sábado, 26 de setembro de 2009

Nova fundação lançará inédito de Mario Benedetti

"Biografía para Encontrarme" é o primeiro livro de Mario Benedetti (1920-2009) que será lançado após a morte do autor, ocorrida em maio. O título também representará uma das primeiras atividades visíveis da fundação batizada com o nome do uruguaio e que foi criada neste mês, em Montevidéu.

O escritor e ensaísta uruguaio Mario Benedetti, que completaria 89 anos
Trata-se de alguns poemas que Benedetti deixou terminados e corrigidos. "O volume inédito não tem data de publicação nem editora estabelecidos pois não consta dos contratos vigentes em relação à obra do autor", explica à Folha Ariel Silva, secretário do escritor em seus últimos três anos de vida e responsável pelo gerenciamento da fundação.

"Ainda que outros títulos de Benedetti tenham sido publicados pela editora Planeta na América Latina, neste caso não sabemos ainda." E, apesar de haver outros textos do escritor ainda inéditos, este deve ser o único a vir à luz por enquanto.

Instituída segundo instruções que o escritor deixou detalhadas em seu testamento, a Fundação Mario Benedetti começou a funcionar oficialmente no último dia 14, quando ele completaria 89 anos.

Presidida pela escritora Sylvia Lago, amiga de Benedetti por mais de quatro décadas, a fundação ainda tem em seu diretório companheiros do autor que fizeram parte não só de sua trajetória literária como de sua militância política, casos do escritor Eduardo Galeano (de "As Veias Abertas da América Latina") e do cantor e compositor Daniel Viglietti.

"Benedetti não queria que a fundação existisse enquanto ele fosse vivo porque não desejava manter uma atividade que levasse seu nome, lhe parecia uma atitude soberba. Mas deixou estabelecidos os objetivos da fundação", afirma Silva.

Bolsas para escritores

Além de zelar pela difusão, preservação, estudo, catalogação e arquivamento da obra do autor formada por mais de 80 obras, entre poesias, contos, ensaios, textos para teatro, a entidade terá como funções realizar workshops e estimular a criação de jovens escritores por meio da concessão de bolsas. Também serão instalados um museu, com objetos que pertenceram ao escritor, e uma biblioteca com o acervo literário que Benedetti mantinha em sua residência.

Outra vertente da instituição, vinculada à atuação política de Benedetti, será prestar apoio a iniciativas relacionadas à defesa dos direitos humanos em todo o mundo e a trabalhos de investigação que ajudem a esclarecer casos de desaparecidos durante a ditadura uruguaia (1973-1985). Todas as atividades da fundação, herdeira universal do patrimônio do escritor, serão financiadas por doações e pela renda de seus direitos autorais.

Por enquanto, a entidade está funcionando na Casa do Autor, uma das salas da Agadu (Associação Geral de Autores do Uruguai), cedida pelo Estado. Apenas quando estiverem concluídos os processos de legalização da fundação e de sucessão dos bens de Benedetti é que será possível tornar públicos livros, documentos e outros materiais do escritor.

Também é necessário esperar a conclusão do inventário do apartamento em que morava o poeta, afirma o secretário, para que o imóvel em Montevidéu seja vendido e, com esses recursos, possa ser adquirida a sede da fundação.

O endereço definitivo deve ser uma casa no centro ou na Ciudad Vieja centro histórico de Montevidéu, duas das áreas preferidas do escritor na capital uruguaia.

*texto da Folha Ilustrada

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