O estudioso em literaturas de língua alemã Sousa Ribeiro manifestou-se hoje decepcionado com a escolha de Herta Müller para prémio Nobel, por não ser um nome cimeiro, e por se marginalizarem, mais uma vez, escritores de outras línguas.
«É com alguma decepção que recebo esta notícia. Herta Müller merecia o Prémio Nobel como mereciam centenas ou milhares de escritores de outros países», declarou à agência Lusa, frisando que, «mais uma vez, foi escolhido um escritor de uma língua central».
Para António Sousa Ribeiro, director do Departamento de Línguas, Literaturas e Culturas da Faculdade de Letras de Coimbra, a laureada «não é uma autora de primeira linha» e «boas escritoras como ela há em todas as línguas».
«É uma escolha que não entusiasma. É uma situação que tenho muitas dificuldades em explicar», observou este especialista em literatura de expressão alemã e literaturas comparadas, ao procurar entender as razões da escolha pelo Comité Nobel.
Na sua perspectiva, a escolha desta escritora revela que «para uns o funil é mais apertado do que para outros».
Revela uma preferência por escritores de «línguas centrais», como é a alemã, e de «deixar de lado literaturas menos conhecidas, de marginalizarem-se literaturas menos centrais».
A laureada com o Prémio Nobel - acrescenta – dá nas suas obras um testemunho do seu percurso biográfico, de marginalização política, de perseguida na Roménia pelo regime de Ceausescu, e de exilada na República Federal da Alemanha.
Recorda que Herta Müller esteve em Coimbra, na Faculdade de Letras, em meados dos anos 90, a convite da Associação Portuguesa de Estudos Germanísticos, onde falou sobre a sua obra e divulgou o romance O Homem é um grande faisão sobre a terra, publicado em 1993 com a chancela da editora portuguesa Cotovia.
quarta-feira, 14 de outubro de 2009
Para crítico português, Nobel da Literatura para Herta Müller é "uma decepção"
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