sexta-feira, 24 de junho de 2016

LIVROS UFSC 2017: Videoaula explicando o livro "Quarenta Dias", de Maria Valéria Rezende

Videoaula explicando o livro "Quarenta Dias", de Maria Valéria Rezende


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LIVRO DE RESUMOS UFSC/ACAFE/UDESC 2017



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quinta-feira, 23 de junho de 2016

RESUMOS VESTIBULAR UFSC 2017 - QUARENTA DIAS, DE MARIA VALÉRIA REZENDE

RESUMO DE QUARENTA DIAS, DE MARIA VALÉRIA REZENDE




AUTORA: MARIA VALÉRIA REZENDE
PUBLICAÇÃO: 2014
LITERATURA CONTEMPORÂNEA
LIVRO VENCEDOR DO PRÊMIO JABUTI (MAIOR PREMIAÇÃO LITERÁRIA DO BRASIL) EM 2015

ESTRUTURA
O livro é narrado em 1ª pessoa pela professora aposentada Alice, que, obrigada pela filha, sai de João Pessoa-PB para Porto Alegre-RS, com a missão de cuidar do neto que iria nascer. De forma inesperada, Alice se vê sozinha em uma cidade desconhecida e passa a perambular pelas ruas da capital gaúcha, numa jornada que dura quarenta dias.
Depois da vivência, a narradora-protagonista faz da escrita um “desabafo” em um caderno escolar com a personagem Barbie na capa. O livro que estamos lendo seria esse caderno “passado a limpo”, acrescido de citações de livros colhidas em sebos, panfletos e papéis colhidos na rua.  
Assim, o livro de 245 páginas se divide em 32 capítulos, apresentando 4 elementos recorrentes:

a)      Epígrafes: Citações feitas na abertura de cada capítulo. São frases retiradas de livros que a protagonista folheava em sebos durante suas andanças por Porto Alegre. São referidos trechos de escritores como o obscuro Augusto dos Anjos, os modernistas Carlos Drummond, Mário de Andrade e Lêdo Ivo; a contemporânea Elvira Vigna (autora de Vitória Valentina); a portuguesa Lídia Jorge; a alemã Herta Müller; e o britânico Lewis Carroll, autor de Alice no País das Maravilhas. Naturalmente, as citações se encaixam em cada momento do relato.   

b)      Interlocuções com Barbie: Na abertura e/ou no encerramento da maior parte dos capítulos (não em todos), a narradora se dirige à Barbie. A solidão da narradora, que, sem ter com quem partilhar suas agruras, passa a imaginar a boneca Barbie da capa de seu caderno como confidente. A “conversa” de Alice com Barbie é pontuada pela ironia, evidenciando um ponto de vista crítico sobre a superficialidade da sociedade de consumo (observe as expressões em língua inglesa, como “my dear”) e sobre os papéis conferidos à mulher nessa sociedade: a passividade (característica que Alice descobre em si mesma e supera ao longo de sua jornada), a obsessão pela aparência estereotipada (Alice se desapega do visual quando mergulha no submundo das ruas; por outro lado, a filha fazia dietas e decorava ambientes de acordo com a “moda”.)  

c)       Ilustrações: Ao longo do livro, entremeando alguns capítulos, temos 16 ilustrações que reproduzem pedaços de papel onde a narradora fez suas anotações durante os quarenta dias. São panfletos, folders, notas, comandas, que ficam como resíduo e comprovação da jornada de Alice.
d)      A narração: Alice despeja em seu caderno suas impressões sobre a vida; alguns flashbacks sobre a Paraíba e sobre a relação com a filha; e, principalmente, o relato da jornada de quarenta dias nas ruas de Porto Alegre. É importante atentar para a diferença entre o momento da narração (o ato de contar a história) e o momento do narrado (quando os fatos contados já são passado).

INTERTEXTUALIDADE
Além das epígrafes já mencionadas, o texto de Maria Valéria Rezende produz duas fortíssimas relações de intertextualidade:
a)      “Alice no País das Maravilhas”: Na famosa obra de Lewis Carroll, uma garota chamada Alice que cai em uma toca de coelho e é transportada para um mundo fantástico, repleto de criaturas extraordinárias, em uma atmosfera onírica (de sonho). A relação da obra de Maria Valéria Rezende com o clássico de Carroll chega a ser explicitada pela própria narradora, que se refere várias vezes à sua “xará” e nos conta sobre sua sensação de “encolhimento” (assim como ocorre com a menina das Maravilhas)

“Quando Umberto embicou o carro num portão, diante de um prédio qualquer daquela cidade nenhuma, acionou um controle remoto e entrou, parando ao lado de uma guarita, encolhi-me ainda mais, Alice diminuindo, diminuindo…»
[...]
“… acordei logo cedo, disposta a deixar pra lá o ressentimento, ser realista, encarar as coisas como eram agora, como gente grande, voltar ao meu tamanho normal…”

O nome da heroína se soma à ideia de um “mergulho” em outra realidade: o choque cultural entre a nordestina e o sul; e a imersão por quarenta dias no submundo da miséria, da exclusão social, da mendicância e da loucura. Assim, “Quarenta Dias” é como “Alice no País das Maravilhas” às avessas, e esse caráter de paródia se pode observar na expressão usada pela relatora: “País das maravilhas cruéis”.

b)      “Poliana” e “Poliana Moça” (Eleanor H. Porter): Poliana era uma pobre órfã criada por uma tia rica e severa. Sua trajetória de superação se baseia no “jogo do contente”, aprendido com o falecido pai: a busca de um sentido positivo para tudo, mesmo nas situações mais adversas. “Poliana Moça” é a continuação da história, quando, já crescida, a heroína vai para uma cidade grande (Boston) e fica hospedada na casa de uma senhora depressiva. Poliana descobre que a tristeza da mulher se devia ao fato de ela ter um sobrinho desaparecido. Bondosa, a mocinha tenta encontrar o garoto.

Repare que Alice, ao longo do livro faz referências a si mesma como a “professora Póli”* (polivalente, “boazinha”, “certinha”). Sua tentativa de agir com otimismo diante da filha é chamada pela narradora de “jogo do contente”. Além disso, ao longo da trama, Alice acaba se envolvendo na busca por Cícero, filho desaparecido de uma conhecida da Paraíba.

*A denominação “Póli” também pode ser uma brincadeira, construindo uma oposição Polly (mais simples e ingênua) x Barbie (mais sedutora, consumista, brinquedo de menina rica). Poderíamos pensar na oposição entre Alice x Norinha, respectivamente. 

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RESUMO DOS LIVROS UFSC 2017 - AUTO DA COMPADECIDA

PERSONAGENS do AUTO DA COMPADECIDA, DE ARIANO SUASSUNA



PALHAÇO
Segundo o próprio Ariano Suassuna, é uma representação do autor na peça.
“Ao escrever esta peça, onde combate o mundanismo, praga de sua igreja, o autor quis ser representado por um palhaço, para indicar que sabe, mais do que ninguém, que sua alma é um velho catre, cheio de insensatez e de solércia. Ele não tinha o direito de tocar nesse tema, mas ousou fazê-lo, baseado no espírito popular de sua gente, porque acredita que esse povo sofre, é um povo salvo e tem direito a certas intimidades.”
Como já dissemos, o Palhaço desempenha o papel de Corifeu, conforme a tradição grega: enuncia partes isoladas do texto (narrador/comentador); dialoga com os atores e com o público; estabelece a mediação entre o palco e a plateia.

JOÃO GRILO
É o protagonista. Malandro (esperto), inventa histórias e trapaças, conseguindo enganar a opinião alheia no intuito de obter benefícios. Homem do povo, era explorado pelo padeiro e vivia miseravelmente, chegando a passar fome (desnutrido, era chamado “amarelinho”). Nesse sentido a astúcia e a criatividade são suas armas na luta pela sobrevivência e seu modo particular de fazer justiça.
João Grilo é uma representação do próprio povo brasileiro, e, como tal, costuma a ser comparado a outros ícones como Leonardinho, de Memórias de um Sargento de Milícias (obra de Manuel Antônio de Almeida) e Macunaíma, o herói sem nenhum caráter (do Modernista Mário de Andrade). Mas apesar da semelhança no que diz respeito ao humor e à criatividade, há uma diferença essencial no conceito de malandragem: João Grilo é o malandro no sentido da esperteza, não da preguiça, como Leonardinho e Macunaíma. Veja o que afirma Ariano Suassuna:
“Logo quando o Auto da Compadecida apareceu, quando o Auto da Compadecida foi encenado no sul principalmente, o herói, o personagem central do Auto da Compadecida que É João Grilo, foi comparado a Macunaíma. E eu protestei e continuo a protestar, tá certo? Eu não aceito a comparação não. Eu não aceito a comparação porque o povo brasileiro em Macunaíma é olhado de um ponto de vista negativo. E o próprio personagem é dado por Mário de Andrade, que é o pai dele, como um herói sem caráter. Então, João Grilo foi chamado de anti-herói e de herói sem caráter e eu protestei, e protesto, e continuo a protestar. Na minha opinião João Grilo é um herói mesmo, tá certo? Porque vocês vejam: João Grilo vence a aristocracia rural na pessoa do Major Antonio Morais. Ele vence a burguesia urbana nas pessoas do padeiro e da Mulher do Padeiro. Ele vence até o Diabo! Ele vence a polícia, vence os cangaceiros, não é? E vence o Clero, o Clero corrupto e vence até o Diabo. Então se um homem desse não È herói, eu não sei mais quem é herói não, não é? Eu acho que a definição, a frase que define João Grilo é essa, que é um ditado popular aqui no Nordeste: a astúcia é a coragem do pobre!”
  (Depoimento de Ariano Suassuna no documentário “O Sertãomundo de Ariano Suassuna”)

CHICÓ
É o mentiroso ingênuo, contador de histórias hiperbólicas e mirabolantes como a do Cavalo Bento ou a do Pirarucu Pescador. Benevolente, não tem a malícia ou a esperteza de João Grilo. O próprio Ariano Suassuna compara Chicó, refugiado da dura realidade em seus delírios, com D. Quixote:
“[...] Refletindo sobre a dupla cervantina, vi que D. Quixote é um sonhador, como Chicó e que Sancho Pança é um pícaro, como João Grilo”

PADRE, BISPO E SACRISTÃO
Representam a simonia e a hipocrisia no clero.
       Padre João: Subserviente aos poderosos, é arrogante e intransigente com o povo.
       Bispo: Avarento, corrupto, e arrogante, é ironicamente referido como “administrador” e “político”.
       Sacristão: Igualmente corrupto, “É um sujeito magro, pedante, pernóstico, de óculos azuis que ele ajeita com as duas mãos de vez em quando com todo cuidado”.

FRADE
É o contraponto aos demais representantes do Clero. Puro, cordial, benevolente, fica ao lado dos oprimidos, e não participa dos jogos de corrupção e opressão. Ironicamente, costuma ser tratado como tolo. Entre os seus pares é o único que se salva, literalmente: O cangaceiro Severino se nega a matá-lo. No terceiro ato, afirma-se que o Frade era um Santo.

PADEIRO E SUA MULHER
Os patrões de João Grilo e Chicó. Representam a exploração da burguesia em relação aos pobres. Como casal, o que os mantêm unidos é o medo da solidão.
       Padeiro: Além de mesquinho, tem a personalidade fraca. É manipulado pela esposa e repete, de forma caricatural, as falas da mulher ao longo da peça.
       Mulher do Padeiro: Encarna, além da cobiça, a luxúria, sendo notoriamente adúltera. Insensível aos empregados, gosta mais de bichos de estimação do que de pessoas.

MAJOR ANTÔNIO MORAIS
Alegoria da oligarquia latifundiária. Orgulha-se de suas origens europeias e de sua “ociosidade senhorial”. Prepotente e autoritário, demonstra que o poder econômico se traduz em poder político quase absoluto, passando por cima, inclusive, da igreja.

SEVERINO DO ARACAJU E CANGACEIRO (CABRA)
Assim como lampião, Severino é encarado pela sociedade burguesa como a encarnação do mal, mas pode ser visto pelo povo como herói, pois apresenta rígidos valores morais e se posiciona contra os poderosos, repreendendo e punindo a corrupção dos clérigos, a vulgaridade da mulher adúltera e a avareza do padeiro.
Severino e seu ajudante desencadeiam a carnificina que leva todos ao juízo final. Suas ações, contudo, são justificadas, pois enlouqueceram ao presenciar, ainda na infância, o assassinato de sua família.

ENCOURADO E DEMÔNIO
Atuam como promotores, acusando os vícios e crimes cometidos pelos demais personagens. O Encourado, figura demoníaca da cultura popular nordestina, toma a frente e subjuga o próprio demônio, que lhe serve de auxiliar. É arrogante, intolerante, vingativo e mal-humorado.

MANUEL (JESUS CRISTO)
É o próprio Jesus Cristo. O demônio, no intuito de reduzir seu poder, chama-o “Manuel”. Aparece surpreendentemente como um homem negro, provocando um comentário preconceituoso de João Grilo. A intenção do autor é justamente questionar os preconceitos do próprio público.
Outro aspecto não convencional do Cristo de Suassuna é o humor (em oposição à sisudez do inferno). Manuel e a Compadecida são simples e não só aceitam as brincadeiras do Grilo, como também pregam suas peças. 

A COMPADECIDA
É a Virgem protetora. Benevolente, é, segundo João Grilo, mais humana que o próprio Jesus e por isso é invocada para defender os homens, intercedendo como “advogada” no juízo final.
A Compadecida, sua leveza e sua tolerância representam a própria ideia de brasilidade. Nas palavras de Suassuna:

“Para mim, o emblema brasileiro e feminino, o núcleo fundamental de toda a minha visão de mundo, era aquela Senhora a quem eu celebrara com o nome popular de “A Compadecida” e que, sob a invocação de Nossa Senhora da Conceição Aparecida, é a Padroeira incontestável de nosso país e do nosso povo”. 


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