segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Peter Handke lança livro que tem "Dom Quixote" como referência



*Texto da Folha de S.Paulo

O austríaco Peter Handke, 67, escolheu como personagem para seu romance "A Perda da Imagem ou Através da Sierra de Gredos", que é lançado agora no Brasil, uma banqueira que decide fazer uma completa revisão de sua vida.

O livro foi lançado em 2002 na Europa, bem antes do quase colapso econômico que deixou o sistema financeiro em xeque e arrasou a imagem de seus agentes. Pode, portanto, ser considerado uma espécie de curiosa antevisão de um mundo que precisava fazer um balanço de seus valores.

Mas, como se trata do "enfant terrible" da literatura de língua alemã, um escritor de vanguarda que forçou uma revisão nos valores da geração que criou um novo realismo no pós-guerra, a obra de quase 600 páginas é escrita como parábola. Não há referências de cidades, o livro é atemporal.

Trata-se de um dos trabalhos mais ousados de sua carreira. Eterno candidato ao Prêmio Nobel, o escritor, dramaturgo, poeta, roteirista e cineasta Peter Handke comenta em entrevista sua obra, porém não dá pistas sobre o espaço mítico e medieval que retrata nesse livro. Mas se disse um leitor da literatura medieval e, surpreendentemente, dos brasileiros Guimarães Rosa e Euclydes da Cunha.

Handke fala das consequências da polêmica em que se envolveu durante o conflito nos Bálcãs, quando compareceu ao funeral de Slobodan Milosevic, então acusado de crimes de guerra. Mas evita comentar as comemorações pelos 20 anos da queda do Muro de Berlim. "Sou austríaco", disse.

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