sábado, 25 de julho de 2009

Vestibular de Inverno UFPel: Chegou a hora!

Hoje começaram as provas deste que deve ser o último vestibular da UFPel e amanhã teremos a prova de Literatura e Língua Portuguesa. O que esperar desse vestibular, que, sabemos, após sucessivas mudanças (já tivemos provas discursivas, interdisciplinares, depois o retorno ao modelo tradicional, com questões objetivas e ainda uma gradual diminuição do número de questões) tem sido tão controvertido?

Conforme o edital, teremos 10 questões distribuídas entre Língua Portuguesa e Literatura Brasileira. Normalmente, na prática, são duas questões de Literatura e oito de Português. Aqui já surge um aspecto problemático: o programa exige dezenove textos como leituras obrigatórias (incluindo os 3 contos de Machado de Assis), mas a prova se constitui apenas de duas ou três questões. Como contemplar o programa com uma prova tão reduzida?

O último vestibular (verão/2009) deixou evidente a confusão em que se processa a elaboração do exame: para amenizar essa contradição entre o volume do programa e e o número de questões da prova de Literatura, tentou-se fazer uma questão envolvendo cinco leituras obrigatórias, uma em cada alternativa de múltipla escolha. O experimentalismo esbarrou, no entanto, na falta de planejamento. A questão foi anulada por não haver resposta correta, inviabilizando-se o gabarito.

LEIA AQUI A ANÁLISE DA ÚLTIMA PROVA DE LITERATURA

Nesse sentido, não parece haver direção certa para essa prova, que muda ao sabor dos ventos. Pior: é certo que a maior parte das leituras exigidas do candidato não estará colocada nas questões de Literatura.

Seguem aqui, portanto, algumas dicas baseadas na experiência que tenho com as provas recentes e, em alguma intuição, que nessas circunstâncias é sempre válida.

NAVIO NEGREIRO
Poema de Castro Alves (3ª Geração Romântica), caracterizado pela linguagem condoreira (repleta de hipérboles, apóstrofes, exclamações, interrogações e reticências), denuncia a prática do tráfico negreiro memo após sua proibição legal, com a lei Eusébio de Queirós (1850). Pela crítica social mesclada à linguagem emotiva, o poema pode ser entendido como parte de um movimento de transição entre o Romantismo e o Realismo.

TRISTE FIM DE POLICARPO QUARESMA
Romance de Lima Barreto, caracteriza bem o Pré-Modernismo ao utilizar-se de linguagem e temas populares, além de propor uma reflexão crítica sobre a brasilidade. Atenção para a divisão da obra em três partes: a fase cultural; a fase agrícola; e a fase política, sendo esta última relacionada ao episódio da Revolta da Armada, durante o governo do Mal. Floriano Peixoto.

OSWALD DE ANDRADE E MANUEL BANDEIRA
Representantes da Geração de 1922, a fase heróica do Modernismo, os dois poetas buscam romper com os padrões da poesia tradicional, caracterizando seus poemas pela liberdade formal (versos brancos e livres quase sempre), pela linguagem coloquial e pela abordagem de temas do cotidiano.

A ROSA DO POVO
Obra poética de Carlos Drummond de Andrade, está inserida na fase social do poeta (eu < MUNDO), marcada pela preocupação com o contexto da 2ª Guerra Mundial e da Era Vargas. O poeta adota uma postura ideológica identificada com o socialismo e trata do cotidiano, da opressão da mulher (o Caso do Vestido) e do trabalhador (a Morte do Leiteiro). A metapoesia (Procura da Poesia e Consideração do Poema) também aparece de forma destacada no livro.

A TERCEIRA MARGEM DO RIO
Conto de Guimarães Rosa, marcado pela temática da travessia: um homem decide romper com a realidade comum e se isola em um rio, dentro de uma canoa. O conto é narrado pelo filho desse sujeito, e o conflito se estabelece em torno de assumir ou não o lugar do pai. O filho não consegue fazê-lo e, ao contar a história revela-se culpado por não ter seguido o destino paterno.

NATAL NA BARCA
Lygia Fagundes Telles constrói uma narrativa intimista, centrada no universo interior da narradora (não nomeada ao longo do conto). Para ela, tudo era solidão, trevas, escuridão. É quando encontra uma mulher que trazia consigo uma criança nos braços. Essa mulher relata à narradora a doença do bebê, a morte de seu primeiro filho e o abandono do marido. Diante disso ainda se mostra serena, o que desperta uma certa irritação na Narradora. Nesse momento, a mulher revela que sua força vem da Fé. Isso desencadeia uma profunda mudança na Narradora, que chega a acreditar que a criança, que estava no colo da mulher, teria morrido e, em seguida, milagrosamente, ressucitado. O desfecho fica em aberto: houve de fato a ressurreição? Ou foi só um delírio da Narradora?

É isso! Boa prova a todos!

Ah! Hoje, às 18h haverá um chat ao vivo aqui no blog, para tirar as dúvidas e última hora.

Um abraço!

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