quinta-feira, 9 de julho de 2009

Verissimo anuncia novo livro


Cronista gaúcho esteve em BH ontem recebendo o Prêmio Governo de Minas Gerais de Literatura

Um dos mais importantes escritores brasileiros da atualidade, o gaúcho Luis Fernando Verissimo acaba de entregar para a editora Objetiva os originais de um novo livro: "Os Espiões". O cronista, que esteve ontem em Belo Horizonte para receber das mãos do vice-governador, Antonio Anastasia, o Prêmio Governo de Minas Gerais de Literatura - "Me senti honrado. Nem sabia que tinha obra", brincou, durante a cerimônia de premiação -, conta que o novo livro será o primeiro romance escrito por sua livre e espontânea vontade. E que deve chegar às livrarias até o final deste ano.

"Sou cronista e sempre escrevi romance por encomenda, com a editora me sugerindo um tema", conta Verissimo, que já publicou três livros do gênero: "Borges e os Orangotangos Eternos", "Gula - O Clube dos Anjos" e "O Jardim do Diabo". "Esse (‘Os Espiões’) foi o primeiro onde ‘a encomenda’ partiu de mim mesmo", brinca.

Sempre muito discreto, Verissimo, no entanto, desconversa sobre detalhes do novo livro. "É meio complicado explicar numa entrevista. Não chega a ser uma paródia de livro de espionagem. Mas é uma história de espionagem que, em vez de se passar no mundo da intriga internacional, se passa no interior do Rio Grande do Sul", conta.

Gênero menor
Um dos mais importantes nomes da crônica brasileira, Verissimo parece não se importar com a opinião de certa parte da crítica brasileira que sempre classificou a crônica como gênero menor.

"Acho a crônica um gênero importante. Principalmente no Brasil, que teve um destaque que em outros países não alcançou. Por alguma razão o brasileiro gosta de crônica", avalia o jornalista, que diz não conseguir entender muito bem o preconceito que o gênero desperta em alguns intelectuais brasileiros. "Esse preconceito é mesmo inexplicável. Alguns dos grandes escritores brasileiros nunca fizeram outra coisa além de crônica: Rubem Braga, Paulo Mendes Campos, Fernando Sabino, Antonio Maria. E todos eles foram ótimos escritores", analisa.

Modesto, Verissimo conta que quando começou a trabalhar em jornal não tinha ideia de que um dia iria se transformar em escritor. "Fui descobrindo que era cronista aos poucos".

Filho do escritor Érico Veríssimo, vira e mexe sua obra é comparada com a do pai. Durante a era FHC, por exemplo, o próprio presidente fez a comparação. Talvez cansado de ser criticado pela coluna semanal de Verissimo em vários jornais nacionais, o presidente tucano declarou que gostava mais da obra do pai do que a do filho. Luis Fernando, sem perder por um instante a fleuma, parece não se importar com a opinião do presidente intelectual. "O pai foi um romancista e um dos mais importantes romancistas da literatura brasileira",define. "Já a minha atividade foi sempre mais jornalística do que propriamente literária. Faço essa coisa intermediária: um meio termo entre literatura e jornalismo que é a crônica. Acho até natural que as pessoas comparem minha obra com a de meu pai. Mas essa é uma comparação que eu não faço", afirma.

Assim como não gosta dessa comparação que é feita de sua obra com o pai, o escritor não vê muito sentido em opinar sobre alguns trabalhos seus que foram adaptados para a televisão ou o teatro. "Sempre encaro como sendo o trabalho de uma outra pessoa: não faço comparação se é fiel ou não ao meu texto. Não faço julgamento", sentencia.

Verissimo, que gosta de brincar que sua maior vocação profissional sempre foi mesmo ser aposentado, faz por fim uma revelação: a vontade de parar de escrever. "Tenho a minha mesa de cabeceira cheia de livros que não li ainda. Nos próximos quatro ou cinco anos, se eu durar tanto tempo, eu quero parar de escrever", finaliza o autor de 72 anos.

Prêmio
Além de Verissimo, que nesta segunda edição do prêmio venceu na categoria Conjunto da Obra, foram também premiados o escritor mineiro Reni Andrade (Ficção) e o poeta cearense Eduardo Jorge de Oliveira (Poesia). Já na categoria Jovem Escritor Mineiro, a jovem universitária Maria Zilda Santos Freires foi a vencedora.

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