavam espalhados em seis livros publicados no Brasil, na Argentina e no México... Em resumo: para alguém que nunca leu nenhum livro meu, essa antologia traz o que eu gostaria de dizer.

Ficou surpreso com a indicação?
Eric - De certa forma, sim. Nunca espero ser indicado, nunca penso no assunto. Aliás, o Jabuti é um prêmio em que o autor não se inscreve, isso é feito pelo editor. Não estava nem pensando nisso.

Acha que suas chances de vencer são grandes?
Eric - Na verdade, não estou preocupado com isso, não crio expectativas. Se ganhar, ótimo. Se não ganhar, nada muda. Estou é preocupado com terminar meu livro novo, que devo entregar à Record no começo de 2010.

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LYA LUFT


Coletânea de contos feitos por Lya Luft (foto) marca o retorno da autora ao gênero da ficção
Como você sintetiza "O Silêncio dos Amantes"?
Lya - É como toda a minha ficção, meu verdadeiro território, embora eu também escreva ensaio, cronica, poesia e infantil. Meus "Amantes" falam do drama existencial na sua crueza, dor e também magia. Só lendo mesmo...

Ficou surpresa com a indicação?
Lya - Não sou uma autora muito premiada, de modo que nunca pensei ser indicada. Acho que, sim, foi uma surpresa. Eu nao fazia idéia de nada, até ver na imprensa que eu estava entre os indicados... entao fiquei surpresa,sim.

Acha que suas chances de vencer são grandes?
Lya - Não faço idéia, sinceramente. Muita gente boa concorrendo...

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SERGIO DE ALMEIDA BRUNI

Sergio Bruni diz que seu livro busca transparecer toda a magia da Bahia
Como você sintetiza "Vatapaenses Vasos Comunicantes"?
Sergio - Uma síntese da minha obra poderia ser a tentativa de, através de abaianantes crônicas, engravidar nossos sonhos apresentando dez escritos que buscam passar um pouco da magia das gentes, da natureza, do espírito e do ecumenismo religioso que conformam aquele espaço que atende pelo aromático nome de Bahia de Todos os Santos. Começa com a Crucifixação do Pau-Brasil e vai aspergindo gotas de cores, em suas malagueteantes páginas, chegando enluaradamente a Pierre Verger, o bruxo franco-baiano-mundano...

Ficou surpreso com a indicação?
Sergio - Fiquei surpreso, mas com a humildade que Deus me deu, o aspecto mais apetitoso do livro foi sua integral doação para a Pastoral do Menor, da Cúria Metropolitana do Rio de Janeiro.

Acha que suas chances de vencer são grandes?

Sergio - Quanto às chances de vencer, creio que todos os selecionados têm. Espero que o melhor ganhe. Para mim, só de estar entre os 10 escolhidos, minhas escrevinhações estão em festa!

Mafalda, a contestatária, festeja 45 anos na terça-feira


Mafalda, a personagem de quadrinhos que o argentino Quino idealizou para um anúncio a electrodomésticos, transformou-se numa das mais improváveis e divertidas comentadoras políticas da actualidade mundial nos anos 1960. Celebra 45 anos na terça-feira.

De traços simples, cabelo negro farto e muito opinativa, Mafalda surgiu pela primeira vez a 29 de Setembro de 1964 nas páginas do semanário argentino Primera Plana. Quino, então com 32 anos, nunca adivinharia o sucesso daquelas tiras humorísticas, que se prolongaram por nove anos.

Joaquin Lavado (Quino) imaginou Mafalda para um anúncio publicitário a uma marca de electrodomésticos, no qual lhe pediram que desenhasse a história de uma família típica da classe média.


Fonte: Agencia Lusa

domingo, 27 de setembro de 2009

'Um gênero que renega a si mesmo', por Walter Siti


'Um gênero que renega a si mesmo'

Entre todos os gêneros literários, o romance é o único que tem necessidade de renegar-se a si mesmo. O século XVIII, aquele em que o gênero se consolida, está repleto de romances que negam sua natureza: "hoje, o mundo se acha tomado de romances e de contos de aventura em tal grau, que é difícil uma história fatual ser tomada por verdadeira", escreve Defoe no prefácio a Moll Flanders; "esse romance não é um romance", escreve Rousseau no segundo prefácio de A nova Heloísa; "mas isso não é um romance", assegura Diderot em Jacques, o fatalista. Já no final do século XVII, Madame de La Fayette, escrevendo ao cavalheiro de Lescheraine, falava acerca da Princesa de Clèves, "não é de forma alguma um romance: são, exatamente, algumas memórias"; e, ainda no final do século xix, os veristas se recusam a chamar de romances os seus textos (Louis Desprez, defendendo-se no processo contra Autour d'un clocher, declara em aula: "a palavra romance não convém mais aos nossos estudos sociais").


"Se este fosse um romance"; "não como ocorre nos romances" etc., tornam-se a tal ponto lugares-comuns que alguns romancistas fazem uma reivindicação de segundo grau: contrariamente àquilo que todos dizem, o meu, em vez disso, é justamente um romance. "Se tu és algum deles, a quem basta dizer que são verdadeiros os acontecimentos para que neles acreditem, ou a quem não seja admissível gozá-los porque são falsos, és por demais sério, por demais crédulo, e não escrevi para ti", assim Giovanni Ambrogio Marini, no prefácio a Calloandro fedele, demonstra o orgulho pela própria invenção; com mais malícia iluminista, Laclos adverte, "não garantimos a autenticidade desta coletânea, pois temos fortes razões para crer que se trate apenas de um romance", e acrescenta que as personagens das Relações perigosas manifestam tão maus costumes, que "é impossível supor que tenham vivido em nosso século".



Os paratextos (prefácios, notas, posfácios, advertências do editor etc.) são usados para desculpar-se, para justificar-se. Os motivos pelos quais o romance envergonha-se de si mesmo são concretamente dois: 1. o romance provoca nos leitores devastações psicológicas e, no grau máximo, faz enlouquecer; 2. o romance é conspurcado pelo dilúvio de romancistas péssimos e superficiais. Assim, quando o Berger extravagant se apresenta como "antirromance" e o Ercole tedesco, de Bucholtz, como "romance anti-Amadis", isso se deve ao primeiro motivo; quando Jacques, o fatalista ou Tristram Shandy pensam em si mesmos como "antirromances", fazem-no sobretudo pelo segundo motivo.



Na verdade, tem razão Gotthard Heidegger, um pastor luterano, autor de uma invectiva proferida em 1698 contra os romances: "um romance sempre se reduz à sátira venenosa de um outro". Haveria As relações perigosas sem A nova Heloísa, ou A princesa de Clèves sem Astrée, ou Anna Kariênina sem Madame Bovary?



Comecemos pelo segundo motivo: o romance é, desde o início de sua história, e onde quer que tenha aparecido, um gênero desacreditado. Difundido de modo notável no mundo grego, em pouquíssimos casos os romances chegaram até nós, porque eram indignos de consideração e de comentários, e escritos geralmente sobre bases péssimas. Na literatura chinesa, enquanto os livros de poesia e os ensaios eram conservados com grande escrúpulo filológico, os romances foram mutilados e sofreram inserções de toda ordem. Os literatos, que não obstante os escreviam e compravam, ter-se-iam sentido menosprezados quando lhes reconhecessem a paternidade.



Aristóteles, na Poética, não fala dos romances; Horácio, na Ars poetica, silencia sobre eles; Tasso os considera um desvio da epopeia; Boileau, tocando de leve no assunto, com uma condescendência que é pior do que o silêncio, diz que em um romance frívolo pode-se perdoar tudo porque nada se pode pretender, basta que, transcorrendo, divirta. Ainda em 1774, von Blanckenburg, perguntando-se por que não teria havido até aquele momento na Alemanha uma reflexão crítica sobre o romance, responde "porque se acreditou que não valesse a pena refletir sobre um gênero de escritos voltados apenas ao entretenimento das massas". Sem leis nem regras, sem sequer necessitar daquele pouco de técnica necessária para os versos, o romance serve para qualquer um e qualquer um pode escrevê-lo; "a composição de romances, ao contrário, requer apenas papel, pena e tinta, e a capacidade manual de servir-se deles", assim escreve Fielding em Tom Jones. Muitos dos romances processados no correr dos séculos são de jovens desenfreados, que "escrevem aquilo segundo seu capricho […] não sabem nada, escrevem segundo o que lhes vem à cabeça", como lamenta o núncio apostólico Francesco Vitelli, denunciando em 1642 à Cúria romana o Corriero svaligiato, de Ferrante Pallavicino. A acusação geral é que os romances baixam o nível cultural, promovem a curiosidade e o mexerico em prejuízo da "littérature savante". Os romances acabam com o hábito de pensar: "não se relê um romance", escreve Vauvenargues ainda em 1745.



Em média, os romances custam menos do que outros livros, têm grandes tiragens e, portanto, dependem do índice de aceitação do público. Tasso conta que o padre Bernardo decidira compor o Amadis com base numa única ação, segundo as regras de Aristóteles, mas ocorreu que "quando ele começou a ler, os aposentos estavam cheios de gentis-homens que ouviam, mas, ao fim e ao cabo, todos haviam desaparecido; disso deduziu que a unidade da ação era pouco agradável por sua natureza". O fato de "agradar ao vulgo" é a acusação que Trissino dirige ao Orlando furioso, e Tasso admite, escrevendo a Scipione Gonzaga, haver procurado na Jerusalém libertada "o aplauso dos homens medíocres". Em 1642, em Gênova, Anton Giulio Brignole Sale se apresta a publicar os primeiros quatro livros de sua Storia spagnola, temendo que "a comichão de tais composições" deixe de "prurir", candidamente intentado a "secundar o curso da torrente, enquanto durar". O romance do século XVIII inglês seria impensável sem a busca do sucesso de público: o próprio Fielding, que é o mais culto e que tenciona reagir ao descrédito do romance, admoesta que "um autor deveria considerar-se não como um senhor que dá um banquete particular ou beneficente, mas como quem dirige um restaurante". Certamente, não faltam defensores do romance (e romancistas) que tentaram reabilitá-lo aproximando-o da epopeia e da tragédia, ou que afirmam,



como Pierre-Daniel Huet em 1670, que um romance "não é julgado pelo número, mas pela competência de quantos o estimam". É necessário, porém, chegar a Rousseau para que se ouça qualquer um dizer que "um romance deve ser vaiado, odiado, feito em pedaços pelas pessoas elegantes". Nos séculos XIX e XX, um setor do romance se torna um gênero de elite, mas um outro setor muito amplo continua a ser um gênero de massa: as acusações que se faziam ao romance são as mesmas que ora se fazem à ficção televisiva.



As autoridades civis e religiosas, condenando o romance, sempre e em toda parte estiveram preocupadas com sua ampla difusão (tanto é verdade que um leitmotiv nas alocuções dos advogados de defesa é que, ao contrário, cada romance custa muito, e é escrito de maneira tão difícil, que não está ao alcance dos incultos); para proteger os fracos da obscenidade e da sedição, naturalmente, mas também (e nisso tiveram sempre como aliados os pedantes da academia e os críticos da alma bela) para defender a honra da cultura contra a vulgaridade de um círculo vicioso que, a pretexto de se adequar à demanda, acaba por perverter o gosto das massas mediante uma oferta de qualidade inferior.



A se fazer bem as contas, justamente a vocação que tem de obedecer ao prazer dos leitores é que leva o romance para perto daqueles centros delicados em que o prazer entra em atrito com a realidade; sua vulgaridade, em suma, é condição daquela perspicácia antissistemática que constitui sua força; costear (e cortejar) o "discurso dos ignorantes" favorece as "intensidades livres" (como as chama Gianni Celati) do romance, e lhe promove uma forma particular de consciência que consiste, mais do que num generalizante "eu penso", numa "série de 'eu sinto' que é fruída por descontinuidade". A concessão proteiforme e indisciplinada às dobras do presente, o "não ter a honra", impele o romance a territórios pantanosos em que os outros gêneros não penetram. Exemplares são, acerca disso, as vicissitudes da língua; o desmazelo linguístico, que desde o início lhe é atribuído, abre as portas à "língua comum", entendida como adequação entre uma personagem e seu modo de falar - do "latim dos libertos" na "Ceia de Trimalquião", passando pela grosseria engraçada nas Facezie de Poggio Bracciolini, que foi o humanista descobridor da "Ceia" ("há coisas que não posso dizer de modo mais elegante, porque devo me referir a elas como as disseram as personagens que introduzi nessas conversas"), até a atenção dos romances epistolares do século XVIII à conservação das imperfeições linguísticas dos remetentes etc.



"A publicidade clamorosa e romântica é uma perigosa sugestão aos espíritos fracos ou enfraquecidos. Eu disse o mesmo para as tragédias passionais a dois"; esse telegrama de Mussolini, de janeiro de 1926, endereçado aos diretores de jornais e não aos romancistas, atesta que o peso da repressão já se deslocara; o romance não assusta mais porque é lido por uma minoria. Ao mesmo tempo, atribuindo aos "fatos relevantes" o mesmo influxo maléfico que sempre foi censurado nos romances, Mussolini involuntariamente faz o melhor elogio daquele "romance potencial" que todo o tempo se recusa à própria institucionalização como gênero, e que obstinadamente tenta reduzir (sem anular) a distância entre o acidente informe da vida e o abstrato absoluto da beleza.



Em 1735, père Bougeant distinguia entre "Basse" e "Haute Romancie"; mas, desde suas origens, o romance foi marcado por um destino de duplicidade. Aquiles Tácio e Heliodoro são já romancistas "reflexivos", que jogam ironicamente com os mecanismos triviais do gênero; o mesmo se diga do enorme esnobismo de Petrônio. Por isso, o romance se renega a si próprio, porque deve buscar a própria profundidade virando-se do avesso como uma luva. Nos Discorsi dell'arte poetica, Tasso teoriza acerca da possibilidade de um nível duplo de escrita, capaz de atrair quer o vulgo quer os "entendidos".



Poder-se-ia afirmar que até mesmo o realismo nasce no romance em virtude dessa "obsessão de duplicidade": não é a Loucura de Erasmo que diz que sem as ilusões, sua dádiva, "por trás de Minerva se encontra uma porca"? Tal será a experiência do pobre Dom Quixote, mas já o autor refinado do Lazarilho purgava e parodiava nos infortúnios do pícaro os sonhos de aventura "nobre". A grande voga do Dom Quixote no século xviii inglês relaciona-se ao fato de que a forma modesta e agressiva do novel se legitima no contraste paródico com os preciosos in-fólio dos romance franceses. Uma vez fixado que o nível trivial do entretenimento é o da aventura fabulosa e elevada, o problema do realismo moderno é sobredeterminar o cotidiano para torná-lo significativo e simbólico sem recorrer aos "truques" da fábula. A oposição "corriqueiro/extraordinário" não é senão um caso particular da oposição "verossímil/maravilhoso". Se uma escritora de romances como Mademoiselle de Montpensier foi obrigada a desdobrar o lugar exótico e fabuloso de Paflagônia na mais conhecida Paris ("nada se parecia mais com a place Royale do que a praça onde estava o seu palácio"), nas Cartas de Valincour sobre a Princesa de Clèves se faz notar que a recusa "extravagante" de casar Némours transporta a protagonista "ao reino dos Amadis", e Charles Gildon critica Defoe, dizendo que, no fundo, o seu Robinson Crusoé "é só um romance". O autor, escreve Smollett no prefácio a Roderick Random, "representando cenas familiares de pontos de vista divertidos e incomuns, as investe do atrativo da novidade, ao passo que em todos os particulares se refere à natureza"; mas Rousseau pergunta a si mesmo, em A nova Heloísa, "vale a pena registrar o que alguém pode ver todos os dias em sua casa, ou na casa do seu vizinho?". A resposta que o romance ocidental realista se dará a si mesmo será a psicologia, o "caráter surpreendente e insondável do coração".



Duplo por natureza, se o trivial é identificado na cansada repetição de estereótipos pseudorrealistas, eis que o romance reivindica seu próprio direito à fantasia: é o caso, obviamente, de Roussel ou de Borges, mas também de Blixen e de Morante (sem contar o "renascimento do romance" que foi provocado pelo entrecruzamento de tradições fabulatórias extraeuropeias, e o "romance coagido" produzido no Leste Europeu como reação ao otimismo censório e programático). Gênero bastardo e "parvenu", mas também imperialista, o romance contamina e macula os gêneros nobres (a tragédia, a lírica) com as próprias necessidades de banalidade, mas contemporaneamente corrompe as escrituras "positivas" (a história, o sermão moral) com os infantilismos do "querer ser". Não errava, pois, em demasia, o abade Porée, na conferência que fez contra o romance apresentada no Collège Louis-le-Grand em 1736 (e traduzida ao francês para que também as mulheres a pudessem ler): "[os romances] com seu contágio estragam todos os gêneros literários com que mantêm alguma relação".

É possível pensar o mundo moderno sem o romance? (Mario Vargas Llosa)


É possível pensar o mundo moderno sem o romance?

Trecho do ensaio de Mario Vargas Llosa na série O Romance

Muitas vezes me ocorre, nas feiras de livros ou nas livrarias, que um senhor se aproxime de mim com um livro meu nas mãos e me peça para autografá-lo, especificando: "É para a minha mulher, ou minha filha, ou minha irmã, ou minha mãe; ela, ou elas, são grandes leitoras e são apaixonadas por literatura". E eu lhe pergunto, de imediato: "E o senhor, não é? Não gosta de ler?".


A resposta chega pontual, quase sempre: "Bem, sim, é claro que gosto, mas eu sou uma pessoa muito ocupada, sabe como é". Sim, sei muito bem, porque ouvi essa explicação dezenas de vezes: esse senhor, esses milhares de senhores iguais a ele, têm tantas coisas importantes, tantas obrigações e responsabilidades na vida, que não podem desperdiçar seu tempo precioso passando horas e horas imersos num romance, num livro de poemas ou num ensaio literário. Segundo essa concepção bastante difundida, a literatura é uma atividade de que se pode prescindir, um entretenimento, seguramente elevado e útil para cultivar a sensibilidade e as boas maneiras, um ornamento que se podem permitir os que dispõem de muito tempo livre para a recreação, e que seria necessário computar na categoria dos esportes, do cinema, do bridge ou do xadrez, mas que pode ser sacrificado sem escrúpulos no momento de estabelecer uma escala de prioridades nos afazeres e compromissos indispensáveis da luta pela vida.



É verdade que a literatura acabou por se tornar, cada vez mais, uma atividade feminina: nas livrarias, nas conferências ou nas readings dos escritores e, naturalmente, nos departamentos e nas faculdades em que se estuda literatura, as saias ganham das calças de goleada. A explicação que disso se dá é que, na classe média, as mulheres leem mais porque trabalham menos horas que os homens, e que muitas delas tendem a considerar-se mais justificadas do que os homens quanto ao tempo dedicado à fantasia e à ilusão. Sou um tanto alérgico a essas explicações, que dividem homens e mulheres em categorias estanques com virtudes e fraquezas coletivas, de maneira que não partilho dessas interpretações; mas num aspecto não resta dúvida: os leitores de literatura - há muitos leitores, mas de lixo impresso - são, em geral, cada vez menos e, entre eles, as mulheres prevalecem. E o mesmo ocorre em quase todo o mundo. Na Espanha, uma pesquisa organizada recentemente pela sgae (Sociedad General de Autores Españoles) forneceu um dado alarmante: metade dos habitantes daquele país jamais leu um livro. A pesquisa revelou, também, que na minoria leitora, o número de mulheres que declaram ler é superior em 6,2% ao dos homens, e a tendência é que a diferença aumente. Muito me alegro pelas mulheres, é claro, mas me preocupo pelos homens, e pelos milhões de seres humanos que, podendo ler, renunciaram a fazer isso. Não só porque desconhecem o prazer que perdem, mas porque, de uma perspectiva menos hedonista, estou convencido de que uma sociedade sem romances, ou na qual a literatura foi relegada, como certos vícios inconfessáveis, às margens da vida social e convertida mais ou menos num culto sectário - essa sociedade está condenada a se barbarizar no plano espiritual e a pôr em risco a própria liberdade.



Proponho-me, nestas linhas, a formular algumas razões contra a ideia de que a literatura, e em especial o romance, seja um passatempo de luxo; ao contrário, proporei considerá-la, além de uma das ocupações mais estimulantes e fecundas da alma humana, uma atividade insubstituível para a formação do cidadão numa sociedade moderna e democrática, de indivíduos livres, e que, por isso, deveria ser inculcada nas famílias desde a infância e deveria fazer parte de todos os programas de educação como uma das disciplinas básicas. Sabemos que ocorre o oposto, que a literatura tende a ser posta à parte e a desaparecer totalmente dos currículos escolares, como se se tratasse de um ensinamento de que se pode prescindir.



Vivemos numa época de especialização do conhecimento, causada pelo prodigioso desenvolvimento da ciência e da técnica, e da sua fragmentação em inumeráveis afluentes e compartimentos estanques, tendência que não poderá senão se acentuar nos anos por vir. A especialização traz consigo, sem dúvida, muitos benefícios, porque permite aprofundar a exploração e a experimentação, e é o motor do progresso; mas determina também, como consequência negativa, a eliminação daqueles denominadores comuns da cultura graças aos quais os homens e as mulheres podem coexistir, comunicar-se e sentir-se de algum modo solidários. A especialização leva à incomunicabilidade social, à fragmentação do conjunto de seres humanos em estabelecimentos ou guetos culturais de técnicos e especialistas a que linguagem, alguns códigos e informação progressivamente setorizada e parcial relegam naquele particularismo contra o qual nos alertava o antiquíssimo adágio: não é necessário se concentrar tanto no ramo nem na folha, a ponto de esquecer que eles fazem parte de uma árvore, e esta de um bosque. O sentido de pertencimento, que conserva unido o corpo social e o impede de se desintegrar em uma miríade de particularismos solipsistas, depende, em boa medida, de que se tenha uma consciência precisa da existência do bosque. E o solipsismo - de povos ou indivíduos - gera paranoias e delírios, aquelas deformações da realidade que sempre dão origem ao ódio, às guerras e aos genocídios. A ciência e a técnica não podem mais cumprir aquela função cultural integradora em nosso tempo, precisamente pela infinita riqueza de conhecimentos e da rapidez de sua evolução que levou à especialização e ao uso de vocabulários herméticos.



A literatura, ao contrário, diferentemente da ciência e da técnica, é, foi e continuará sendo, enquanto existir, um desses denominadores comuns da experiência humana, graças ao qual os seres vivos se reconhecem e dialogam, independentemente de quão distintas sejam suas ocupações e seus desígnios vitais, as geografias, as circunstâncias em que se encontram e as conjunturas históricas que lhe determinam o horizonte. Nós, leitores de Cervantes ou de Shakespeare, de Dante ou de Tolstói, nos sentimos membros da mesma espécie porque, nas obras que eles criaram, aprendemos aquilo que partilhamos como seres humanos, o que permanece em todos nós além do amplo leque de diferenças que nos separam. E nada defende melhor os seres vivos contra a estupidez dos preconceitos, do racismo, da xenofobia, das obtusidades localistas do sectarismo religioso ou político, ou dos nacionalismos discriminatórios, do que a comprovação constante que sempre aparece na grande literatura: a igualdade essencial de homens e mulheres em todas as latitudes e a injustiça representada pelo estabelecimento entre eles de formas de discriminação, sujeição ou exploração. Nada, mais do que os bons romances, ensina a ver nas diferenças étnicas e culturais a riqueza do patrimônio humano e a valorizá-las como uma manifestação de sua múltipla criatividade. Ler boa literatura é divertir-se, com certeza; mas, também, aprender, dessa maneira direta e intensa que é a da experiência vivida através das obras de ficção, o que somos e como somos, em nossa integridade humana, com os nossos atos e os nossos sonhos e os nossos fantasmas, a sós e na urdidura das relações que nos ligam aos outros, em nossa presença pública e no segredo de nossa consciência, essa soma extremamente complexa de verdades contraditórias - como as chamava Isaiah Berlin - de que é feita a condição humana.



Esse conhecimento totalizador e imediato do ser humano, hoje, encontra-se apenas no romance. Nem mesmo os outros ramos das disciplinas humanistas - como a filosofia, a psicologia, a história ou as artes - puderam preservar essa visão integradora e um discurso acessível ao profano, porque, por trás da pressão irresistível da cancerosa divisão e fragmentação do conhecimento, acabaram por sucumbir também às imposições da especialização, por isolar-se em territórios cada vez mais segmentados e técnicos, cujas ideias e linguagens estão fora do alcance da mulher e do homem comuns. Não é nem pode ser o caso da literatura, embora alguns críticos e teóricos se empenhem em transformá-la em uma ciência, porque a ficção não existe para investigar uma área determinada da experiência, mas para enriquecer de maneira imaginária a vida, a de todos, a vida que não pode ser desmembrada, desarticulada, reduzida a esquemas ou fórmulas, sem que desapa-reça. Por isso, Marcel Proust disse: "A verdadeira vida, a vida por fim esclarecida e descoberta, a única vida, pois, plenamente vivida, é a literatura". Não exagerava, guiado pelo amor a essa vocação que praticou com talento superlativo: simplesmente, queria dizer que, graças à literatura, a vida se compreende e se vive melhor, e entendê-la e vivê-la melhor significa vivê-la e partilhá-la com os outros.

'O Romance' reúne o mais ambicioso estudo sobre o gênero



Franco Moretti organizou os cinco volumes, com colaboradores do porte de Vargas Llosa e Umberto Eco

*Antonio Gonçalves Filho, de O Estado de S. Paulo

Quando o professor italiano de literatura Franco Moretti começou a organizar o primeiro dos cinco volumes que compõem a coleção O Romance, cujo primeiro (A Cultura do Romance) está sendo lançado pela Cosac Naify (1.120 págs., tradução de Denise Bottman, R$ 130), sabia que contava para o monumental projeto com estudiosos não necessariamente alinhados com sua visão - a de que o modelo interpretativo de análise literária isolada de obras (o chamado ‘close reading’) está ultrapassado. Pluralista, Moretti defende um novo modelo analítico, transformando a crítica num verdadeiro laboratório, em que o cientista literário terá de dominar várias disciplinas - da antropologia à geografia, passando pela biologia - para evitar o vício canônico de um Harold Bloom. Sobre ele e sua coleção, cujos próximos volumes serão lançados um a cada semestre, Moretti, cujo sobrenome trai seu parentesco com o irmão cineasta Nanni Moretti (O Quarto do Filho), falou pelo telefone com o Estado, destacando a participação de dois dos seus colaboradores brasileiros, Roberto Schwarz e Luiz Costa Lima.




São nomes estelares numa constelação de críticos e escritores entre os 178 colaboradores de 99 instituições do mundo inteiro. A lista impressiona: fazem parte do comitê científico que supervisiona a coleção o peruano Mario Vargas Llosa, colaborador do Estado, e o crítico literário norte-americano Fredric Jameson. Entre os outros colaboradores, destacam-se o teórico e romancista italiano Umberto Eco, o poeta e ensaísta alemão Hans Magnus Enzensberger, o antropólogo inglês Jack Goody, o escritor italiano Claudio Magris e a crítica argentina Beatriz Sarlo. Talvez seja o suficiente para convencer o mais cético dos leitores sobre a proposta de fazer dessa uma obra de referência para a atual e as próximas gerações de estudiosos.


Originalmente publicada em italiano pela Einaudi, entre 2001 e 2003, a coleção teve uma versão reduzida (dois volumes) lançada na Inglaterra há três anos e foi saudada pelo crítico David Trotter, do London Review of Books, como um marco entre os estudos literários. Com justiça. O gênero romance é dissecado no "microscópio" de Moretti não só por especialistas em literatura como por antropólogos, sociólogos e filósofos. Num mundo globalizado, que ignora peculiaridades locais e em que cada vez mais fica difícil distinguir entre literatura francesa, angolana ou brasileira, Moretti propõe um seminário de crítica menos parecido com um simpósio da academia platônica e mais próximo de seu laboratório, em que bancos da dados críticos possam suprir as necessidades teóricas dos estudiosos.



Mudança na história literária



"No futuro teremos praticamente todos os textos literários online e as pessoas não saberão o que fazer com essa massa de informações, porque ter recursos disponíveis não significa nada", observa o italiano Franco Moretti, atualmente professor da Universidade de Stanford. "É preciso, mais que obter respostas interessantes, propor perguntas desafiadoras", diz. "É isso o que faz a crítica consequente", conclui o coordenador da coleção O Romance, que tem outros livros publicados no Brasil (entre eles o essencial A Literatura Vista de Longe, publicado pela Arquipélago Editorial).



De fato, qualquer internauta pode encontrar na rede um porto - mesmo inseguro - que assegure ser o primeiro romance moderno O Engenhoso Fidalgo D. Quixote de la Mancha, de Cervantes, ou garanta a James Joyce os direitos de criação do monólogo interior e do fluxo da consciência por conta de Ulisses. No entanto, é preciso um filósofo como o italiano Sergio Givone para mostrar como se dá a construção da interioridade no romance moderno, de Cervantes a Joyce - o que o autor de Hybris e Melancolia faz com mestria no primeiro volume de O Romance. É um dos grandes ensaios do livro. Nele, Givone se empenha em mostrar como o cavaleiro D. Quixote de Cervantes se assemelha ao marinheiro Robinson Crusoé de Defoe, cuja reclusão numa ilha ele compara à jornada do Wilhelm Meister de Goethe em busca do conhecimento do mundo. Não satisfeito, passa pela aventura espiritual da dupla Bouvard e Pécuchet de Flaubert para abordar a regressão à barbárie do Kurtz de Conrad e chegar às profundezas da consciência do Zeno criado por Svevo. Em todos eles, Givone, também um grande estudioso de Dostoievski, detecta uma atração pelo abismo, como se apenas um gigantesco desastre cósmico pudesse devolver a saúde ao planeta, livrando a Terra, como queria Zeno, "dos parasitas e das enfermidades".

Esse conflito entre destino e sujeito no romance moderno é destacado logo a seguir por Roberto Gilodi ao analisar o Anton Reiser de Karl Philipp Moritz. Como classificá-lo? Não é, evidentemente, um Bildungsroman, um romance de formação, mas, antes, um romance psicológico protofreudiano. O protagonista tem 7 anos quando começa a história (baseada em fatos reais) e chega aos 20, privado, portanto de "Bildung". Não amadureceu. É um romance tão bom como o Wilhelm Meister de Goethe, mas por que ficou esquecido ou lido, por equívoco, como um "documento secularizado de introspecção pietista"? Justamente pelo motivo que levou Moretti a conceber a coleção: pela ideia de cânone, de hierarquia, defendida por Harold Bloom. "Não encontro originalidade em Bloom e gostaria de observar que a história da literatura obedece a ciclos regulares, sendo preciso analisar as formas narrativas como a biologia evolutiva estuda a formação dos seres", justifica Moretti, propondo acabar com essa lista dos dez mais, como se a literatura fosse concurso de miss. "Não entendo como alguém pode investir energia nisso."

Moretti está mais interessado em preservar a tradição do romance numa época de fundamentalismo religioso e intolerância política. Lembra, a propósito, do ensaio O Romance sob Acusação, de Walter Siti, crítico e curador da obra completa de Pasolini para a Mondadori. Nesse texto, publicado já no primeiro volume, Siti mostra como os romances e os livros sagrados correm perigo "toda vez que predomina uma ideologia de guerra", citando a Inquisição, que identificava no "livre pensar" seu demônio ideológico. Não por outra razão, segundo Siti, o romance é o único "que tem necessidade de renegar-se a si mesmo" entre todos os gêneros literários, citando como exemplo o século 18 (quando o gênero se consolidou), "repleto de romances que negam sua natureza". Defoe, como Rousseau e Diderot, temendo que os leitores identificassem o romance como uma falsificação da realidade, chegaram a abjurar o gênero que os consagrou.

Desacreditado, ele atravessou séculos e sobreviveu a ataques de religiosos e autoridades civis (Vargas Llosa diz que as culturas religiosas produziram poesia e teatro, mas nunca grandes romances). E, se Moretti selecionou críticos de formação marxista para contribuir com sua coleção, o fez pensando justamente em oferecer uma visão histórica para a reabilitação do romance, que, hoje, corre o risco de declínio por excesso de autorreferência e falta de imaginação. "Não organizei a coleção por simpatia ideológica (Moretti é marxista e colabora com a New Left Review), mas por respeito a esses críticos." E é com a crença de que, análogo ao procedimento de Darwin, o romance possa ser analisado como um processo de seleção natural - em que Flaubert, Proust e Jane Austen teriam o mesmo DNA -, que Moretti preparou os outros quatro volumes da coleção, que vão discutir as formas literárias (volume 2), a história e a geografia do romance (volume 3), os temas e heróis (volume 4) e as lições do gênero (volume 5). A principal delas, segundo Moretti: "Hoje, quando o videogame toma o lugar do romance, mais do que nunca, é preciso ter espírito crítico."