quarta-feira, 1 de julho de 2009

As mesas literárias da Flip 2009


QUARTA, dia 1

19h - Conferência de abertura - Davi Arrigucci Jr.
Poucos estudiosos da literatura no Brasil escreveram sobre Manuel Bandeira com o brilho de Davi Arrigucci Jr. Capaz de aliar a leitura cerrada dos versos do poeta aos movimentos mais amplos do modernismo no país, Arrigucci Jr. é autor de ensaios incontornáveis sobre Bandeira, tais como Humildade, paixão e morte ou A beleza humilde e áspera. É o procedimento de leitura desses textos clássicos que serve de base para a conferência de abertura que o crítico e escritor faz em Paraty.

21h30 - Show de Adriana Calcanhoto
Abertura Rômulo Fróes e Banda

QUINTA, dia 2

10h - Mesa 1 - Novos traços
Rafael Coutinho, Fábio Moon, Gabriel Bá e Rafael Grampá
Raras vezes a produção de quadrinhos foi tão intensa no Brasil. Na trilha aberta por pioneiros como Larte e Angeli, esses jovens artistas têm flertado com a literatura e levado os quadrinhos brasileiros a um novo patamar de complexidade - alguns já venceram os prêmios mais prestigiosos da categoria, tanto no Brasil como no exterior. A primeira mesa da FLIP pretende ser um retrato desse ótimo momento e apresentar para o grande público os nomes-chave dessa geração.
Mediação: Joca Reiners Terron

11h45 - Mesa 2 - Separações
Rodrigo Lacerda e Domingos de Oliveira
Outra vida, livro mais recente do escritor carioca Rodrigo Lacerda, examina a fundo um relacionamento amoroso em crise. Nesta mesa em Paraty, Rodrigo conversa com um dos artistas que exploraram com mais interesse o assunto no Brasil: o dramaturgo e cineasta Domingos de Oliveira, diretor de Todas as mulheres do mundo e Separações, entre outros filmes.
Mediação: Paulo Roberto Pires

15h - Mesa 3 - Verdades inventadas
Tatiana Salem Levy, Arnaldo Bloch e Sérgio Rodrigues
Em Elza, a garota, de Sérgio Rodrigues, a história da jovem morta pelo partido comunista serve de guia para um experimento ficcional ousado e bem urdido. Em Os irmãos Karamabloch, Arnaldo Bloch vale-se da história de sua família, fundadora da Rede Manchete, para compor um livro em que convivem traços de biografia, romance e memorialismo. Os três elementos também se fazem presentes em A chave de casa, premiado livro de estreia da carioca Tatiana Salem Levy.
Mediação: Beatriz Resende

17h - Mesa 4 - China no divã
Ma Jian e Xinran
Ma Jian, em Pequim em coma, remexeu em uma ferida delicada da história recente da China: o massacre da Praça da Paz Celestial, que completa vinte anos em 2009. Já a jornalista Xinran foi buscar cicatrizes mais antigas: seu livro mais recente, Testemunhas da China, traz relatos de sobreviventes da revolução cultural liderada por Mao Tse-tung, que matou em torno de um milhão de pessoas entre 1966 e 1976. Num caso como noutro, estão expostos os pontos cegos da nação que deve liderar a economia do século XXI.
Mediação: Angel Gurría- Quintana

19h - Mesa 5 - Deus, um delírio
Richard Dawkins
Nem precisaria ser no ano em que se completam duzentos anos do nascimento de Charles Darwin e 150 da publicação de seu livro mais importante, A origem das espécies. Mas a efeméride acrescenta um toque a mais à presença em Paraty de um dos darwinistas mais influentes em atividade no mundo, autor de O gene egoísta e Deus, um delírio.

SEXTA, dia 3

10h - Mesa 6 - Evocação de um poeta
Heitor Ferraz, Eucanaã Ferraz e Angélica Freitas
O maior indício da perenidade de um autor é sua influência sobre as gerações seguintes. Nesse quesito, poucos podem rivalizar com Manuel Bandeira, referência inescapável desde as primeiras manifestações do modernismo no Brasil. Nesta mesa, três nomes de destaque da nova poesia brasileira discutem a atualidade do poeta.
Mediação: Paulo Henriques Brito

11h45 - Mesa 7 - O avesso do realismo
Atiq Rahimi e Bernardo Carvalho
No trabalho de Bernardo Carvalho e de Atiq Rahimi invenção e experimentalismo falam mais alto do que as aspirações à prosa realista. Ambos não abrem mão da imaginação e do artifício como pilares da literatura - e levam ao limite a exploração das possibilidades abertas pela criação literária. Esse é apenas um entre os diversos pontos de partida para o debate entre os dois em Paraty.
Mediação: Beatriz Resende

15h - Mesa 8 - Sentidos da transgressão
Edna O'Brien em conversa com Liz Calder
No início dos anos 1960, a irlandesa Edna O'brien teve exemplares de seu livro Country girls queimados pela comunidade religiosa local, incapaz de aceitar que a vida sexual das personagens fosse descrita com tanta crueza. Desde então, compôs uma obra densa e multifacetada, marcada pelo confronto com o conservadorismo da Igreja Católica, pela luta em favor da autonomia feminina no meio artístico e pela análise da obra de um de seus mentores literários, James Joyce.

17h - Mesa 9 - O eu profundo e outros eus
Mario Bellatin e Cristovão Tezza
Professor de uma escola de escritores no México, Mario Bellatin admite tudo - menos que o candidato a ficcionista inspire-se na própria vida para criar sua história. Um dos mais premiados autores brasileiros dos últimos anos, Cristovão Tezza fez exatamente isso em O filho eterno, e ninguém ousará dizer que não foi bem-sucedido. Qual, enfim, o papel da experiência pessoal na literatura? Eis o mote para a discussão entre os dois autores.
Mediação: Joca Reiners Terron

19h - Mesa 10 - Sequências brasileiras
Chico Buarque e Milton Hatoum
Em Leite derramado, Chico Buarque criou um narrador que personifica a desfaçatez da classe dominante brasileira. Em suas reminiscências delirantes, ecoam lembranças de família e uma visão ácida sobre a formação do país. Na obra de Milton Hatoum, reminiscência e memória familiar são igualmente uma pedra angular - mas que enquadram o país sob as lentes da presença árabe na Amazônia. O Brasil na visão desses dois grandes prosadores é o tema da mesa que eles compartilham em Paraty.
Mediação: Samuel Titan Jr.

SÁBADO, dia 4

10h - Mesa 11 - O dissonante século XX
Alex Ross em conversa com Arthur Dapieve
Crítico de música erudita da revista New Yorker, Alex Ross fala sobre O resto é ruído (2007), recém-lançado no Brasil. O livro foi um dos maiores acontecimentos da crítica musical dos últimos anos nos Estados Unidos. Com raro fôlego, tino literário e consciência histórica apurada, Ross mescla a análise formal das obras dos principais compositores eruditos do século XX aos momentos políticos decisivos do período.

11h45 - Mesa 12 - Entre quatro paredes
Sophie Calle e Grégoire Bouillier
Em Prenez soin de vous, exposição que representou a França na Bienal de Veneza de 2007 e que acontece em São Paulo em julho, Sophie Calle exibe a reação de 107 mulheres à carta de rompimento recebida de um ex-namorado. O escritor francês Grégoire Bouillier, autor de L'invité mystére, é o ex-namorado em questão. Pela primeira vez eles aparecem em público para discutir o episódio e embaçar ainda mais as fronteiras entre vida privada e vida pública, entre vivência pessoal e ficção.
Mediação: Angel Gurría-Quintana

15h - Mesa 13 - Segredos de família
Anne Enright e James Salter
Não é por acaso que a irlandesa Anne Enright e o americano Tobias Wolff já dividiram mesas em festivais pelo mundo afora: são muitas as afinidades entre as obras deles. Além da maestria no formato da narrativa curta, ambos têm na família fraturada um universo temático recorrente, de que é exemplo o irmão suicida em O encontro, de Enright, ou o padrasto violento no autobiográfico O despertar de um homem, de Wolff.
Mediação: Liz Calder

17h - Mesa 14 - Fama e anonimato
Gay Talese em conversa com Mario Sergio Conti
Gay Talese é um dos inventores do jornalismo contemporâneo - e ao mesmo tempo a encarnação dos dilemas da profissão. O autor responde por alguns dos textos mais precisos e bem costurados já feitos por um repórter, caso de "Frank Sinatra está resfriado", de 1966. Em tempos de crise do jornalismo impresso, Talese representa um modelo de jornalista tão necessário quanto inatingível. Essa tensão entre o jornalismo de excelência que ele ajudou a criar e o jornalismo possível no século XXI é o centro de sua conversa com o jornalista brasileiro Mario Sergio Conti.

19h - Mesa 15 - Escrever é preciso
António Lobo Antunes em conversa com Humberto Werneck
O português António Lobo Antunes é autor de mais de vinte romances, que em conjunto o situam entre os maiores estilistas da língua. Apesar do idioma comum a Portugal e Brasil, o autor não vem ao país desde 1983 e já declarou que não incluía o Brasil entre suas prioridades - preferia deixá-lo para o antípoda José Saramago. Este evento em Paraty vem corrigir a lacuna. Polemista contumaz e avesso a aparições públicas, Lobo Antunes conversa sobre essa e outras dimensões de sua trajetória.

DOMINGO, dia 5

11h30 - Mesa 16 - As Sem-Razões do Amor
Catherine Millet em conversa com Maria Rita Kehl
Em 2001, a crítica de arte francesa Catherine Millet fez de sua vida sexual movimentada o tema de um livro - e sacudiu as hostes conservadoras na Europa e nos Estados Unidos. Em 2008, publicou um livro que é o reverso do primeiro: um relato de como foi dominada pelo ciúme ao saber das aventuras sexuais do marido. Nessa mesa em Paraty, ela discute sua trajetória literária incomum com a psicanalista Maria Rita Kehl.

14h30 - Mesa 17 - O Futuro da América
Simon Schama em conversa com Lilia Moritz Schwarcz
O futuro da América, livro mais recente do historiador inglês Simon Schama, revê a história dos Estados Unidos a partir dos temas da guerra, da religião, da imigração e da fartura. Os protagonistas são personagens comuns que atravessam momentos-chave da história do país - atores da "história narrativa" de que Schama é um dos mais notórios praticantes no mundo. Sobre esse trabalho, Schama conversa com a historiadora e antropóloga brasileira Lilia Schwarcz - um dos nomes fortes dessa corrente historiográfica no Brasil.

16h15 - Mesa 18 - Antologia pessoal
Edson Nery da Fonseca e Zuenir Ventura
A memória afetiva é o mote desta mesa que encerra a homenagem a Manuel Bandeira. Amigo e correspondente do poeta, o professor Edson Nery da Fonseca relembra os anos de convivência no Rio e em Pernambuco. Ex-aluno de Bandeira, Zuenir remonta aos tempos de aprendizado com o mestre. Na mediação, o jornalista Humberto Werneck, biógrafo de Jaime Ovalle e bandeiriano de primeira linha.
Mediação: Humberto Werneck

18h - Mesa 19 - Livro de cabeceira
Convidados da FLIP leem trechos de seus livros prediletos.

Fonte: jornal O Globo

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