quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Biografias: Euclides da Cunha

Em homenagem aos 100 anos da morte de Euclides da Cunha, publicaremos uma série de postagens especiais sobre o autor.

Começamos por sua biografia que, sem dúvida pode ser equiparada à grandeza dramática de sua obra.



1866


Janeiro, 20. Euclides da Cunha nasceu na fazenda Saudade, no arraial de Santa Rita do Rio Negro (hoje, Euclidelândia), em Cantagalo (RJ),filho de Manoel Rodrigues Pimenta da Cunha e Eudóxia Moreira da Cunha.


1869/1870

A mãe morreu tuberculosa, deixando Euclides com 3 anos e Adélia com 1. As crianças foram morar em Teresópolis, com tia Rosinda Gouveia, casada com o Dr. Urbano Gouveia, que morreu em 1870.



1870/1876

Mudaram-se, então, para São Fidélis, morando com a tia Laura Garcez, casada com o Coronel Magalhães Garcez, na fazenda S. Joaquim. Com oito anos de idade, na cidade, Euclides estudou no excelente Colégio Caldeira, do exilado político português Francisco José Caldeira da Silva.



1877/1878

O pai do aplicado aluno Euclides pretendia levá-lo para o Rio de Janeiro, para continuar os estudos nos melhores colégios. Por sugestão da avó, mudou-se para a Bahia, viajando de navio e, em Salvador, foi estudar no Colégio Bahia, do Professor Carneiro Ribeiro.



1879

Com 13 anos, voltou ao Rio, sob os cuidados do tio, Antônio Pimenta da Cunha, estudando em quatro colégios: Anglo-Americano, Vitório da Costa, Meneses Vieira e Aquino.


1883/1884

No Colégio Aquino, foi aluno de Benjamin Constant, que muito o influenciou. Escreveu no jornalzinho escolar "O Democrata", defendendo, no seu primeiro artigo, a natureza e o equilíbrio ecológico – defesa que o acompanharia pela vida, inserida nos seus artigos jornalísticos, na sua conferência "Castro Alves e seu tempo", nos seus livros: Os Sertões, Contrastes e Confrontos e À margem da História. Adolescente, ainda no Aquino, escreveu poesias numa caderneta, que titulou "Ondas", datada de 1884, que Euclides salientava "tratar-se de obra dos quatorze anos". Euclides, segundo alguns biógrafos, poetou dos 16 aos 30 anos.

Seu pai o elogiava por ser muito bom em Matemática, com tendências para as Ciências Exatas.



1885


Com 19 anos, optando pela Engenharia, cursou a Escola Politécnica do Rio de Janeiro, escola cara, que não condizia com as difículdades econômicas da família.



1886


Assentou praça na Escola Militar (Praia Vermelha), gratuita, que lhe daria, também, o título de engenheiro. Reencontrou, como professor, Benjamin Constant, integrando-se no movimento republicano.



Em 4 de novembro, o ministro da Guerra, Tomás Coelho, visitava a Escola. Os alunos em forma, numa revista de mostra, "fuzis perfilados em continência nos ombros", com sabre engatado na espingarda, saudavam a autoridade monárquica. Ao passar diante do ardoroso jovem republicano, Euclides da Cunha, este atirou a arma aos pés do ministro (ou o sabre?). O fato é conhecido como "episódio do sabre". O ato de indisciplina levou o cadete à prisão, transferido, logo depois, para o Hospital Militar do Castelo, em respeito ao laudo médico que atestava esgotamento nervoso por excesso de estudo. Diante dos juízes, o destemido Euclides confirmou sua fé republicana, sendo então transferido para a Fortaleza de São João, aguardando conselho de guerra, cujo julgamento não se realizou, pela intervenção de muitos. D. Pedro II lhe perdoou. Em 11 de dezembro, foi cancelada sua matrícula.

No final daquele 1888, o jovem Euclides estava em São Paulo. Dia 22 de dezembro, iniciou sua colaboração no jornal "A Província de S. Paulo", escrevendo sob o pseudônimo de Proudhon (escritor francês [1809 - 1865], um dos teóricos do Socialismo que proclamou ser a propriedade privada um roubo, pregando uma revolução que igualaria os indivíduos). Colaborou até maio.



1889

Quatro dias depois de proclamada a República, em 19 de novembro de 1889, Euclides foi reintegrado na Escola Militar, graças ao empenho dos professores Rondon e Benjamin Constant. Dias depois, foi promovido a alferes-aluno.



1890

Em janeiro, matriculou-se na Escola Superior de Guerra. No mês seguinte, concluiu o Curso de Artilharia. De março a junho, teve seus artigos publicados no jornal "Democracia", de orientação republicana. O alferes-aluno criticava o país mergulhado em interesses pessoais, opondo-se ao movimento que pretendia trazer de volta o Imperador. Atacou a imprensa católica e os programas da Faculdade de Direito, defendendo o Positivismo. Causou espanto ao apelar para a Providência Divina. Espanto, também, ao lembrar a "feição suavíssima e humana de Cristo" e confessar não ser decidido partidário de Comte. Dia 14 de abril, foi promovido a segundo-tenente, escrevendo, neste dia, uma carta ao pai, registrando seu desencanto com os homens da República, incluindo entre eles seu ídolo: Benjamin Constant, prometendo afastar-se do jornal e de tudo mais.


Ainda em 1890, 10 de setembro, casou-se com Anna Emília Ribeiro (foto), filha do major Frederico Solon Sampaio Ribeiro, conhecido e citado como major Solon Ribeiro. Conheceu-a na sua casa durante encontros republicanos com seu pai. Numa das visitas deixou a ela um bilhete: "Entrei aqui com a imagem da República e parto com a sua imagem."


1891

Concluiu o Curso da Escola Superior de Guerra, "de onde saiu com o título de Bacharel em Matemática, Ciências Físicas e Naturais."



1892

Em janeiro, foi promovido a primeiro-tenente. De 29 de março a 6 de julho escreveu para o jornal "O Estado de S. Paulo": coisas novas, como o Socialismo, estão claras em seus artigos, como o publicado em 1º de maio, cujo trecho se repete no final de "Um velho problema", de 1904: "Para abalar a terra inteira basta-lhe um ato simplíssimo - cruzar os braços". Em julho foi nomeado assistente de ensino técnico na Escola Militar da Praia Vermelha.



1893

Agosto. O presidente, marechal Floriano Peixoto, mandou chamar Euclides, oferecendo-lhe cargos e posições. Euclides apresentou-se com a farda de primeiro-tenente. "Veio em ar de guerra...não precisava fardar-se. Vocês aqui entram como amigos e nunca como soldados." - disse-lhe o marechal, declarando que Euclides tinha direito a escolher qualquer posição. "Ingenuamente", o primeiro-tenente, com 27 anos, respondeu-lhe que desejava o que previa a lei para os engenheiros recém-formados: um ano de prática na Estrada de Ferro Central do Brasil!

Em setembro, a Marinha pretendeu depor Floriano Peixoto (Revolta da Armada).



1894


Um regime ditatorial se implantou no Brasil: prisões, suspensões de garantias, intervenções nos Estados. Os marinheiros da "Revolta da Armada" exigiam a renúncia de Floriano Peixoto. Uma bomba explodiu nas escadarias do jornal "O Tempo". Boatos afirmavam que Solon Ribeiro, sogro de Euclides, deputado por Mato Grosso, estava preso e que seria fuzilado. Euclides interpelou Floriano, que silenciou.

O engenheiro-jornalista escreveu duas cartas, com o título "A Dinamite", publicadas no jornal "Gazeta de Notícias", em 18/2 e 20/2, contra as idéias aloucadas do senador João Cordeiro, do Ceará, que "pedia fuzilamento dos manifestantes presos, como vingança aos florianistas mortos." Condenava a posição do senador, "não o desejando nem como companheiro de lutas".

Seus artigos e sua posição trouxeram-lhe complicações. Em 28 de março, Euclides foi transferido para a pequena cidade mineira de Campanha para dirigir a construção de um quartel. Como um exilado, voltou-se para os livros, tendo sido encontrado, com anotações desse período, o "Teoria do Socialismo", de Oliveira Martins.



1895

Em fevereiro recebeu a visita do pai, indo com ele para Descalvado. Em 28 de junho, era agregado ao Corpo do Estado-Maior de 1ª classe, depois do parecer de uma junta médica.



1896

Desencantado com a República e seus líderes, abandonou a carreira militar. Foi reformado como primeiro-tenente. Em 18 de setembro, foi efetivado na Superintendência de Obras Públicas do Estado de São Paulo, como engenheiro-ajudante de 1ª classe.

Foi autorizada a construção da ponte metálica em São José do Rio Pardo. Ganhou a concorrência o engenheiro Artur Pio Deschamps de Montmorency, brasileiro, nascido no Rio de Janeiro, em 1858, que concluiu os estudos de Engenharia Civil na Universidade de Gand (Bélgica), em 1879, com 21 anos, "com sólidas credenciais de competência e idoneidade". No Brasil, trabalhou com o engenheiro Ramos de Azevedo e na Companhia Mogiana de Estradas de Ferro. Em São José, Montmorency liderou um movimento para a construção de uma pequena usina hidrelétrica, recebendo o apoio de muitos entusiasmados rio-pardenses-acionistas. Com a queda da ponte, ele foi processado e absolvido, em 1900. Dizem que, muitos anos depois, suicidou-se.

Euclides da Cunha, fiscal de obras desse distrito, veio a São José duas vezes: de 25 a 28 de agosto e em 25 de setembro.

No final de 96, já estavam prontos os dois encontros, um dos pilares, estando o outro quase pronto.



1897

A ponte metálica de São José do Rio Pardo, vinda da Alemanha, chegou em fins de fevereiro ou início de março, em três partes, para alegria dos rio-pardenses.

Os jornais de 7 de março comentaram a morte do Cel. Moreira César e o desbaratamento de 1.500 soldados pelos fanáticos do Conselheiro, que pregava contra a República.

Euclides da Cunha, preocupado com um provável movimento monarquista, escreveu dois artigos com o mesmo título: "A nossa Vendéa", n’ "O Estado de São Paulo", em 14 de março e 17 de julho. Nos artigos, comparou a região francesa da Bretanha (Vendée) com os sertões da Bahia, as charnecas com as caatingas, o "chouan" (insurreto da Vendéa) com o jagunço, ressaltando o mesmo objetivo: lutar contra a República para restaurar a Monarquia.

Júlio de Mesquita, diretor de "O Estado de S. Paulo", convidou-o a seguir como repórter de guerra para Canudos, no sertão da Bahia (área limitada pelo rio São Francisco, ao Norte e Ocidente, e pelo Itapicuru, ao Sul). Tirou licença na Superintendência para "tratar de interesses", em 1º de agosto. Aceitou o convite, seguindo a 4 de agosto, no vapor "Espírito Santo", acompanhando a 21ª Brigada de Divisão Auxiliar. Chegou a Canudos a 16 de setembro, um vilarejo iniciado em 1893, no sertão da Bahia, numa curva do rio Vaza



Barris, hoje submerso, coberto pelas águas da represa de Cocorobó . Viu a luta desigual, a morte de amigos, a bravura dos jagunços. Canudos não era um foco monarquista, como dizia Artur Oscar: "Antônio Conselheiro era um monarquista por fanatismo. Seu monarquismo era meramente religioso, sem aderências à política." Euclides viu o final da guerra, encerrada aos 5 de outubro. Voltou abalado, fazendo uma promessa: vingar o extermínio de Canudos. Os Sertões, seu livro vingador, começava a nascer. Em janeiro de 1902, de Lorena, escreveu a Francisco de Escobar: "(...) Serei um vingador e terei desempenhado um grande papel na vida - o de advogado dos pobres sertanejos assassinados por uma sociedade pulha e sanguinária."

Uma revista francesa, a "Hachette", de Paris, na sua resenha de 1897, citou o Conselheiro como um comunista pregando o restabelecimento da Monarquia.

Euclides voltou. Na passagem pelo Rio de Janeiro, publicou no "Jornal do Comércio" o plano de um livro, "A nossa Vendéia", com duas partes: a "natureza" e o "homem".

Em 21 de outubro, estava em São Paulo. Dia 26, publicou o último artigo da série "Diário de uma expedição": "O Batalhão de São Paulo", no jornal "O Estado de S. Paulo".

Doente, Euclides foi descansar na fazenda do pai, em Descalvado.

A ponte metálica de São José do Rio Pardo, depois da prova de resistência (Montmorency e um empreiteiro atravessaram-na num trole), foi aberta ao público, sem festas, em 3 de dezembro de 1897. ( Veja "A ponte de Euclides", à pág 25, 1.º parágrafo)

Mais festejada do que a ponte foi a inauguração da luz elétrica, no mesmo dia.



1898

Dia 18 de janeiro, o "Estado" publicou um artigo de Euclides: "Excerto de um livro inédito", com trechos de Os Sertões.

Apresentou no Instituto Histórico de São Paulo um seu trabalho : "Climatologia da Bahia", aproveitado em Os Sertões.

Na madrugada de 23 de janeiro de 1898, um domingo, a bela ponte metálica alemã de São José do Rio Pardo ruiu, emborcou, 50 dias depois de inaugurada. Os jornais condenaram a Superintendência de Obras e os engenheiros responsáveis. Euclides, o engenheiro-fiscal, embora em licença desde agosto de 97, sentiu-se abalado, culpado. Cinco dias depois, dia 28, estava em São José, com o diretor Gama Cochrane e o engenheiro Carlos Wolkermann. Vieram a fim de verificar "in loco" o desastre e tentar salvar a ponte metálica. Euclides pediu ao seu superior que o deixasse reconstruir aquele monumento.

Em fevereiro, Euclides já estava residindo em São José e trabalhava com afinco na desmontagem da ponte.

Dia 9 de março, Euclides solicitou o pagamento dos seus vencimentos para saldar compromissos e para as despesas da mudança e da viagem da mulher e dos dois filhos para São José do Rio Pardo.



Em março, talvez dia 14, a família já estava reunida em São José: Euclides, a esposa Anna e os dois filhos: Solon, com 6 anos, e Euclides Filho, o Quidinho, com 4. Foram morar na Treze de Maio, mas o botequim do Sílvio Dan, em frente, onde se reuniam muitos italianos para ouvir música e jogar o "jogo do morra", acompanhado de uma gritaria infernal, perturbava. Euclides não podia escrever, nem estudar. Conta-se que certa noite, nervoso, saiu armado.

Procurou o amigo intendente (prefeito) para protestar. Dias depois, Dan mudou-se para o Bonsucesso e a família Cunha mudou-se para o sobradinho de esquina da Treze de Maio com a Marechal Floriano.


Diziam, na cidade, que Anna Emília foi muito falada. Ela abominou a cidade e não perdeu oportunidades para diminuí-la, declarando aos jornais, sem argumentos, que Os Sertões não foi escrito em Rio Pardo. Mais tarde, criticou o Grêmio Euclides da Cunha, que lhe enviava, com regularidade, os convites das festas euclidianas.

Sua filha, Judith, nascida do casamento com Dilermando de Assis, autora do livro Anna de Assis - História de um Trágico Amor, escreveu: "Enquanto a mulher do fim do século se escondia na cozinha, (...) Anna de Assis foi para a sala de visitas palestrar com um Machado de Assis, um Barão do Rio Branco (...). Mulher audaz, independente, morando numa cidadezinha pequena e provinciana como São José do Rio Pardo, teria seus momentos ímpares confundidos pela mente pequena e bitolada daqueles que não enxergavam o horizonte (...). Ali naquela cidadezinha, Anna de Assis deixou a imagem de uma mulher fútil e namoradeira. Conclusão chegada porque se postava à janela e alegre e moderna, não se escondia dos homens. (...)".

Euclides, com a família em São José, teve momentos de grande serenidade, até aceitando o seu "triste ofício de engenheiro". Na cidadezinha, encontrou aquele recanto de paz tão procurado, que lhe permitiu concluir a obra máxima da literatura brasileira: Os Sertões, o livro vingador, que defendeu "os pobres sertanejos assassinados por uma sociedade pulha e sanguinária."

A ponte em reconstrução ficava perto do sobradinho de esquina onde morava. Ele descia a ladeira a pé, ou a cavalo, passando o dia à beira do rio, entre operários, cálculos e ferragens, só voltando a casa à noitinha. O preto Benjamin, britador da turma, era o encarregado de pegar seu almoço, trazendo-o numa bandeja. Foi o que declarou Atílio Piovesan ao repórter de "Gazeta do Rio Pardo", numa entrevista publicada em 15 de agosto de 1939, cujo número, infelizmente, desapareceu da coleção. Ele falou dos operários da ponte, na maioria italianos, "fortes e rijos, vendendo saúde", mostrando a todos que o trabalho, tão relegado por ter sido uma atividade de escravos, não era vergonha e, sim, um gerador de liberdade e progresso.

Atílio, mais tarde encarregado do vapor que movia a bomba centrífuga, citou alguns companheiros: Agostinho Rossi, encarregado do serviço dos pedreiros; Torquato


Colli que, diziam, conheceu Euclides no final da Guerra de Canudos, na Bahia, reencontrando-o no trabalho da ponte; Guido Marchi ganhou do escritor seu banco tosco, que ficava na cabana, durante a limpeza do recanto para a inauguração da ponte; nos anos 30, a família Marchi o doou a municipalidade, voltando à cabana; Mateus Volota, o guarda da ponte, calabrês, de argolinha de ouro na orelha furada, era o homem de confiança do engenheiro: foi o trabalhador citado várias vezes por Euclides nas suas cartas; morreu na epidemia de febre amarela, em 1903. D’Andrea e Garibaldi Trecoli morreram afogados durante os trabalhos.


A minúscula cabana de sarrafos e zinco foi construída sob a frondosa paineira, que morreu em 1961. Era seu escritório, onde fazia cálculos, desenhava, via e revia as plantas da ponte e escrevia nos momentos de folga, dando continuidade ao seu livro...


Em fevereiro de 1898, Euclides construiu a ponte provisória, começando o desmonte da metálica tombada. Três meses depois, o jornal "O Estado de S. Paulo" deu notícias do trabalho: "(...) está concluído o serviço de remoção da ponte do Rio Pardo. Dia 30 de maio, à 1 hora da tarde, foi retirada a última peça."

Serviu-se cerveja aos operários e pessoas presentes. Uma passeata comemorativa percorreu as ruas da cidade. (Veja "A ponte de Euclides", à pág. 27, 3 últimos §).



1899

Continuavam os trabalhos de reconstrução da ponte e a redação de Os Sertões. Na "Revista Brasileira", foi publicado um artigo de Euclides: "A Guerra do Sertão".

Ele terminava o seu livro, ouvindo o Chico Escobar e sendo ouvido pelos seletos amigos nas tertúlias à beira-rio, ou em sua casa. O artigo abaixo comprova o fato.

Dia 1º de junho, o jornal "O Rio Pardo" publicou "De cá para lá", de Humberto de Queiroz, o amigo mocoquense, que assinou seu trabalho com a letra Q:

"O de cá para lá de hoje, se deveria intitular - de lá para cá - pois ele é escrito sob as agradáveis impressões, que me ficaram de um dia e uma noite, passados em São José. O dia correu alegre, variado e bom, daqui para ali, dali para aqui, faltando apenas o Mauro para que fosse melhor. O Valdomiro, o Chico, o jantar cordial e alegre do meu reverendo e respeitável amigo o bom do Oliveiros (...). / À noite, (...) foi gasta, gasta não, aproveitada em casa do dr. Euclides da Cunha, onde se reuniram ele - uma inteligência fina, sagaz e cultíssima; o dr. V. S. (Valdomiro Silveira. Este parêntese e os que se seguem são meus), adorável homem de letras; o F.E. (Francisco de Escobar) um juízo e uma ilustração ‘equilibrados, fartos e matemáticos’, mais tarde o dr. J.S. (Jovino de Sylos) jurisconsulto e poeta de renome e eu que, se nada sou, gosto de admirar o que é fino e bom de verdade, cousa rara nos tempos que correm. / Depois de uma deliciosa palestra, a leitura não menos deliciosa de trechos de um livro, a ir para o prelo, proficientemente escrito pelo dr. E. C — a Guerra de Canudos. / O Mauro ( Mauro Pacheco) não quer que a gente escreva muito, razão bastante para que eu não possa dizer tudo o que ficou de sincera admiração por esse trabalho de um valor extraordinário, por esse livro que vai em breve produzir real sensação no mundo que lê. (...) / Mococa, 25-5-1899 - Q"



1900

Dia 3 de maio, e não mais em 22 de abril, em respeito ao calendário gregoriano, foi comemorado o Quarto Centenário do Brasil. Em São José, mais de duas mil pessoas participaram da passeata, com fogos, banda e discursos dos doutores Álvaro Ribeiro, Pedro A. de Aquino, José Rodolfo Nunes e Euclides da Cunha. Foi a primeira e única vez que o engenheiro-jornalista participou de uma festa e falou em público em Rio Pardo.

Talvez, querendo mostrar-se grato ao simpático jornal que, carinhosamente, tanto o citava, escreveu um artigo, e único, para "O Rio Pardo", intitulado "O 4º Centenário do Brasil", que "tratava das viagens de Colombo, Vasco da Gama, de Cabral", saudando as três nações: Itália, Portugal e Brasil. O artigo foi assinado com as letras E.C..

Dizem que em maio de 1900, o livro Os Sertões estava pronto, sendo copiado, com letra legível, pelo comerciante, calígrafo e copista José Augusto Pereira Pimenta, citado por Euclides da Cunha em carta a Escobar. Passou a limpo as tiras do livro que Euclides escrevia com garranchos, afirmando que a partir de "O estouro da boiada", o livro foi aqui escrito, cerca de 80% da obra.

As declarações de José Honório de Sylos, que também teve em mãos as primeiras tiras, são concordes com as de Pimenta..

Em junho de 1900, o povo desceu as ladeiras para chegar ao pátio de obras e ver a ponte montada num plano, em terra firme, novinha em folha, não acreditando que era a mesma que tombara e ficara toda retorcida. Ela estava com suas medidas originais: 100,08m de comprimento, 6,60m de largura e o vão de 4,50m entre os passeios. Os visitantes admiraram, também, os fortes pilares de pedra e concluíram que era a fase final dos trabalhos.

Um mês depois, o jornal do dia 15 de julho informava que "terminou anteontem o conserto da ponte sob a inteligente e criteriosa direção do Dr. Euclides da Cunha."

4 de novembro. "O Rio Pardo" transcreveu do jornal "Comércio de S. Paulo" um longo artigo que versava sobre a conclusão do livro "do ilustrado engenheiro Dr. Euclides da Cunha (...) sobre a dramática expedição militar do sertão da Bahia. (...) O autor, que foi testemunha presencial dos horrores que se passaram naqueles ínvios lugares, se pronuncia com independência de exposição e muito talento. Para a publicação (...) tem o Dr. Euclides da Cunha editor escolhido. Muito breve começará a impressão (...)."

(Cabe, aqui, um antecipado esclarecimento: a Editora Laemmert, do Rio de Janeiro, temerosa com insucessos, não bancou a publicação. Euclides financiou a 1ª edição, com mil volumes, pagando um conto e quinhentos. Esta edição esgotou-se em 60 dias.).

O versátil Euclides conseguiu conciliar as ciências humanas e as exatas. Escrevia, reconstruía a ponte e, ainda, dirigiu os serviços da estrada São José-Caconde (28,8 km), terminados em novembro de 1900. Elaborou um projeto para a reforma da cadeia e, a pedido do juiz de Direito, supervisionou as atividades do agrimensor, indicado por ele, na divisão da fazenda "Açudinho", objeto de partilha.



No final do ano, preocupado com tanto trabalho, Euclides abandonou seu Os Sertões para atender a um pedido do amigo Júlio de Mesquita, diretor d’ " O Estado de S. Paulo" que lhe solicitara um difícil trabalho de análise dos cem últimos anos das atividades humanas no Brasil. Dia 31 de dezembro de 1900, o último dia do século XIX, o artigo foi publicado em página inteira, com o título: "O Brasil no século XIX".

Euclides assistiu de longe às comemorações socialistas, estardalhantes. O "Clube Socialista dos Operários", fundado por italianos em 19 de abril de 1900, realizou a grande festa do 1º de Maio, Dia do Trabalho, dias depois, com alvorada, salva de 21 tiros, passeata, bandas e discursos no salão de honra da Sociedade Italiana. Os muitos imigrantes ombreavam-se com autoridades e pessoas de renome da sociedade local. Era a nova ordem social que se iniciava na província...

Euclides chegou a São José ainda desencantado com os homens da República, sem a rebeldia do adolescente aluno da Escola Militar, sem a ousadia do redator das duas cartas publicadas em "Gazeta de Notícias" contra o florianista senador João Cordeiro, que lhe valeu o exílio em Campanha (MG)... Na cidade da Mojiana, trabalhava na ponte e continuava a escrever seu livro.

Embora com convicções socialistas, Euclides manteve-se longe de todas as manifestações. Sua posição ideológica em defesa do injustiçado, do oprimido e do explorado está em suas obras.

Em 9 de setembro de 1900, foi fundada uma nova instituição socialista: o "Clube Internacional - Filhos do Trabalho". Eram seus sócios os eruditos amigos de Euclides: Francisco de Escobar, Inácio de Loyola Gomes da Silva, Mauro Pacheco... O clube manteve um curso de alfabetização de adultos.



1901
Em 1º de maio de 1901, o "Clube Socialista dos Operários" se transformou em instituto de benemerência, com novo nome: "Clube dos Operários 1º de Maio - Honra e Trabalho".

Por informações imaginosas, sem fundamento, passadas aos biógrafos, Euclides entrou na história como socialista militante em São José, fundador do partido socialista, dirigente de desfiles, colaborador d’ "O Proletário", autor do manifesto do Partido Socialista em 1901. E essas inverdades foram transmitidas a levas de estudantes.

Coube ao promotor público, Dr. José Aleixo Irmão, sério e incansável pesquisador, no seu livro Euclides da Cunha e o Socialismo (1960), desfazer enganos e contestá-los nas obras de Francisco Venâncio Filho, Eloy Pontes, Sílvio Rabelo, Freitas Nobre, Menotti del Picchia e de outros.

O século XX chegou encontrando ponte e livro prontos. A ponte, já com data para a inauguração: 18 de maio de 1901. O livro iria com o escritor, à procura de uma editora.

Em janeiro de 1901, Euclides foi promovido a Chefe de Distrito de Obras Públicas de São Paulo.

Dia 31 de janeiro, nasceu Manoel, o terceiro filho de Euclides, conhecido como Manoel Afonso (Afonsinho), cujo segundo nome não consta no "Livro de Nascimento" nº 14, página 120v., do Cartório de Registro Civil. Euclides, sempre ocupado, não deveria estar presente no ato, pois a declaração do nascimento e a assinatura são do Dr. Pedro Agapio de Aquino.

Dia 18 de maio, aconteceu a grande festa da inauguração da ponte. (Veja artigo "A Ponte de Euclides", à página 29 [4 últimos §] e pág. 30). Neste dia, seu filho de quatro meses foi batizado pelo vigário José Thomaz de Ancassuerd, com um só nome: Manoel, tendo como padrinhos o dr. Álvaro Ribeiro e dona Julieta de Souza.

Estava encerrada a missão do engenheiro em São José.

Euclides, Anna, Solon, Quidinho e Manoel deixaram a cidadezinha dias depois, cidade predestinada a proteger três monumentos: a ponte e a cabana, que seriam monumentos nacionais, e a memória de Euclides, através do euclidianismo, um traço cultural que diferencia São José do Rio Pardo das demais cidades.

Com a família, Euclides deixou São José, indo para São Carlos do Pinhal, acompanhar a construção do edifício do fórum local. Em novembro, já residia em Guaratinguetá, por estar entre Rio e São Paulo.

Euclides, pobre, levava consigo o original d’ Os Sertões, seu pedestal para a glória.



1902


Um ano depois da inauguração da ponte, maio de 1902, de Lorena, Euclides escreve a Escobar: "Sempre pensei estar aí no dia 18, 1º aniversário da ponte. Mas estarão você, o Álvaro, o João Moreira e o Jovino. Encaminhem-se para lá naquele dia, paguem uma cerveja (barbante) ao velho Mateus e recordem-se por um minuto do amigo agradecido ausente."

Em outra carta do mesmo ano pedia a Escobar olhar o velho Mateus, pois soubera que seria despedido "com a próxima contradança municipal".

Euclides fixou residência em Lorena. Em maio, recebeu da Editora Laemmert as primeiras páginas impressas do seu Os Sertões.

Em junho, desapontado, responde a carta de Escobar sobre o aniversário da ponte: "(...) Iludi-me apenas num ponto: os ‘numerosos’ quatro amigos de que lhe falei antes reduziram-se a dois: você e o Lafayette. Mas estes... estou satisfeitíssimo."

Em agosto, preocupado, Euclides escreve a Escobar exigindo-lhe resposta imediata. Soube que uma fenda num dos pilares punha em perigo a segurança da ponte. Queria confirmação. A fenda nada mais era do que um risco de colher de pedreiro.

Em outubro, na Editora Laemmert, no Rio de Janeiro, Euclides encontrou erros no seu livro. Preocupado e perfeccionista, corrigiu, com paciência monacal, com canivete e tinta nanquim, 80 erros em cada um dos mil livros da 1ª edição. (Os biógrafos divergem: a tiragem da 1ª edição seria de mil ou dois mil exemplares?).

Em dezembro (ou fins de novembro), o livro Os Sertões vem à luz, com elogios dos críticos literários. A edição esgotou-se em dois meses. Sucesso. Foram lançadas novas edições: 1903, 1904 (Euclides fez correções num volume desta 3ª edição, com uma observação: "Livro que deve servir para a edição definitiva (4ª)." (Este volume foi encontrado só depois da sua morte e as correções, com duas mil emendas, foram feitas na 5ª edição), 1911, 1914, 1923, 1924, 1925, 1926, 1927 (com prefácio), 1929. Da 6ª edição (1923) à 11ª (1929), os livros foram impressos em Paris. Em 1929, o livro Os Sertões voltou a ser impresso no Brasil, pela Livraria Francisco Alves, até a 27ª edição, em 1968, com revisão cuidadosa de Fernando Nery, com títulos e subtítulos à margem. O livro caiu em domínio público, hoje publicado por muitas editoras, como a da Editora Cultrix - edição didática, cotejada pelo nosso preclaro Professor Hersílio Ângelo. Os Sertões correu mundo, traduzido em mais de uma dezena de línguas. Com ele, São José do Rio Pardo também se projetou, muito além das suas fronteiras.



1903

Em fevereiro, estava esgotada a 1ª edição. Em julho, foi lançada a 2ª.

Em 21 de setembro, Euclides foi eleito membro da Academia Brasileira de Letras e, em 20 de novembro, tomou posse no Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo.



1904





Em 15 de janeiro, o engenheiro-escritor foi nomeado engenheiro-fiscal das obras de saneamento de Santos. Pediu exoneração em 22 de abril. Em agosto, foi nomeado chefe da Comissão do Alto Purus, partindo dia 13, do Rio de Janeiro para o Amazonas, no vapor "Alagoas". Chegou a Manaus em 30 de dezembro.



1905

Em março, reuniram-se as comissões Brasil-Peru. Em 5 de abril partiram de Manaus para as nascentes do Rio Purus, chegando em 14 de agosto. Em outubro, a comissão regressou a Manaus, concluindo os trabalhos, em 16 de dezembro.



1906

De volta ao Rio de Janeiro, em fevereiro, Euclides entregou o relatório ao Ministério do Exterior, que só foi publicado em junho. Tornou-se adido ao Gabinete de Rio Branco.

Em 18 de dezembro, Euclides tomou posse na Academia Brasileira de Letras. Lançada em Portugal a 1ª edição de Contrastes e Confrontos (artigos publicados entre 1901-1904 nos jornais "O Estado de S. Paulo"e "O País").



1907

Publicação de Peru versus Bolívia (oito artigos escritos para o "Jornal do Comércio"). Em 2 de dezembro, proferiu a conferência "Castro Alves e seu tempo", no Centro Acadêmico XI de Agosto (Faculdade de Direito), de São Paulo.



1908

Trabalhos no Ministério do Exterior. Prefaciou os livros



Inferno Verde, de Alberto Rangel, e Poemas e Canções, de Vicente de Carvalho. Reviu seu livro À margem da História (estudos sobre a Amazônia), só publicado depois da sua morte, em setembro de 1909.



1909


Maio, dias 17 e 26. Euclides prestou o concurso de Lógica do Colégio Pedro II, prova escrita e oral, classificando-se em 2º lugar (o primeiro foi Farias Brito). Foi nomeado professor em 14 de julho. Ministrou sua primeira aula dia 21 e a última em 13 de agosto.

Dia 15 de agosto, manhã de domingo chuvoso, foi assassinado por Dilermando de Assis. O destino encenou e encerrou uma história de um trágico amor.



Euclides viajou para a Amazônia, em dezembro de 1904, a serviço do Ministério das Relações Exteriores, para demarcar os limites entre Brasil e o Peru, no Acre. Ficaria um ano fora. Anna Emília e o caçula Manoel mudaram-se para a Pensão Monat, de madame Monat, à Rua Senador Vergueiro, 14. Solon e Quidinho estavam em colégios internos. Em 1905, Anna Emília, com 30 anos, conheceu, na pensão, o belo rapaz loiro, olhos claros, alto, de 17 anos, Dilermando de Assis (foto), cadete da Escola Militar. Apaixonaram-se. A diferença de idades não foi empecilho para o nascer daquele trágico amor. Dilermando era, apenas, quatro anos mais velho do que seu amigo Solon, o primogênito do casal Cunha. Ainda em 1905, Anna, os filhos e o jovem amante mudaram-se para a casa da Rua Humaitá, 67.

Dia 1º de janeiro de 1906, Euclides desembarcou no Rio. Voltava para "as suas quatro e enormes saudades". Anna estava grávida. Dilermando transferiu-se para a Escola Militar do Rio Grande do Sul. Euclides não poderia ter mais dúvidas da traição da esposa. Foram muitas as cartas trocadas pelos amantes. As de Dilermando iniciavam-se, sempre, com frases de carinho e ternura: "Minha nunca esquecida e queridinha S’Anninha"; "Minha adorada e sempre idolatrada esposinha"; "Adorada e saudosa esposinha"; " Perene lembrança de meu coração"; "Minh’alma que tanto adoro"...

Euclides, tuberculoso, tinha crises de hemoptise.

Nasceu Mauro, em julho de 1906, registrado como filho do engenheiro-escritor. Viveu, apenas, sete dias.

No início de 1907, Dilermando voltou de férias ao Rio. Anna, novamente, engravidou. Em novembro, nasceu Luiz, que Euclides registrou, também, como seu filho, definido-o como uma "espiga de milho no meio de um cafezal", pelos cabelos claros e olhos azuis, que contrastavam com as características físicas de seus outros filhos.

Dilermando terminou o curso no Rio Grande do Sul, foi promovido a tenente, voltou ao Rio em 1908, indo morar com o irmão Dinorah, guarda-marinha, aluno da Escola Naval, atleta, jogador de futebol do Botafogo de Futebol e Regatas, no bairro de Piedade, subúrbio carioca.


As desavenças entre Anna e Euclides cresciam num relacionamento insustentável. Dia 14 de agosto de 1909, ela abandonou o lar, hospedando-se na casa de Dilermando.

Na manhã chuvosa do dia seguinte, 15, às 10 horas, mais ou menos, Euclides batia palmas no portão da casa 214, da Estrada Real de Santa Cruz, em Piedade, sendo recebido por Dinorah. Anna e os filhos Luiz e Solon esconderam-se na despensa. Euclides entrou. Dilermando ficou num quarto. Armado, Euclides atirou. Dinorah ficou ferido: a segunda bala se alojou na sua nuca. (O atleta, jogador de futebol, gradativamente, foi perdendo seus movimentos. Aleijado, morreu à míngua, como mendigo, suicidando-se no porto, em Porto Alegre). Dilermando recebeu tiros na virilha e no peito. Campeão de tiro ao alvo, tentou desarmar o marido traído e desequilibrá-lo, com tiros no pulso e na clavícula. Euclides dera seis tiros. A sétima bala ficou travada. Saindo da casa, o famoso homem que honrou o Brasil com seu livro e seu saber, foi atingido nas costas. Caiu. Levaram-no para dentro. Ao filho Solon, que estava naquela casa, talvez tentando convencer a mãe a voltar ao lar desfeito, o pai moribundo disse: "Perdôo-te". Ao desafeto, "Odeio-te". À mulher: "Honra... Perdôo-te".

Quando o médico chegou, Euclides da Cunha estava morto.

Dilermando foi absolvido em 5 de maio de 1911, casando-se com Anna sete dias depois, em 12 de maio. Abandonou-a em 1926, com cinco filhos. Ela estava com 50 anos, ele, com 36.

1916

Solon, seu filho mais velho, delegado no Acre, foi assassinado numa tocaia, na floresta, a seis de maio.

Quidinho (Euclides da Cunha Filho), aspirante da Marinha, encontrou-se com o assassino do seu pai no Cartório do 2º Ofício da 1ª Vara de Órfãos, no Rio de Janeiro. Puxou a arma e feriu Dilermando de Assis. Este o matou com três tiros, em 4 de julho de 1916.



1937

Foi editada a obra póstuma: Canudos (Diário de uma Expedição).

1975

Publicação de Caderneta de Campo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário