George Gordon Nöel Byron nasceu em Londres em 22 de janeiro de 1788. Em 1798 herdou o título nobiliárquico do tio-avô William, tornando-se o sexto Lord Byron. Aos 21 anos ingressou na Câmara dos Lords, partindo pouco depois em viagem pela Europa e o Oriente Médio.
A obra e a personalidade romântica de Byron tiveram, no início do século XIX, grande projeção no panorama literário europeu e exerceram enorme influência em seus contemporâneos, por representarem o melhor da sensibilidade da época, conferindo-lhe muito de sedução e elegância mundana.
Sua mãe, Catherine Gordon Byron vinha da família dos Gordons escocês, uma família tradicional e muito conhecida por sua ferocidade e violência. Seu pai, John Byron, era um bon-vivant. Havia, junto com a esposa, imigrado para a França para fugir das cobranças de credores. Porém, como ela não queria que seu rebento nascesse em solo francês, não hesitou em voltar à ilha da rainha. John ficou e encontrou abrigou na casa de sua irmã. Em 1791, ele encontrou a morte, aparentemente por suicídio.
Logo após o seu nascimento, sua mãe o levou para a Aberdeen, Escócia, onde uma deformidade em seu pé logo ficou evidente. Ganhou botas especiais e passou por inúmeros tratamentos mas logo deixou estas dolorosas experiências para trás. O pequeno George vivia mergulhado em leituras, com atenção especial para a história de Roma. Seu sonho mais comum era de ser um comandante de um regimento de soldados alucinados e heróicos, acima de tudo.
Mas sua infância não se resumia a isto. Ele era marcado pelo amor. Aos sete anos, Byron se apaixonou perdidamente por sua prima, Mary Duff. Aos nove, sua babá o introduziu aos prazeres da carne.
Aos 10 anos, ele se tornou oficialmente Lorde Byron. Assumiu o poder da casa de Newstead, mas como ela se encontrava em total ruínas, ele e sua mãe se mudaram para Nottingham. As finanças minguavam. Tudo o que remetia ao nome dos Byron era motivo de processos por dívidas. O pequeno Byron foi enviado para a academia do doutor Glennie em Dulwich e logo em seguida para Harrow, onde se tornou o alvo predileto para zombarias dos demais alunos. Durante um Natal, ele retornou para Newstead, que havia sido alugada por Lorde Ruthyn, que o iniciou no bissexualismo. Apaixonou-se perdidamente por Mary Ann Chaworth, uma vizinha. Ficou tão obcecado que se recusou a voltar. Ruthyn praticamente o obrigou a retornar a força.
Em sua adolescência, Byron foi tomando consciência de seu poder. Possuidor de carisma, beleza e poder de sedução, ele logo começou a aproveitar seus dons. Em uma visita a Lorde Grey, acabou se envolvendo sexualmente com seu hospedador. Mulheres e homens no local desejavam aquele adolescente rebelde. Em seu retorno à escola, Byron foi além. Envolveu-se com colegas, empregadas, professores, prostitutas e garotas que adoravam um título de nobreza.
Em 1805, Byron teve um grande choque. Mary Ann casou-se. Logo, ele se torna mais rebelde ainda. Arrumou um trabalho em Cambridge mas nunca trabalhava, já que esta era a moda para os descolados da época. Era o tédio, o spleen. Era a forma que o então românticos viviam a vida. E da qual Byron foi o mestre supremo. Escrevia versos e mais versos e gastava muito dinheiro. Não demorou e todo o seu dinheiro foi embora, o que o levou a recorrer à empréstimos de familiares. E ele tinha apenas 17 anos. Chegou, inclusive, a pedir ajuda para sua meia-irmã Augusta Byron Leigh.
Ao passar um temporada com a mãe, coisa que ele odiava, Byron foi encorajada a publicar seus poemas por uma vizinha. Em 1806, o livro Fugitive Pieces foi lançado. Ele enviou cópias para dois amigos. Um deles respondeu que o poema To Mary era muito chocante para ser lido pelo público. Byron acreditou e mandou queimar todas as cópias da obra. Em 1806, o livro foi republicado com o nome de Hours of Idleness, excluído o tal poema. Cópias e mais cópias foram vendidas mas a crítica se dividia. Byron respondeu a seus detratores com a sátira English Bards and Scotch Reviewers.
Em junho de 1809, Byron e seus amigos John Cam Hobhouse e William Fletcher resolveram fazer um giro pela Europa. Acabaram conhecendo Portugal, Espanha, Grécia, Albânia, Malta e Turquia. Durante a viagem, ele entrou em choque com o conservadorismo português e quase protagonizou um duelo contra um marido enfurecido. Byron também conheceu Ali, o paxá da Albânia, muito conhecido por ser um carniceiro. O poeta ficou impressionado com o governante. Foi justamente nesta época que começou a escrever uma de suas obras-primas, "Childe Harold's Pilgrimage". Seus amigos retornaram à Inglaterra, mas Byron ficou na Grécia, vivendo numa escola para garotos. Manteve um tórrido caso com Nicolo Giraud, um jovem grego que chegou a salvar sua vida quando pegou malária. Em gratidão, o poeta pagou toda a educação de Nicolo. Mais tarde, retornou para a Inglaterra. Mas ele já não se reconhecia ali. Sua mãe havia morrido, um de seus melhores amigos morrera afogado e o casamento de sua irmã estava falido. Nesta época, abandonou a poesia. Mas por insistência de um amigo, os primeiros dois cantos de Chile Harold foram publicados em fevereiro de 1812. Foi um sucesso brutal. Ele se tornou uma sensação. Mulheres se jogavam em seu colo.
Lady Caroline Lamb era a mais notória e determinada a conquistar Byron. Emocional e excêntrica, Caroline Lamb era da alta corte e casada. Ela chegou, inclusive, a lhe enviar seus pelos pubianos. Byron, para escapar das garras de Caroline, confessou sua preferência sexual por garotos. Então, ela apareceu em seu quarto, vestido de oficial do exército, na tentativa de conquistá-lo. Foi a gota d'água. Com medo de seu genro, a mãe da apaixonada dama convenceu Byron a romper o romance. Para se confortar, ele mergulhou nos braços de Lady Oxford. Em seguida, tentou conquistar Annabella Milbanke, prima de William Lamb. Annabella o recusou e ele entrou em depressão.
Em 1813, Augusta o visitou, fugindo de credores e problemas pessoais. Os dois acabaram por ter um caso. Em 1814, Byron investiu novamente em Annabella. Desta vez deu certo. Em 2 de janeiro de 1815, os dois se casaram. Annabella era uma leitora assídua da literatura gótica. Tentou bancar a heroína e converter Byron. Em dezembro do mesmo ano, ela deu a luz à Augusta Ada. Dois meses depois, Annabella não o agüentava mais e pediu o divórcio. Caroline aproveitou para se vingar. Espalhou boatos sobre a sodomia do poeta. A fofoca se espalhou. Annabella não se manifestou, já que a história a favorecia no divórcio e lhe dava um ar de mulher de moral. Com isto, a sociedade londrina fechou as portas para Byron.
Em abril, ele decide voltar ao continente. Seguido por Hobhouse e Fletcher, ele arrumou mais um companheiro: John Polidori. Em maio, o grupo se encontrou com Percy Bysshe Shelley e Mary Godwin (mais tarde, Shelley), que viviam uma vida de desejos e pecados, já que Percy era casado e Mary era sua amante. O casal estava acompanhado de Claire Clairmont, irmã adotiva de Mary, que guiou a excursão a fim de se encontrar com Byron, com quem já se correspondia. Byron resolveu passar um tempo em Diodati, na Suíça. Os novos amigos se juntaram a ele. Hobhouse e Fletcher decidiram ficar na Inglaterra
Byron, precisando muito de um amigo, se ligou a Shelley. Passam horas discutindo filosofias e poesias. Navegavam pelo lago e visitavam os cenários da Nova Heloísa, de Rousseau. Chegaram, inclusive, a trocar rosas e carícias... Após visitar o Chateau de Chillon, Byron se inspirou a escrever um de seus mais belos poemas: The Prisoner of Chillon. Numa noite chuvosa em Diodati, o grupo decidiu compor histórias macabras. Nasceu ali Frankenstein de Mary Shelley e O Vampiro, de Polidori.
Com tudo indo bem, Byron se viu num novo dilema. Mantinha Claire ocupada, copiando suas poesias até que ela lhe revelou estar grávida. Byron concordou em cuidar da crianças mas se recusou a continuar o caso com ela. Mudou-se para Veneza, onde, mais uma vez, apaixonou-se. Ali, terminou Childe Harold, escreveu Manfred, The Lament of Tasso, Mazeppa, Beppo e começou Don Juan. Sua vida sexual era frenética e lendária. Manteve várias amantes. Seu gondoleiro lhe trazia prostitutas todas as noites. Byron, inclusive, alugou um pequeno apartamento para se encontrar com estrelas da ópera e condessas.
Claire levou sua filha Allegra para a Itália. Byron ficou extasiado mas se recusou a encontrar com a mãe. Permitiu apenas que Shelley o visitasse. Foi o fim da ligação entre Byron e Claire. Em 1819, ele assumiu Teresa, a condessa Guicioli, como amante. Foi um escândalo. Não somente porque ela era casada mas também porque ele, Teresa e o marido dela viviam na mesma casa. No ano seguinte, envolveu-se com a política, juntando-se a combatentes pela independência italiana. Mas, aos poucos, sua vida iria mudar.
Em 1822, Shelley morreu afogado. Allegra, sua filha, morreu de febre. Byron ficou devastado. No ano seguinte, se juntou à causa grega pela independência da Turquia. Viajou até a Grécia mesmo convencido de que iria encontrar a morte. Encontrou abrigo com as tropas do príncipe Mavrocordato e financiou um navio de guerra. Em fevereiro de 1824, teve um ataque epilético. Dois meses depois, após enfrentar uma tempestade enquanto cavalgava, pegou um resfriado do qual nunca se recuperou. Em 19 de abril do mesmo ano, na cidade de Missolonghi, um domingo de Páscoa chuvoso, aos 36 anos de idade, sua voz se calou após sofrer de delírios por dias a fio. O mundo perdia um dos mais empolgantes escritores de todos os tempos.
Com sua morte, ele não pode ler as cartas que chegaram da Inglaterra, que comunicavam que a Inglaterra havia formalmente o perdoado por suas indiscrições. Também se livrou da tormenta que se abateu sobre o jovem grego Lukas, que havia se tornado objeto de afeto de Byron. Na época, o poeta até se mortificou com uma dieta de água e biscoitos, que era uma prescrição medieval para curar a luxúria homossexual. Infelizmente, um homem fraco não poderia agüentar a pressão de uma guerra. Seu ataque epilético, muito provavelmente, foi causado por anorexia nervosa, mas seu médico diagnosticou como sendo uma doença cerebral causada por sua vida sexual conturbada. Pior, o incompetente médico não percebeu os sintomas de malária em Byron e preferiu fazer uma sangria no poeta. "Meus médicos me mataram", foi uma de suas últimas frases para seu criado. Após sua morte, foi feito uma autopsia. Os médicos encontraram lesões no cérebro, o que, para eles, comprovava que a morte foi causada por sua promiscuidade sexual.
Adorado na Grécia, ele foi embalsamado e seu coração foi retirado e enterrado em solo grego. Os restos mortais foram transportados para Inglaterra, mesmo contrário aos seus desejos. Ao chegar em Londres, a Abadia de Westminster se recusou a receber o funeral, alegando que ele era um pecador irreparável. Mesmo assim, o cortejo fúnebre foi assistido por milhares de pessoas. Byron foi enterrado na igreja Hucknall Torkard, próxima da Abadia de Newstead, ao lado de sua mãe e demais gerações de sua família. E conta uma lenda que Susan Vaughn, uma criada galesa que havia recusado as investidas de Byron, deixou sobre o seu túmulo os últimos tomos de Don Juan, publicados um mês antes de sua morte e que durante muito tempo, o exemplar ficou em bom estado, como se alguém cuidasse dele eternamente. Curiosamente, 145 anos após sua morte, em 1969, a Abadia de Westminster construiu um memorial em homenagem ao mais libertino dos poetas ingleses.
(Fonte: Passeiweb)
domingo, 5 de julho de 2009
Biografias: Lord Byron
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